T. M. Grace, sê bem-vinda a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como é que te iniciaste na escrita?
Quando era mais jovem sempre gostei de escrever. Escrevia letras para músicas, fazia poemas e um dia aventurei-me a escrever um romance que ficou guardado na gaveta por alguns anos. A minha filha mais velha, um dia numas mudanças, encontrou o manuscrito que viria a ser o meu primeiro livro “Atrevo-me a Amar-te”, ela gostou tanto que me sugeriu que o editasse e foi assim que começou a minha aventura pela escrita, porque até essa altura nunca me tinha passado pela cabeça editar um livro.

São inúmeros os sentimentos que nascem no âmago do escritor. Quais aqueles com que mais te identificas?
Identifico-me como uma romântica assumida, o amor é um sentimento capaz de transmutar tudo, sou inquieta por natureza, tenho alguma volatilidade e versatilidade porque consigo passar de um personagem para o outro e encarnar com relativa facilidade todas as características que idealizei para ele. Tenho alguma insatisfação latente porque acho sempre que poderia ter feito diferente. Alguma inconstância também porque é ela que nos faz colocar cá para fora emoções. E a sensibilidade essa está sempre à flor da pele. Quando entro numa personagem, imagino-me exatamente como ela é e sinto o que ela sente e quando essa emoção é colocada cá para fora, faz toda a diferença, o leitor sente-se conectado com as experiências daquele personagem. Eu gosto imenso de colocar os personagens a pensar e tenho leitores que dizem que adoram porque é como se eles próprios estivessem a pensar daquela forma.
É agradável sentir essa reciprocidade dos leitores.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
Talvez o facto de começar a ser mais atenta e observadora, ao que se passa ao meu redor e no mundo. Por norma era bastante distraída. 
Por exemplo, se eu fosse beber um café,  bebia-o de forma mais desprendida, sem prestar atenção a grande coisa. Agora não, observo as situações e as pessoas ao meu redor, porque no fundo sei que isso mais tarde pode ajudar-me quando estiver a construir um personagem.

E enquanto escritora, o que tens aprendido?
Imenso, leio imenso, investigo, faço imensas pesquisas, por exemplo no meu segundo livro Jangada de cartão pesquisei imenso sobre tsunamis e catástrofes naturais, para descrever de uma forma real o que eu queria transmitir. Neste meu terceiro livro, "Ao alcance de um click", há um imenso trabalho de investigação daquilo que realmente se passa no submundo da internet, também pesquisei bastante principalmente na área da psicologia que é uma das minhas áreas enquanto terapeuta e os leitores irão apercebendo-se disso ao longo da leitura. Apreendi muito sobre como as pessoas agem e do que são capazes atrás do anonimato que a Internet lhes proporciona. 

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso?
Provavelmente posso classificar como um feliz acaso que por enquanto encaro como um passatempo, porque apesar de amar escrever, faço-o quando tenho tempo e inspiração para tal, faço-o quando tenho vontade e nunca por obrigação. Posso estar vários dias sem escrever, como posso escrever trinta páginas numa noite. Mas a realidade é esta, já não me consigo imaginar sem escrever.

Filha de emigrantes portugueses, nasceste em França. Esta realidade teve alguma influência na tua escrita?
Claro que sim. O contacto com culturas diferentes, formas de pensar diferentes, acaba sempre por nos influenciar, mesmo que inconscientemente. Trazemos sempre na bagagem emocional algo dos lugares por onde andamos. E já que faz a pergunta, é engraçado eu tomar agora consciência de que nos meus livros há sempre referência a outros lugares, outras culturas, especialmente França.

Em 2013 publicaste o teu romance “Atrevo-me a Amar-te”, quais os temas que escolheste para abordar na tua primeira publicação?
Este livro é um romance digno de conto de fadas gosto de histórias que além de abrirem a consciência e alertarem para coisas do mundo real, também façam sonhar. Precisamos de algo que nos faça sonhar. O sonho comanda a vida.
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Seguiste com a edição de “Jangada de Cartão” em 2015 e agora preparas a publicação de “Ao Alcance de Um Click”. Podes falar-nos um pouco sobre esta nova obra?
Esta é uma obra que levou mais tempo a escrever do que as duas primeiras. Primeiro porque além de ser um livro maior, me abrigou a uma seleção das história que eu queria divulgar. É um romance onde a protagonista no exercício da sua profissão, se vê a braços com algumas histórias e situações que terá de resolver da melhor forma possível dentro daquilo que é o seu conhecimento. É um livro que no meu entender, abrirá o apetite para mais e assim tenciono que seja.

O que te levou a debruçares-te sobre o mundo virtual para criares este livro?
Precisamente pelas imensas histórias em que me vi envolvida indiretamente enquanto terapeuta, e que de fato eram recorrentes. Acho que há muita ingenuidade em tudo o que toca este mundo virtual. As pessoas não tem noção do que uma grande fatia é capaz de fazer para manipularem e obterem o que pretendem. Principalmente como as pessoas ficam destruídas emocionalmente depois destes episódios nas suas vidas. E esta foi a forma que eu arranjei de alertar as pessoas acerca deste mundo um tanto ou quanto perigoso.

O que te motiva a escrever romances?
É a área com que mais me identifico. Gosto de desenvolver através da escrita o emocional das pessoas, gosto de criar histórias em que o amor em todas as suas vertentes, esteja presente. 

Como achas que os leitores irão reagir face a este novo projeto?
Não coloco as minhas expectativas demasiado altas quanto a esta questão, porém, gostaria que reagissem bem, como é óbvio, se bem que tenho a plena consciência que não depende só do meu trabalho nem de mim. Depende também de uma boa divulgação, de um bom acompanhamento da minha editora e outros meios de comunicação. Não sou ainda uma escritora muito conhecida e a realidade é que quem é figura pública tem muito mais facilidade em ver o seu trabalho reconhecido, porém, acredito que um bom trabalho, cedo ou tarde, acabará por ter a visibilidade que é sua por direito. Acho que esta obra não deixa nada a desejar perante outras obras best sellers de autores portugueses do momento.

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?
É para mim completamente impossível responder a esta questão. Sou eclética no que toca a literatura e a cada instante surgem livros extraordinários que torna muito difícil uma escolha única e definitiva. O ser humano está em constante evolução e um livro com o qual nos identificamos, pelo qual somos apaixonados e que julgamos insubstituível numa determinada atura da nossa vida, pode deixar de fazer sentido em outra...

Se tivesses de escrever num género diferente, a qual desafio te proporias?
"Policial", aliás aos poucos estou introduzir este género nos meus livros de romance e "Fantástico" o qual já tenho algumas ideias para colocar no papel. "Literatura infantil" também não está fora de equação.

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro?
Se estiver ao meu alcance e tiver recursos para tal, porque até agora nunca tive qualquer tipo de ajudas para editar os meus livros, e posso dizer que acabei de escrever ao "Alcance de um Click" no meu portátil sem várias teclas, o que provavelmente possa parecer algo inviável, mas consegui,  poderão esperar mais livros editados, que acompanharão a minha evolução tanto pessoal, tanto como escritora.

Descreve-te numa palavra:
Esta pergunta é difícil de responder numa só palavra, mas arrisco a dizer: "Resiliente".