Vanda, sê bem-vinda a este espaço. 
Agradeço esta possibilidade, o vosso profissionalismo e carinho. 

É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como é que te iniciaste na escrita? 
Boa pergunta! Desde muito cedo que tive diário e escrevia para mim, cartas a amigos e, às vezes, a pedir feedback de colegas da escola. Uma vez, graças a esses registos de final de ano letivo, um rapaz muito giro (por fora e por dentro) escreveu-me um piropo que nunca imaginaria receber… começámos a namorar uns meses a seguir. 
Aos 17 anos escrevi uma série de poemas e assim foi durante cerca de 5 anos, depois também isso parou. 
Já com 29 anos, voltei a ter diário por ter acordado novamente para o meu mundo interior e por necessidade de clareza. Já antes tinha percebido que sou uma antena super sensível, capaz de captar informações e energias que, por vezes, alcança grandes profundidades. É uma bênção e também um desafio! Escrever tornou-se numa fonte de precisão e organização internas que de outra forma não me seria possível alcançar.

São inúmeros os sentimentos que nascem no âmago do escritor. Quais aqueles com que mais te identificas? 
O sentimento mais forte é, sem dúvida, a alegria de ver o que resulta em mim e pessoas que me procuram e rodeiam, e vontade de partilhar com o resto do mundo. Recebo insights que depois traduzo em palavras e crio algo que o outro consiga entender, digerir e aplicar. Escrever é um meio de explicar processos internos profundos que me atravessam e que capto de outras pessoas que, frequentemente, passam pela magia e profundidade de sentir tristeza. Raiva madura move-me em alguns momentos e, com alguma frequência, escrever é uma forma de proporcionar clareza sobre medos. 
Há tanto que não se diz… sobretudo em termos de apreciação: nossa e do outro! Um dos meus compromissos internos é esse: quando morrer a missão ter sido cumprida! Ter dito tudo o que tinha a dizer no momento certo, com muito amor e alguma arte para conseguir chegar realmente às pessoas.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa? 
Mais clara emocionalmente. Mais segura de mim e confiante das minhas habilidades psíquicas. Neste momento tenho 4 diários de registo de 1. Quotidiano com coisas que me tocam; 2. Sonhos; 3. Sincronicidades; 4. Respostas intuitivas. Estar, por exemplo, a trabalhar no meu terceiro livro (e já saber o que vai ser o quarto) mantém-me ativa, desperta e focada. Permite-me honrar e partilhar a profundidade que é ser humana. Escrever também me faz sentir mais útil ao mundo por proporcionar tomadas de consciência e clareza amorosa.

E enquanto escritora, o que tens aprendido? 
Que sou autossuficiente e uma fonte de receção de informação. Que é possível tocar pessoas com palavras. Que respeitando o meu ritmo consigo realmente chegar às pessoas, encontrar formas de expressão cada vez mais apelativas, verdadeiras e empoderadoras.
Que o hábito tem o poder de transformar ideias cheias de potencial em manifestações concretas e belas. Que uma ideia louca quando plena de arte e beleza passa a ser algo em que se pode pensar e talvez até praticar! 
Que mereço ter momentos de introspeção produtivos e que assim até sou mais útil. De início achava que tinha que começar e acabar tudo muito depressa! Descobri ao longo dos anos (e também por sugestão de um querido amigo que também é escritor) que quando estou a trabalhar um texto, a criatividade aumenta quando, no mesmo período de tempo, dou foco a outra expressão artística. Assim como as diferentes camadas de uma pintura são necessárias para lhe dar profundidade e realismo, o mesmo se pode aplicar a um texto. Dando-lhe tempos espaçados alternados com outras artes, surgem mais facilmente ideias, clarificações e maneiras férteis de passar a mensagem, enriquecendo cada uma delas. Aconteceu-me recentemente estar a delinear o meu primeiro workshop on-line e, a certa altura, as coisas não estavam a fluir. Quando tomei a decisão de iniciar um quadro novo, surgiram subitamente todas as ideias que faltavam para delinear a estrutura e o mapa de sessões! Terminei o meu manual de professora naquele mesmo dia. As pessoas AMARAM o workshop e sentiram o amor, mesmo sendo à distância, graças a uma estrutura sólida, fresca e criativa. A pintura também começou naquele dia, com a sua primeira camada, e é um dos meus quadros favoritos.

