Antero Ribeiro, nasceu e viveu em Portugal até aos 24 anos, residindo desde então em Moçambique onde trabalha no ensino de Educação Física e Desporto, sua área de formação superior. Ao gosto pelo ensino e atividades desportivas, associa ainda a aventura contínua de viajar pelo mundo e o prazer da leitura. Após a publicação de “Fragmentos de Alma”, “Périplo” e “Encruzilhados” Antero retorna à arte das palavras com “Entrelaçados”, um romance surpreendente.
Olá Antero, é
um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço,
para começar: Como que é que te iniciaste na escrita? Quero antes de mais
agradecer a oportunidade de me apresentar aos leitores e enaltecer o trabalho
realizado pela Letícia na divulgação de obras e autores que ainda procuram um
lugar de destaque no circuito comercial. Respondendo à questão, iniciei-me na
escrita com cerca de 15 anos, nomeadamente na poesia, género no qual publiquei
pela primeira vez em 2012, com 25 anos.
Qual o
sentimento que te domina quando escreves? Apesar de escrever
tanto poesia como prosa, é comum em ambos os géneros o sentimento de catarse e
a pacificação que dai advém.
O que é que a
escrita mudou em ti, enquanto pessoa? Mudou antes de mais a
forma como leio... quando comecei a escrever, passei a prestar atenção a
pormenores que antes não me eram relevantes, passei a analisar as obras na
perspectiva de escritor e não apenas a perder-me na história. Como individuo, a
escrita despertou-me para uma maior sensibilidade e curiosidade com aqueles e
aquilo que me rodeia.
E enquanto
escritora, o que tens aprendido? A persistir na adversidade,
a ser metódico e sobretudo... a ouvir e a observar.
Tens algum
ritual de escrita? Não lhe chamaria um
ritual... por hábito gosto de escrever sozinho, em casa, apenas com música como
som de fundo.
Como definirias
esta arte na tua vida? A escrita é uma parte
relevante da minha existência, à qual dedico bastante energia e dedicação.
A escrita é
para ti, uma necessidade ou um passatempo? Nem uma nem outra...
é um prazer, do qual poderia, mas não quero abdicar.
Começaste por
publicar dois títulos de poesia. Sentes que há ainda algum preconceito perante
os escritores deste género? Não creio que haja
preconceito com os escritores de poesia... ou não fosse Portugal um país de
poetas... considero que é um género
muito particular, através do qual é difícil chegar a um número significativo
de leitores. A poesia prende-se de uma
forma visceral com as emoções e sentimentos
do autor e do leitor, não se pega num livro de poesia e lê-se de fio a
pavio... visita-se e revisita-se.
Seguiu-se,
“Encruzilhados”, romance publicado em 2017, e agora, “Entrelaçados” o teu mais
novo. Podes falar-nos um pouco sobre estes dois títulos? Encruzilhados é uma
obra sobre a realidade Moçambicana e Portuguesa em 2017, um romance leve mas
rico, que restabelece a ponte emocional entre os dois países irmãos. Aconselho
a sua leitura a todos os que tiveram a oportunidade de conhecer a pérola do
Indico, mas também a todos aqueles a quem
África preenche o imaginário.
Entrelaçados segue a
mesma forma, o mesmo estilo de Encruzlilhados, mas é uma obra mais complexa e
mais madura, com a ação a decorrer novamente entre Moçambique e Portugal, tendo
o seu inicio na década de 70.
Em cada uma destas
duas obras, procurei retratar fielmente lugares, emoções e curiosidades de
ambos os países, sustentando o enredo
que cativa o leitor a ler capitulo após capitulo, em personagens que plasmam as
dúvidas e as certezas, as vitórias e derrotas, os amores e desamores que cada
um de nós vivência ao longo da vida.
Quais os
trabalhos que já realizaste no âmbito da escrita, para além destas obras? Uma e outra crónica
no âmbito da minha formação superior, a docência e o desporto.
A tua escrita é
ficcional ou tem conotação pessoal? Creio que toda a
escrita tem conotação pessoal, todos os escritores escrevem sobre si mesmos, ou
sobre as suas convicções. Respondendo diretamente à questão, os meus livros baseiam-se
em experiências pessoais e dos que me rodeiam, sendo depois complementados com
partes ficcionais. Há muito de real em cada página das minhas obras.
Gostas de ler?
Consideras importante ler para se escrever bem? Ler é o meu único
vicio. Vicio que surgiu desde muito novo, se mantém e se manterá pela vida
fora. Difícil é já encontrar espaço para as milhares de obras que vou
coleccionando. Sim, considero fundamental a leitura para se poder escrever bem,
nomeadamente na questão da forma, mas também do conteúdo. Lendo, um autor
desenvolve o seu vocabulário e a forma como escreve, confrontando-se com
diferentes expressões e metodologias.
