Filipe, sê bem-vindo a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como é que te iniciaste na escrita?
Pode-se dizer que iniciei quase por acaso. Criei uma página no Facebook, fui deixando pequenos pensamentos, estados de alma que ia vivendo. Rapidamente as pessoas descobriram a página e foram se identificando com tudo o que eu ia lá escrevendo. Pelo caminho encontrei a Rosa. A Rosa incentivou-me a passar tudo para o papel e editar um livro. E assim foi. Quando dei por mim estava na apresentação do livro “O amor vence sempre “. E agora não tenciono parar de escrever.
 
São inúmeros os sentimentos que nascem no âmago do escritor. Quais aqueles com que mais te identificas?
São vários. Mas a dor está bem patente no meu caminho. A dor da transformação. Aquela que se sente na mudança. Aquela dor que nos traz o medo de caminhar. A que nos deixa preso ao passado e não nos deixa voar. 
Outro sentimento é o amor. Sem dúvida o maior sentimento que a humanidade possui. Só o amor pode vencer, é nisso que eu acredito. E o amor começa no amor próprio, quando nos amamos na solidão, nos dias que a única companhia é a nossa. Tudo se transforma em amor. 

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
Posso dizer que a escrita foi a minha tábua de salvação. Foi quando comecei a escrever para mim e depois para os outros, que comecei a ver um mundo diferente, um mundo melhor. Atravessei 13 anos agarrado ao álcool, e tudo o que eu fui escrevendo no passado, foi para nunca me esquecer de onde eu vinha. Que queria ser mais e melhor do que tinha sido até agora. Um homem melhor, para mim e para todos os que me rodeiam. 

E enquanto escritor, o que tens aprendido?
Tenho aprendido o quanto é difícil ser escritor em Portugal. Não fazia ideia das máquinas que existem por trás. Também não tinha noção de que em Portugal se lê muito pouco. Que tanto nas cultura ou noutra coisa qualquer, damos sempre mais valor ao que vem de fora do país. E aprendi a não desistir à primeira. 

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso?
A escrita para mim é uma paixão. Escrevo porque sinto a necessidade de me exprimir. E a escrita dá-me essa possibilidade. Também escrevo tentando passar mensagens de amor, superação e perdão. 

Assumes-te com um espírito sonhador. Que influência este espírito, tão marcado por sonhos e sentimentos, exerce sobre a tua escrita?
Sou sonhador, se não o fosse não iria a caminho do terceiro livro. Sinto que sonhar me enche a alma. Faz-me afastar de dias iguais. Então vou sonhando e vivendo esses sonhos até serem possíveis de serem reais. O sonho comanda a vida, e tantas vezes sou conduzido pelos meus sonhos. Muitos sentimentos expressos na minha escrita são meus. Sonhos que partilho com as pessoas, os leitores. Apenas mudo o nome das personagens. 

Iniciaste-te na publicação em março de 2019 com o livro “O amor vence sempre”. O que te inspirou a escrevê-lo?
Lá está. O que me inspirou a escrever foi o sonho. O sonho de ver o meu nome eternizado num livro. Sentir o perfume das minhas palavras nas folhas de um livro. 
O “O amor vence sempre “ é um livro de pensamentos, esses que me acompanharam a minha transformação, a minha saída do álcool. E são pensamentos que servem para o dia a dia. A maior parte dos leitores dizem que o livro está sempre à mão, pois quando se sentem mais tristes, ou à espera de uma resposta, abrem o livro e lêem a mensagem. 


Em fevereiro transato trouxeste à vida um romance, “O comboio das nove”, publicado sob a chancela da Emporium Editora. Podes falar-nos um pouco sobre este livro?
É um romance baseado em fatos verídicos, na minha história. 
Quando deixei o álcool é já caminhava sóbrio, fui ao encontro da mulher que eu amava e amo. Fui esperar por ela, a minha Lua, à estação de comboios de Ermesinde. Foi um reencontro mágico. Algo de grande aconteceu naquele momento. As nossas almas sempre se amaram. Mas o caminho tinha sido diferente, e eu a tinha perdido há mais de um ano. 
Passei para o papel esse momento. Tudo o que tinha acontecido naquele dia é nos dias a seguir. E um dia olhei para as folhas onde tinha escrito esse reencontro, e achei que poderia escrever uma história bonita. E assim foi. “O Comboio das nove “ será uma trilogia, e a segunda parte está prevista para 2021.

Como está a correr esta experiência?
Mediante a situação mundial que estamos a viver, não me posso queixar. O livro já vai para a segunda edição e agora a meta é a terceira edição. Tenho tido um bom feedback por parte dos leitores, e estão ansiosos pelo segundo livro do romance. 

Como têm reagido os leitores face ao teu trabalho?
Tenho os melhores leitores do mundo. Partilham imagens dos meus livros, comentam as fotos e sobretudo aparecem nos eventos onde eu estou. Na sessão de lançamento do livro “O Comboio das nove “ contou com quase 200 pessoas. Foi algo de extraordinário. Nesse dia recebi tanto amor por parte de todos, e penso que eles nem imaginam o quanto. 

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?
Diário de Anne Frank. Sem dúvida. O primeiro livro que me marcou. Onde senti todos os sentimentos de cada personagem. O primeiro livro que me senti dentro da história. 

Se tivesses de escrever num género diferente, a qual desafio te proporias?
Erótico. Tenho um sonho escondido de um dia escrever um livro erótico. Mas primeiro gostava de escrever um livro infantil ou juvenil com a ajuda dos meus filhos. 

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro?
É já no dia 5 de Dezembro que irá ser apresentado o meu novo livro no fórum cultural de Ermesinde. E o que eles podem contar, e quase todos sabem, é que enquanto eu me divertir e sentir paixão pela escrita, não vou parar. Sou um sonhador, e em todos os sonhos tenho que ter a paixão bem vincada. 

Descreve-te numa palavra:
Aprendiz.