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso? 
É, sem dúvida, uma necessidade, um chamamento que, ao longo do tempo, se transformou em algo que posso dar ao outro. Aconteceu uma grande mudança nos meus relacionamentos quando comecei a escrever o meu primeiro blogue. Antes tinha expectativas de que:
1. Os meus amigos tivessem tempo e espaço para me ouvirem e lerem o que escrevia: hoje até parece ridículo pensar que apenas três ou quatro pessoas seriam o meu público. Afinal era eu a responsável por criar o espaço para me escutar, escrever e ser lida. Às vezes falar alto comigo também ajuda muito, assim as palavras fluem e florescem com mais pureza quando as vou escrever. Parece que preciso ouvir-me para realmente me perceber!; 
2. Me entendessem: com o passar dos anos tenho observado que quando eu me compreendo a mensagem passa com muita transparência. Também já tenho mais maturidade para conseguir reformular e trabalhar de maneira a que a mensagem passe com mais nitidez; 
3. Me vissem (lessem ou ouvissem) como eu sou: aceitando e honrando esta necessidade pessoal, com o passar do tempo a minha escrita deixou de ser apenas uma ajuda para mim, uma forma de dizer “aqui estou eu”, passando a servir o outro. 

És licenciada em Gestão de Recursos Humanos. Esta área tem alguma influência na tua escrita? 
Tem sim, também pelos temas sobre os quais escolho escrever. As aulas de comportamento organizacional, por exemplo, ajudaram-me numa definição do meu segundo livro sobre intuição. Ainda me lembrava da matéria. Fiz o curso por recomendação de vários amigos muito queridos que viram que essa era uma parte da minha vocação. Aprendi coisas que ainda hoje aplico.

Em 2013 criaste o teu workshop original “Sabedoria nas Tuas Mãos”, para além disto, anteriormente participaste num projeto pioneiro de coaching em Portugal. Qual o impacto que esta realidade tem na tua vida e na tua escrita? 
Esta pergunta fez-me sorrir. Nunca tinha visto estes dois projetos juntos e sob a perspetiva da escrita! E uma descoberta interessante foi notar que, em ambas as alturas, estava numa fase de grande transformação a nível pessoal e profissional, de auto empoderamento e, consequentemente, de empoderamento dos outros. A aventura de coaching levou-me, entre outros acontecimentos marcantes pela positiva, pela primeira vez, a escrever um artigo à Direção de um Grande Grupo Internacional de Hipermercados, sobre Comunicação. Gostaram e aplicaram, na altura, algumas das sugestões que lhes dei. Talvez tenha sido nesse período que nasceu a vontade de escrever como necessidade de integrar, clarificar e explicar questões essenciais, neste caso sobre comunicação, para ajudar pessoas e organizações. 
O meu primeiro workshop original foi uma aventura de cerca de seis meses de pesquisa e outros seis meses de experimentação, numa área que exige muita coerência e diversidade. Assim, consegui reunir dados da primeira tese de doutoramento de uma mulher em Portugal, e registos, alguns milenares, de várias culturas sobre as mãos e suas capacidades. Descobri que elas são um órgão diretamente ligado ao nosso cérebro e, nessa altura, a escrita ganhou uma forma mais analítica, mas em áreas pouco desenvolvidas em Portugal - poderes psíquicos e capacidades extrassensoriais. Os workshops foram absolutamente luminosos e maravilhosos. Era uma enorme satisfação ver as caras das pessoas antes e a seguir. E o olhar tão cheio de afeto e gratidão pelas suas próprias mãos!

