David, sê bem-vindo a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como é que te iniciaste na escrita?

R: Muito obrigado, Letícia, o gosto é todo meu! Desde os meus catorze anos de idade que escrevia poesia, mas, só mergulhei realmente neste mundo quando, há quatro anos atrás, me veio a ideia de escrever um livro chamado A Serpente em Ascensão, que fala acerca de um jovem que se vê obrigado a despertar os seus chacras, que lhe dão uma série de poderes, de forma a destruir uma energia maligna que ameaça o planeta. Apesar de, hoje em dia, raramente criar a estrutura de um enredo antes de o começar a escrever, nas minhas primeiras obras tinha o costume de planear bem as histórias, de forma que, quando iniciasse a escrita, tivesse a certeza que a conseguiria terminar. Foi o que fiz nessa primeira obra. Depois de tudo estruturado, lancei-me à escrita e terminei a obra em duas semanas. Deu-me um enorme gozo, fiquei viciado, e nunca mais consegui parar. No início apenas me focava em temas de cariz espiritual ou filosófico, que eram mascarados em histórias leves e divertidas. Mas depois comecei-me a focar em trazer coisas novas que deixassem o leitor de boca aberta, tentando sempre meter aqui e ali ideias espirituais, ou de relevo, que dão luz ao conteúdo. É verdade que quero cada vez mais deixar o leitor boquiaberto com enredos out of the box, mas, se não inserisse nenhuma sabedoria nessas histórias, não iriam passar de momentos divertido ou entusiasmantes, no entanto, estéreis. 

São inúmeros os sentimentos que nascem no âmago do escritor. Quais aqueles com que mais te identificas?

R: Os sentimentos com que eu mais me identifico são os sentimentos que eu quero que o meu leitor sinta. Os meus preferidos são: a onda quente e, ao mesmo tempo, refrescante que nasce no nosso coração e se espalha por todo o seu corpo, proveniente do momento em que constatamos uma sabedoria profunda; da sensação luminosa de admiração e curiosidade que parece que abre um espaço, quase sem limites, por descobrir algures no nosso ser, quando nos deparamos com algo completamente novo e esperamos que esse algo nos seja mostrado em todas as suas parte; e o abismo que se abre na nossa alma quando algo totalmente inesperado se nos é revelado.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa? 

R: Mudou a minha direcção. Antes de começar a escrever tinha variadíssimas ideias de negócio. O tempo que eu me focava na escrita era o tempo que eu me focava nessas ideias. Eu tinha a ideia, desenvolvia-a e depois fazia o plano de negócios, no entanto, logo a seguir vinha outra ideia e o ciclo repetia-se. Quando comecei a escrever, a minha imaginação pôde continuar a fazer o que sempre fez, imaginar compulsivamente, mas, desta vez, as suas imaginações, aliadas ao movimento dos meus dedos a bater nas teclas do computador, eram capaz de criar algo real, concluído, devidamente manifestado… obras literárias.

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso?

R: Quando alguma coisa se torna uma paixão, torna-se também absoluta e automaticamente necessária.

Formaste-te na vertente do Turismo, ingressaste ainda no curso de Criação e Gestão de Negócio através da CEAC. Esta área teve alguma influência na tua escrita?

R:Não, não teve qualquer influência.

Num período de quatro anos escreveste vinte obras, como concilias a escrita com a tua vida profissional? 

R: Não é fácil, principalmente tendo duas filhas pequenas. Mas tudo se faz. Normalmente escrevo à noite.

Em 2016 publicaste Azaris – Sem Deuses nem Reis e, em 2019, Quem É Drin?, podes falar-nos um pouco sobre estas experiências? 

R:O Azaris é uma história repleta da batalhas, onde o personagem principal, um mísero humano, defronta monstros, criaturas míticas, reis e deuses para trazer a verdade ao planeta que se chama Azaris. Neste universo as almas são vistas de forma diferente, elas são como que uma barreira que impede o espírito do indivíduo de tocar no seu corpo. Por causa da alma os indivíduos não se lembram que são espíritos puros, iguais a quaisquer outros espíritos, iludidos que são os corpos que vestem, são controlados pelos seus próprios egos, tornam-se egoístas, gananciosos e, até, maldosos. Em Azaris há dois deuses, um do Bem e outro do Mal, que recebem as almas dos seres quando estes morrem e, enganando-os com a desculpa que esses seres ainda têm missões a fazer no mundo, fazem-nos reencarnar em corpos físicos novamente, reciclando as almas que ficariam prezas em Azaris para sempre, se Will, o personagem principal, nascido sem alma, não tivesse uma palavra a dar. Escrever esta história foi muito gratificante para mim, foi a minha segunda obra, o que mais gozo me deu, para além de inventar as almas e os falsos deuses, foi a quantidade de poder que o personagem principal vai ganhando no decorrer do enredo.

