São inúmeros os sentimentos que nascem no âmago do escritor. Quais aqueles com que mais se identifica? Eu acho que o de ser valorizada, uma vez que desde criança sempre vivi um sentimento de inferioridade.
O que é que a escrita mudou em si enquanto pessoa? Mudar, mudar não acho que seja a palavra certa, pois eu sou a mesma pessoa, apenas mais realizada na medida em que o meu valor foi reconhecido.
E enquanto escritora, o que tem aprendido? Muito, muito mesmo, mas sempre querendo aprender mais, pois acho que posso e devo fazer melhor.
Como definiria a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso? Talvez, a necessidade de um acaso.
Apesar de ter nascido em Portugal, foi em Luanda que cresceu e onde ganhou o gosto pela leitura. Que memórias guarda dessa experiência? Não muito boas, porque o meu gosto pela leitura não era muito aprovado, não era visto como qualidade, mas sim como defeito.
Escreveu o primeiro poema aos 22 anos, «Dia de São Valentim», este poema foi quase que um motor para o que viria depois. O que a motivava a escrever? O que me motiva são as coisas do dia a dia, uma situação, se o meu primeiro foi por causa do dia dos namorados, o segundo foi quando a professora da minha filha lhe pediu um trabalho sobre o Natal, ora ela veio pedir-me ajuda e eu pondo-me na pele de uma criança de dez anos, escrevi "O NATAL" que está também neste livro .Outro, por exemplo, TRAGÉDIA, foi escrito na altura dos incêndios, em Pedrógão. ODEIO-TE MAR foi em homenagem aos pescadores mortos em Caxias, enfim muitos dos meus poemas foram escritos por uma ou outra situação.
Foi na sequência dessa paixão pela poesia que nasceu o primeiro livro, Uma Vida de Poemas, publicado em março de 2020. Pode falar-nos um pouco sobre este livro? Este livro foi um sonho realizado, que há muito estava guardado no fundo de uma gaveta. E como para tudo há um tempo, Deus deu para mim este presente.
O que a inspirou a escrevê-lo? Foram os meus amigos, que me deram força e gostavam do que eu escrevia e publicava na minha página de poemas, NATALINA MARQUES, POEMAS DA MINHA VIDA. Então, fui alimentando o sonho de um dia os dar a conhecer ao mundo.
Como correu o processo de escrita desta obra? Correu maravilhosamente bem, encontrei pessoas que acreditaram em mim, e principalmente a minha família que me apoiou, e se orgulha de mim.
Como têm reagido os leitores perante o seu trabalho? Isso não sei lhe responder muito bem, na medida em que desconheço a quantidade das vendas. e tenho pena que não esteja à venda no Brasil, tenho lá muita família e amigos que anseiam por adquiri-lo. Mas também compreendo que a situação que estamos a viver tenha prejudicado um pouco, como aconteceu com muitos. Na minha aldeia de nascimento estão todos à espera deles, eu tenho-os aqui comigo à espera de poder ir levá-los.
Se só pudesse ler apenas um único livro para o resto da sua vida, qual seria o privilegiado? Privilegiados tenho muitos, já lhes perdi a conta, mas tem poucos dias que acabei de ler um, que hei de voltar a lê-lo. Escrito por Afonso Soares Lopes, CAFÉ AMARGO - Angola em Tempos de Guerra. Tem 746 páginas, é um livro fantástico.
Se tivesse de escrever num género literário diferente, a qual desafio se proporia? Romance, e também gostava muito de escrever para crianças. Quem sabe, um dia.
O que é que os leitores podem esperar de si para o futuro? Os poemas que eu escrevo, com alma, e espero transmitir-lhes bons momentos de leitura. O mesmo prazer que eu sinto em escrevê-los.
Descreva-se numa palavra: Na minha humilde sinceridade, considero-me uma pessoa RICA.
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