Em 2014 publicaste o teu primeiro livro “Mensagens do Coração”. Como correu essa experiência? 
Os desenhos foram os meus primeiros (desde 2007), uma altura em que brincar com cores era das coisas mais deliciosas e nutridoras para mim. 
Em 2012 decidi viver no Pé da Serra, em Sintra, numa casa na floresta com duas amigas e os filhos delas. Ao ver e, de alguma forma viver toda aquela profunda e devotada maternidade, algo em mim se transformou. “A vida é mais do que ser mãe”, pensei eu. Há tanto para dar ao mundo! Tantas formas de ser mãe… 
Há umas semanas, um querido amigo tinha olhado para o meu mapa astrológico e perguntado ”Quando escreves o teu primeiro livro?”. Ele inspirou-me a ganhar coragem e iniciativa para realizar esse sonho! Os textos foram, a maior parte deles, registados no gravador áudio, na companhia das árvores, um ambiente que me tranquiliza e coloca em contacto com a minha sabedoria interior. 
Essa parte foi seguida de muito trabalho de transcrição para o computador, edição e acerto dos pormenores com a editora. 
Vendemos mais de 150 livros num mês, antes do lançamento na FNAC! Continua a vender até hoje e, várias pessoas já me confessaram que têm o livro na mesa-de-cabeceira, o que me deixa tocada. 
Foi traduzido para Inglês em 2015 mas ainda não publiquei essa versão, assim como o oráculo que foi criado em 2018.
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Em janeiro transato avançaste com o teu segundo livro, “Poder Intuitivo”. Podes falar-nos um pouco sobre este novo projeto? 

O “Poder Intuitivo” começou em Dezembro de 2015! Explico no prefácio do livro sobre uma viagem que fiz aos Estados Unidos, altura em que Starr Fuentes, uma psíquica, me disse que eu ia escrever um livro novo. Ofereci-lhe o “Mensagens do Coração” (ela entende Português) e o comentário super original dela foi: “Este livro é um bom buffet… vegetariano. O teu segundo livro vai ter carne e lagosta!” Sorri e amei a analogia e apontei os temas sobre os quais ela intuiu que eu iria escrever. 
Para ser honesta, sinto que o meu NOVO projeto é o livro que estou a escrever neste momento. O “Poder Intuitivo” já o considero bem enraizado até porque comecei a facilitar os workshops deste tema em Janeiro de 2017 e por toda a dedicação nos últimos quatro anos a este assunto.

O que te inspirou a escrevê-lo? 
Novamente um momento de grande auto empoderamento. Já tinha aprendido TANTO, vivido tantas aventuras interiores, até encontrar este ser que viu a imensidão daquilo que posso dar ao mundo através da escrita. E querida Letícia… caro leitor… tive todo o apoio necessário para o escrever, de maneiras que nunca antes imaginaria serem possíveis! Aconteceram também sincronicidades muito interessantes que deram vida e alento na materialização do “Poder Intuitivo”. A própria vida inspirou-me a criar este “filho de papel”. Lembro-me de como um mês antes dele sair da gráfica eu tinha tanto desejo de o ter na minha vida. Escrevi este livro também para mim. Assim como o primeiro e o que estou a escrever neste momento.

Como têm reagido os leitores face ao teu trabalho? 
Muito bem. O que dizem mais é “Estou a adorar”. Têm dado feedback muito generoso e entusiasta. Para além de lerem o livro, algumas pessoas estão a aplicar os ensinamentos e a fazer os exercícios, o que é muito gratificante para quem deu o seu melhor na conceção do mesmo!

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado? 
“The Big Book of Hugs,a Barkley the Bear Story” (“O Grande Livro dos Abraços, uma História do Urso Barkley”), de Nick Ortner e Alison Taylor, publicado pela Hay House.

Se tivesses de escrever num género diferente, a qual desafio te proporias? 
Ficção.

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro? 
Podem esperar evolução a cada livro novo e continuar a sentirem os seus corações tocados.

Descreve-te numa palavra: 
“IMAGINA” 
(Inspiração Música Amor Gratidão Intuição Natureza Alegria).