O Quem é Drin é uma história totalmente diferente, não tem uma única luta, mas, a meu ver, transcende o Azaris pois atira-nos para um mundo completamente novo, o Mundo dos Conceitos. É lá que o personagem principal acorda. Ele não conhece esse mundo e, pior, não se lembra da sua identidade. Ele descobre que o Mundo dos Conceitos é povoado por conceitos com vida, pensamentos e emoções. É o Mundo dos Conceitos que cria o Mundo das Formas, o nosso universo físico. A história conta-nos a viagem desse rapaz que segue em busca da Verdade com o intuito de lhe perguntar quem ele é. Como, por conveniência, se tinha que arranjar um nome para o jovem, e como todos os nomes conhecidos são seres viventes naquele mundo, tiveram que inventar um nome que não existia, Drin, que quer dizer “Aquele que procura por si próprio”.


Este ano apostaste na edição de Constatação – 9 Mistérios e 1 Voz. O que é os leitores podem encontrar nesta nova obra?

R: O leitores vão encontrar nove personagens e uma voz perversa. Todos eles têm uma coisa em comum, um grande mistério. Um mistério onde o leitor vai estar inserido, no entanto, completamente alheio da sua existência. Desafio o leitor a tentar descobrir que mistério é este, apesar de estar convicto que só no momento da constatação é que o vai descobrir. Para além do grande mistério, a trama é tecida por acontecimentos insólitos recheados de humor negro e, claro, um toquezinho, aqui e ali, quase que subliminar, de espiritualidade.

O que te inspirou a escrevê-la?

R: A ideia simplesmente surgiu na minha cabeça, não a ideia da trama em si, mas do tal mistério. Quanto à trama, fui inventando à medida que ia escrevendo. Já o li mais de dez vezes e sempre que o releio continua fresco, intrigante e divertido. 

Como têm reagido os leitores face ao teu trabalho?

R: Bastante bem, gostam principalmente da originalidade das histórias e do conhecimento espiritual contido nelas.  Mas ainda só publiquei três obras, tenho muita para mostrar e estou mortinho por saber a reacção dos leitores. 

Adaptas-te com facilidade aos diversos géneros literários ou requer muita pesquisa e esforço?

R: Não, pelo menos, até ao momento, nunca tive problemas, sempre fluiu. Quanto às pesquisas, como normalmente sou eu que invento tudo, ou falo do que já sei, não há necessidade de grandes pesquisas, é claro que Google dá sempre uma mãozinha de vez em quando.

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?

R: Vou fazer uma pequena batota, escolheria um volume de cinco livros do Fernando Pessoa que contém dissertações filosóficas sociais e metafísicas. É uma obra de outro mundo. Amo!

Se tivesses de escrever num género diferente, a qual desafio te proporias?

R: Anteontem, dia 16 de Setembro, terminei uma obra de um género diferente dos que tenho escrito, um policial muito negro. Este aqui já me obrigou a estruturar a obra do princípio ao fim antes de me lançar à escrita, pois obriga a um encadeamento lógico muito mais preciso a comparar com as outras histórias que criei. Mas estou muito orgulhoso deste trabalho. Tenho uma ideia para um romance, ou seja, uma história romântica, apesar de não ser, de todo, a minha praia, a ideia base dessa história está muito interessante, para mim, claro, e julgo que o leitor ficaria surpreendido quando descobrisse o mistério central, talvez algum dia me lance a escrevê-lo, será, com certeza, o meu maior desafio. Mas, quem sabe, talvez até venha a gostar.

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro?

R: Que continue a escrever obras diferentes e, se deus quiser, que aumente o ritmo de lançamentos. 

Descreve-te numa palavra: Drin.

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