O Quarto de Jack de Emma Donoghue foi reeditado no último mês de 2018, pela Porto Editora. O fenómeno internacional de vendas, que arrecadou inúmeros prémios literários, foi adaptado para a grande tela. 

Sou defensora acérrima de que os filmes só devem ser vistos após a leitura dos livros, no entanto, a história de Jack é uma excepção à regra. 

Li relatos de outros leitores que contavam que o filme foi uma das melhores adaptações do cinema, por se manter tão fiel à história original, e isso, levou a que eu me aventurasse a assistir o filme enquanto lia o livro.

Lágrimas aqui e acolá. Uma emoção impossível de conter ou esconder. O Quarto de Jack não é uma história aconselhada para os corações mais sensíveis.

Nesta narrativa, acompanhamos a Mamã e Jack, um menino de cinco anos cuja existência está confinada ao Quarto, um espaço com poucos metros quadrados, onde mãe e filho vivem, brincam, comem, dormem e aprendem mutuamente. 

Para Jack, o Quarto é o seu lugar seguro, para Jack o mundo Lá Fora não existe. Para a Mamã, de nome Joy, a verdade é que o Quarto é afinal a prisão que a mantém cativa, contra a sua vontade, há sete anos.

Jack desconhece que é fruto dos abusos constantes à mãe. Jack não imagina que o homem que lhes garante comida e um mimo pontualmente, é o homem que raptou a sua mãe e lhes destruiu a adolescência e todos os sonhos. 

Mas Jack é a salvação da mãe. O filho que nasceu em meio à tragédia e ao horror da realidade é a âncora que a mantém firme e que lhe dá alento. E será futuramente, a sua forma de retornar ao mundo real.

Esta é uma história comovente e poderosa. Marcante em todos os sentidos. Uma história onde o amor de mãe e a ligação entre uma mãe e um filho nos conduzem numa viagem dolorosa pelo lado mais feio da humanidade. Ainda assim, este amor tão verdadeiro e tão emotivo é das partes mais bonitas da narrativa. Pela mensagem que passa. Porque afinal, aos olhos de Joy, quando Jack nasceu, com ele nasceu uma Mãe, e esta é a prova de que até nos sítios mais sombrios, pode existir luz. 

A narrativa está dividida em partes, e é narrada pela voz doce e ingénua do Jack. Quase que nos permite entrar na mente desta criança. Faz com que desejemos conhecê-lo, com que desejemos salvar esta família e amá-los como se fossem nossos. 

Acredito que este é estilo narrativo, com a voz de uma criança a guiar-nos, que garante tanta fidedignidade e emoção à história.

É por estas razões que ver o filme pode ser um bom exercício durante a leitura. Quando lemos, tendemos a imaginar as personagens dentro das nossas cabeças, gostamos de recriar a história e imaginá-la, o filme vem ajudar a que isso seja possível. 

Um livro que explora o amor entre uma mãe e um filho. Um livro que certamente perdurará nos nossos corações.