O Jogo do Medo, Rafael Emanoel Mottrish Isoskov e A Sala da Morte de Ana Folhadela são os primeiros três livros de um conjunto que tal como sugerem as respetivas sinopses, versam sobre uma realidade radical e vincadamente sexista, patriarcal, imoral e incómoda, cuja existência a generalidade das pessoas prefere escolher ignorar"

Em cada um dos títulos acompanhamos histórias, muito reais e imorais, com as quais, sem saber, privamos com frequência, mas fechamos os olhos para não vermos. A realidade do mundo é muito cruel e desumana, repugnante... 


E a realidade deste mesmo mundo é-nos exposta nua e crua pela autora Ana Folhadela, cuja escrita é direta, sem floreados ou filtros. 

A linguagem da autora, sexualmente explicita e violenta, transporta-nos momentaneamente para os mundos paralelos onde se originam estas histórias - que de novo, refiro, são reais, apesar de surgirem da imaginação da autora, são problemas que acontecem e não podem ser ignorados. 


São três livros que requerem tempo e atenção, pela sua densidade psicológica, pela carga emocional que acarretam, e são indicados somente para um público mais adulto. 

Falam de abusos, de violência extrema, de morte, de tortura. 

Não é o tipo de literatura à qual estejamos habituados, sobretudo, num país como Portugal. 

Há preconceito e um certo tabu no que toca a histórias deste género e profundidade.

Parabenizo a autora. 

Pela coragem e ousadia, de escrever sobre estes assuntos, de os colocar no papel e de nos dar a possibilidade de conhecer a sua escrita, a sua intensidade e o seu talento. 

Portugal precisa de mais autores assim!

Letícia Brito