Ana Beatriz Ribeiro nasceu em abril de 1998 e é natural de Amarante. Concluiu o curso de Línguas e Humanidades na Escola Secundária/3 de Amarante, onde reaprendeu o gosto pela leitura e descobriu o prazer da escrita.
Começou a escrever com dezassete anos e em 2017 publicou o seu primeiro livro intitulado Governa o meu Coração.
Atualmente, é estudante da licenciatura em Estudos Portugueses na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde explora o apaixonante mundo da literatura.
A escrita continua a fazer parte da sua vida, de tal forma que o próximo livro já está a ser preparado.
Olá
Ana, é um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste
espaço, para começar: Como que é que te iniciaste na escrita? Antes de mais, deixa-me
agradecer-te por esta entrevista e pelo trabalho notável que tens desenvolvido
com o teu blog.
Eu comecei a escrever por acaso.
Nunca tinha pensado em fazê-lo e não foi algo planeado. Apenas surgiu
naturalmente. Eu só adquiri o gosto pela leitura no 10º ano, quando escolhi a
disciplina de Literatura Portuguesa. E a escrita apenas surgiu. Eu comecei a
escrever pequenos textos e crónicas e a partir daí nunca mais parei.
Qual
o sentimento que te domina quando escreves? Eu sinto uma tranquilidade
imensa. Gosto mesmo de escrever mas, para mim, também é um refúgio e uma forma
de refletir sobre o que vejo no dia-a-dia e sobre o mundo atual em que vivemos.
Contudo, também sinto o que estou
a escrever. Se são cenas felizes, eu fico feliz e sorrio, mas nem sempre as
nossas personagens têm a vida facilitada e, por isso, também fico triste quando
eles estão assim ou passam por uma situação difícil. Porém, tudo isto faz parte
do processo de escrita e, mais do que isto, faz parte da nossa vida e temos de
apender a lidar com todas as situações.
O
que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa? Sinceramente, acho que não mudou
nada em mim. Continuo a ser a mesma pessoa que era antes de publicar o meu
primeiro livro, Governa o meu coração.
A única coisa que mudou em mim foi a forma como passei a ver tudo o que nos rodeia
e tudo o que envolve os livros. Eu, sem dúvida, estou mais fascinada pelo mundo
da escrita e não paro de escrever. Tenho muitas ideias para pôr no papel e o
tempo nem sempre é o suficiente.
E
enquanto escritora, o que tens aprendido? A minha maior lição enquanto
escritora é a de que a mesma história tem sempre várias versões. Cada pessoa vê
a mesma situação com olhos e perspetivas diferentes. E isso é muito mais fácil
de ver quando somos escritores, pois trabalhamos com várias personagens e refletimos
sobre qual é a opinião de cada um sobre um mesmo assunto.
Tens
algum ritual de escrita? Pode dizer-se que sim… Eu escrevo
sempre em cadernos de argolas A5, porque são fáceis de transportar e levo-os
comigo para todo o lado (e enquanto escrevia Governa o meu coração, deparei-me muitas vezes com a dificuldade de
transportar um caderno A4). E só consigo escrever em locais tranquilos, como
por exemplo no meu quarto ou na sala de estar (quando já está tudo nos
quartos).
Como
definirias esta arte na tua vida? A escrita tornou-se, sem dúvida,
uma paixão. Algo que eu preciso de fazer todos os dias ou, pelo menos, tentar.
Algo que me distrai do stress do dia-a-dia, que me tranquiliza a mente e que
desassossega também o meu coração, porque nem sempre é fácil escrevermos certas
cenas mas, por vezes, é preciso fazê-lo para mostrar aos leitores qual é a
mensagem que pretendemos transmitir.
A
escrita é para ti, uma necessidade ou um passatempo? Começou como um passatempo, mas
agora é uma necessidade. Como disse anteriormente, é a forma que eu encontrei
de me distrair do stress, de me levar a refletir sobre determinados assuntos e
situações, de dar voz a muitas pessoas que, infelizmente, não a têm e de dar um
sentido ao mundo em que vivemos e aos caminhos (um pouco assustadores!) que
estamos a seguir.
O
teu primeiro livro publicado chama-se “Governa O Meu Coração”. Podes falar-nos
um pouco dele? Governa o meu coração é um romance que narra a história de Sofia e
de Gonçalo. Ambos são adolescentes e passam por diferentes situações. A Sofia
culpa-se pela morte do irmão mais velho, Salvador, ao mesmo tempo que enfrenta
o divórcio dos pais, provocado pelas sucessivas traições do pai, e sofre ao
descobrir que este já não é mais a pessoa que conheceu. O pai mudou muito e
tornou-se em algo do qual ela só quer fugir, mas o que lhe dói mais é saber que
ele já não é mais o seu ídolo nem é sequer um exemplo a seguir. Quanto à vida
do Gonçalo, ela não é tão perfeita como todos imaginam. Os pais dele tentam
manter as aparências, mas é só mesmo uma fachada e ele acaba por sofrer muito
com isso. Porém, ambos conseguem construir algo bonito e forte, apesar de tudo
o que acontece à sua volta, e lutam pela felicidade constante um do outro.
