Natural de Tavira (Santiago) onde nasceu em 1966. Assistente administrativa, na área comercial. 
Escreve sobre os sentimentos que lhe habitam a alma e que reflectem a sua maneira de ver e sentir o mundo que a rodeia. Perseguindo um sonho arriscou em Setembro de 2014 a publicação do seu primeiro livro “À procura de um sonho” e em Julho de 2017 edita “Amo-te miúdo tonto”. 
Tem participações em diversas colectâneas de poesia pelo gosto de conviver e partilhar a sua poesia com os seus amigas poetas.



Olá Ângela, é um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como que é que te iniciaste na escrita? A escrita nasceu naturalmente durante a adolescência, juntamente com o gosto pela leitura.
Um dia li um poema de António Gedeão e apaixonei-me pela poesia. Uns anos mais tarde descobri Florbela Espanca e percebi que a escrita podia funcionar como confessionário. A partir daí não mais consegui deixar de ler e de escrever.

Qual o sentimento que te domina quando escreves? Quando escrevo sinto-me livre.  A escrita permite que eu me liberte de tudo o que existe em mim e permite, ao mesmo tempo, que eu verbalize tudo o que observo.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa? Com a escrita deixei de ser tão tímida. A escrita tornou-me uma pessoa mais comunicativa. Comecei a sentir que a troca ideias era, quer a nível pessoal como a nível emocional. 
Posso dizer que a escrita fez de mim uma mulher diferente.

E enquanto escritora, o que tens aprendido? Tenho aprendido a conhecer-me melhor e a definir o mundo. Escrever permite perceber a intensidade dos sentimentos e a forma com as pessoas sentem e reagem às emoções.  É um desafio deixar que os outros façam a leitura do que vou escrevendo e que dessa forma, por vezes, se identifiquem com as nossas palavras.

Tens algum ritual de escrita? Não tenho rituais de escrita. Escrevo quando as palavras pedem para se soltar. Só sei escrever assim de improviso.

Como definirias esta arte na tua vida? A escrita é a arte de deixar a alma falar. A maneira mais simples de soltar palavras e sentimentos que existem dentro de nós. É desta forma que vejo e sinto a arte de escrever.

A escrita é para ti, uma necessidade ou um passatempo? A escrita para mim é a outra parte de mim, uma necessidade da alma e um passatempo para o coração.

O teu último livro publicado chama-se “Confissões de Uma Miúda Gira”. Podes falar-nos um pouco dele? É um livro de confissões, com o próprio título sugere. São pequenas crónicas que contam histórias de uma miúda mulher que viveu e vive de sentimentos intensos.  São desabafos que podem vestir qualquer um de nós, porque falam de sentimentos e momentos, pelos quais já toda a gente passou, pelo menos uma vez na vida. O livro fala de emoções e ilusões, de sofrimentos e de alegrias, de passados, presentes e sonhos de futuro.

Como surgiram as ideias para compor este livro? Como tudo o que escrevo, estes textos que estão no livro surgiram de forma espontânea. Foram surgindo ao longo de alguns meses e um dias resolvido agrupa-los e fazer com ele um livro.  Não serão uma história, mas sim várias histórias que podem contar uma história de vida.

Quais os trabalhos que já realizaste no âmbito da escrita, para além deste livro? Em 2014 lancei “ À procura de um sonho” um livro totalmente dedicado à poesia e em 2016 editei “ Amo-te miúdo tonto” que tem o mesmo formato deste e que conta a história de um amor sonhado, que se desvaneceu no tempo juntamente com o sonho.
Para além destes livros tenho algumas dezenas de participações em antologias poéticas.

A tua escrita é ficcional ou tem conotação pessoal? A minha escrita é ficcional, mas está lá sempre a minha maneira de sentir cada uma das histórias que tendo transcrever para os textos ou poemas que escrevo. Portanto, existe sempre uma conotação muito pessoal em tudo o que escrevo.

Gostas de ler? Consideras importante ler para se escrever bem? Sempre gostei de ler e claro que é importante ler para evoluir na escrita.
Ler permite-me conhecer outros escritores e adquirir, dessa forma, conhecimentos que podem ser importantes para usar como temas de escrita.

Como encaras o processo de edição em Portugal? Na minha humilde e sincera opinião o processo de edição em Portugal visa somente os interesses das editoras e não a divulgação das obras dos autores. As editoras querem mostrar um número elevadas de obras editadas, mas os autores são abandonados à sua sorte logo depois da edição do livro. Nas raras excepções, por que as há, é praticamente impossível de lá entrar.

Além da escrita, que outras paixões, nutres que te completam enquanto pessoa? Gosto de música, praia, natureza.

Quais os temas que gostas de abordar quando escreves? Sentimentos, amor, vida !

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o “privilegiado”? Siddharta de Hermann Hess

Pensas em publicar novamente? Talvez volte a editar, mas essa é uma resposta que só o tempo poderá dar.
  
Se tivesses de escrever outro género literário, a qual desafio te proporias? Só me vejo a escrever poesia ou prosa poética.
Desafio seria ter coragem para escrever um romance.

Imagina a tua vida sem a escrita, como seria? Não me consigo imaginar sem escrita. Seria como viver numa escuridão total.

Apenas numa palavra, descreve-te: Sentimento.


SINOPSE

A história poderia ser eu. Podia escrever sobre o passado, inventar um futuro. Poderia até passar sobre o presente, não deixar que mais memórias se escondessem nesta bagagem pesada que carrego sobre os ombros. “Era a mulher atinada. A mulher que não cometia pecados. Disponível para todos. Sempre com um sorriso nos lábios e um abraço para confortar quem dela precisava. O seu coração materno obrigava-a a ser assim. Não existia outro vestido que lhe servisse. Não poderia calçar outros sapatos para caminhar na estrada, que a vida lhe dissera que era a sua.” Mas, a vida ensinou-me que o caminho certo era o amor, transformou a miúda sonhadora em mulher que aprendeu a amar. “Sonhaste e foste trilhando a pulso o teu caminho. Deixaste o teu rasto pela estrada da vida, onde sempre caminhaste com passos largos. Tatuaste sentimentos em corações alheios. Deste um pouco de ti a cada um deles. Sem nunca permitir que eles escrevessem sentimentos eternos nas linhas invisíveis do teu coração. Poderia chamar-te ave ferida. Ou quem sabe, ave solitária.” É a história do que sonhei, retalhos de uma alma, dos momentos que vivi entrelaçados com sonhos em que me perdi. É a escultura da alma que sou e a imagem do coração com que sinto todas as palavras, que dançam nas linhas rectas da folha em que escrevo uma história colorida de uma vida que por vezes vivi.