Como encaras o
processo de edição em Portugal? Desastrado... o
mercado editorial em Portugal é difícil para novos autores. Entrar no circuito
comercial com uma das grandes editoras existentes é extremamente difícil, já que
a maioria não recebe propostas de novos autores e a totalidade não dá qualquer
feedback das obras que porventura recebem. Surgiram há alguns anos as editoras
“on-demand” que vieram liberalizar o mercado, permitindo que tantas e tantas
obras guardadas em tantas outras gavetas vissem finalmente a luz do dia...
porém, a busca de lucro fácil conduziu a
generalidade dessas editoras num rumo de pouca ou nenhuma exigência na seleção
e edição das obras, o que em última instância veio prejudicar o reconhecimento
de novos autores com real qualidade, na medida em que o mercado é inundado
diariamente com dezenas de obras de qualidade muito discutível e que acabam por
asfixiar obras de excelência que possam surgir. A Emporium Editora, com a qual
editei o meu último romance “Entrelaçados”,
tem sido uma agradável surpresa, pela dedicação, investimento e simpatia
que tem dedicado à promoção da obra e do autor.
Além da
escrita, que outras paixões, nutres que te completam enquanto pessoa? Sou também um
apaixonado pelo desporto e por viajar. Sem estes três vectores sentir-me-ia bem
menos realizado.
Quais os temas
que gostas de abordar quando escreves? Os meus livros
incidem sempre sobre as relações humanas. Num mundo e numa dia a dia cada vez
mais volátil, julgo que dedicamos pouco tempo a analisar os nossos sentimentos
e emoções. Com os meus livros procuro levar os leitores a reviver e a reflectir
sobre tudo o que trazem e tantas vezes oprimem no peito.
Se só pudesses
ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o
“privilegiado”?Esta é a pergunta
para a qual nunca tenho resposta... felizmente são tantos os bons livros, são
tantos os livros já publicados que tive oportunidade de ler e que nesse
processo de leitura me acrescentaram algo e assim me mudaram, que seria de uma
injustiça atroz referir apenas um titulo.
Para quando, os
teus leitores, poderão esperar um novo livro? Bem, Entrelaçados foi
lançado durante o findo mês de Agosto e está por isso ainda “quente”... mas já
se encontra um novo livro na forja, que se o meu dia-a-dia permitir, será lançado
no decorrer do próximo ano de 2019.
Se tivesses de
escrever outro género literário, a qual desafio te proporias? Depois de duas obras
em poesia e duas obras em prosa... irei continuar pela prosa, não porque
desconsidere a poesia, mas por achar que é mais fácil chegar e transmitir os
ideais da minha escrita através da prosa e do romance.
Imagina a tua
vida sem a escrita, como seria? Seria com certeza uma
vida mais serena, mais descansada, mais tranquila...mas também mais vazia! Eu
aprecio o desassossego que a escrita produz em mim, a necessidade de plasmar no
papel as minhas experiências e emoções fará com que continue a escrever, pelo
menos enquanto entender que tenho algo útil a acrescentar a quem dedica o seu
tempo a ler-me e claro está, enquanto as reações dos leitores forem positivas.
Escrevo por mim mas para as pessoas, se estas não gostarem de me ler, não fará
sentido continuar. Neste âmbito, gostaria de pedir aos leitores que critiquem,
positiva ou negativamente, mas critiquem, porque sem a critica o autor não pode
evoluir nem perceber de facto o efeito que as suas obras têm, naqueles que o
lêem. A Letícia irá certamente providenciar a hiperligação para a minha página
de autor no facebook e no site da editora, esses são os espaços ideais para que
cada leitor possa contactar-me e dizer de sua justiça.
Apenas numa
palavra, descreve-te: Dedicado.
Agradeço uma vez mais
a oportunidade de dar a conhecer as minhas quatro obras, o meu percurso e até
um pouco de mim próprio. Desejo a todos os seguidores da página, ótimas
leituras e que no caso de me privilegiarem com a leitura das minhas obras,
que no final das mesmas se sintam tão satisfeitos, como eu me senti realizado
ou marcar com a palavra FIM a última página branca de cada volume.
Entrelaçados é a narrativa de três vidas encruzilhadas numa só.
Com uma escrita fluída mas rica, este romance fala-nos das dúvidas e das certezas, das agruras e das alegrias de cada etapa na vida das personagens, que crescem e amadurecem juntas.
Entrelaçados é uma obra que se lê de um fôlego só. Uma história que cruza amor, sensibilidade, paixão e vozes masculinas e femininas tão reais e próximas de nós que é impossível largar o livro até sabermos tudo sobre o que lhes vai acontecer. As vozes deste romance ecoam em nós entre pausas de leitura e são como caixas-de-ressonância de pensamentos que já tivemos a propósito dos nossos amores e desamores, dos homens, das mulheres, de Portugal, da vida, da morte, do mundo e do eterno desencontro...
Entrelaçados é como aquele cocktail ao fim da tarde depois de um dia de verão: apetecível, requintado, saciante e saboroso. Uma história para ler do princípio ao fim, sem interrupções, ao sol de uma boa esplanada ou aconchegado em casa enquanto a chuva cai lá fora.
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