Como
surgiram as ideias para compor este romance? Este romance surgiu através de um
texto que eu escrevi no 11º ano. Mostrei-o a uma amiga minha e ela
incentivou-me a continuá-lo. E o texto tornou-se o “Prólogo” de Governa o meu coração. As ideias foram
surgindo conforme ia escrevendo. Não planeei nada. A história foi apenas
fluindo. E, a partir daí, nunca mais parei de escrever.
A
tua escrita é ficcional ou tem conotação pessoal? As histórias que eu escrevo são
puramente ficcionais e não têm nada da minha própria vida. Mas, como é óbvio,
tem sempre algo meu. Sou eu que escrevo, por isso, é complicado tornar-me
completamente imparcial. Tem sempre alguma opinião, perspetiva…
É inevitável, porque entrego-me
durante meses ao processo de escrita daquele livro e torna-se impossível
separar as coisas. A partir de um certo momento, o livro que estamos a escrever
é já algo que faz parte de nós e que não conseguimos de todo afastar. No
entanto, os acontecimentos em si são meramente ficcionais.
Gostas
de ler? Consideras importante ler para se escrever bem? SIM!!! E muito! Se não gostasse
de ler, provavelmente não escreveria.
Ler é fundamental para quem
escreve. Acho que não há um sem o outro. Precisamos de ler para percebermos que
tipo de histórias queremos contar, para entendermos todo o processo que está
por trás do livro que temos nas mãos, e muitas outras coisas. Mas, por outro
lado, ler também nos ajuda a abrir a mente e a criar novas histórias escritas
por nós ou, até, a ultrapassar o chamado “bloqueio criativo”. Se queremos ser
escritores temos que, sem dúvida, gostar de ler e de fazê-lo regularmente.
Como
encaras o processo de edição em Portugal? O processo de edição em Portugal é muito complicado para
novos autores. As editoras têm muito medo em arriscar em novos nomes, preferem
publicar livros de autores já consagrados do que o de alguém que está a iniciar
a carreira literária.
O maior problema é que todos se esquecem que um autor
conhecido, já foi desconhecido um dia. Mas teve a sorte de conhecer alguém que
apostou nele e que o ajudou a ser quem hoje ele é. E há muito trabalho a fazer
neste sentido. O mercado editorial em Portugal é muito fechado. Precisamos de
seguir o exemplo de outros países (Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, …) que
abrem diariamente portas a novos talentos e não se arrependem disso. Porém, em
primeiro lugar, temos de incentivar à leitura. Os portugueses leem muito pouco.
E, antes de mudarmos o mercado editorial, temos de mudar a mentalidade das
pessoas e incentivá-las a ler.
Além
da escrita, que outras paixões, nutres que te completam enquanto pessoa? Para além de escrever, adoro ler (leio facilmente um
livro numa questão de horas; e já cheguei a ler trilogias no espaço de uma
semana…), ver filmes, passear…
Quais
os temas que gostas de abordar quando escreves? Eu adoro falar sobre tudo! Quero que os meus livros sejam
o espelho do nosso quotidiano, contudo, adoro escrever sobre o amor, sobre a
família e a importância que esta tem na nossa vida, sobre amizades. Gosto de
mostrar o papel que cada uma destas coisas tem na nossa vida e que não
conseguimos viver sem elas. E, por último, gosto de mostrar que não faz mal
termos medo e o importante é ultrapassarmos os obstáculos e lutarmos pelo que
queremos e acreditamos.
Se
só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o
“privilegiado”? Esta pergunta é muito difícil, Letícia!!! Eu sou
apaixonada pela literatura e não é fácil dizer só um! Há tantos livros que
adorei ler, mas só um me vem à cabeça neste momento: Orgulho e Preconceito de Jane Austen.
Pensas
em publicar novamente depois deste romance? Sim!!! Eu não vou parar de
escrever! Eu realmente gosto de fazê-lo e, sem dúvida, que vou publicar
novamente.
Eu termino um livro e, enquanto
faço a sua revisão, começo a escrever logo outro. Eu tenho várias ideias na
cabeça e gostava de vê-las todas em livros.
Imagina
a tua vida sem a escrita, como seria? Um pesadelo! A escrita já faz parte de mim e não consigo
imaginar-me sem ela. Mas, se não escrevesse mais, provavelmente viveria rodeada
de livros escritos por outras pessoas e seria muito infeliz por não escrever.
Apenas
numa palavra, descreve-te: Observadora. Talvez seja a
palavra que melhor me descreva. Eu estou sempre muito atenta ao que se passa à
minha volta e sei quando alguém não está bem. E isto também me ajuda na parte
da escrita, visto que é muito fácil imaginar uma história para as pessoas que
estão à minha frente.
SINOPSE
«- Eu estou apenas a dizer a verdade. És tão especial, tudo em ti o é: carácter, palavras, como tratas os teus amigos. As pessoas, só por estarem à tua volta, sentem-se especiais. Consideras a tua família e os teus amigos o mais importante da tua vida. És carinhosa, divertida e bastante positiva. - Nunca pensei que ele soubesse tanta coisa sobre mim. Dei por mim a sorrir e, quando o olhei, estava a olhar-me. - Por favor, governa o meu coração! O meu coração parou. Será que afinal ele gosta de mim!?»
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