João, sê bem-vindo a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar:
Como é que te iniciaste na escrita?
Muito obrigado por ter a oportunidade de me dar a conhecer um pouco melhor através desta entrevista.
Para mim é claro que, primeiro, tive que ganhar o gosto pela leitura e tive de ler. Cada vez mais gosto de ler livros que acrescentem algo aos meus conhecimentos.
Com os meus dezoito anos, mais ou menos, escrevi alguma poesia, cujo valor literário é muito fraco, mas onde “confessava” os meus sentimentos. Claro que tudo isso ficou na gaveta.
Só mais tarde, depois de ter lido e passado para Word os contos do meu pai, e influenciado pelas crónicas de Miguel Esteves Cardoso, comecei a escrever contos com, exatamente, cem palavras.

Qual o sentimento que te domina quando escreves?
Como não vivo da escrita, só escrevo quando me apetece. Isso faz com que sinta muito prazer a escrever. Mas, por outro lado, também é um desafio aliciante contar uma história com, apenas, cem palavras.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
Continuo a ser a mesma pessoa, apenas tenho mais um passatempo.

E enquanto escritor, o que tens aprendido?
Talvez tenha aprendido a reparar em pormenores que, possivelmente, outras pessoas não reparam. Divirto-me imenso com isso. E talvez tenha conseguido ganhar alguma capacidade de síntese quando falo.

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso?
As três coisas: surgiu como um acaso, resultou num passatempo e tornou-se uma necessidade.

Apesar de te teres licenciado em Engenharia, acabaste por te dedicar ao ensino na área da Música, na qual te especializaste mais tarde. Estas áreas têm algum impacto na tua escrita?
Não. Apenas fazem parte de um percurso: matemática e informática, piano e formação musical, leitura e escrita. O único aspeto em comum é o uso, sempre que possível, das novas tecnologias, quer no auxílio à vertente musical, quer no auxílio à vertente literária.

Nasceste no Porto, mas a tua vida divide-se entre outras cidades e até em Angola, onde já lecionaste. Estes lugares ligam-se de alguma forma à tua escrita?
Sim, porque comecei a escrever em Saurimo, uma cidade muito bonita e tranquila do interior de Angola. À medida que fui escrevendo, fui-me lembrando de histórias passadas em diversos locais, como Luanda, Saurimo, Porto, Santa Cruz da Graciosa, Recife, Praga, …
Mas também fiz uma viagem no tempo. Fui buscar histórias ao passado: ao tempo da minha avó e ao tempo dos meus pais.

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Publicaste o teu primeiro livro em fevereiro de 2019, 100 Contos, 100 Palavras. Podes falar-nos um pouco sobre esta obra?
De acordo com o título, o livro tem cem contos, cada qual com, exatamente, cem palavras. Há dois tipos de contos: os que pretendem ser cómicos (a maioria) e os que sugerem uma reflexão.
Os contos que pretendem ser cómicos refletem diversas épocas e diversas culturas. Os outros são pequenas reflexões minhas.

Como nasceu a ideia para este livro?
Estava em Luanda e contei a um primo afastado uma aventura que eu tinha vivido. Esse primo gostou e disse-me que essa história dava um conto. E eu pensei que era uma boa ideia. Assim nasceu o “conto do bandido”.

Este é um livro bastante lúdico, que promete prazer e entretenimento diário ao leitor. O que te motivou a enveredar por este género literário?
Não querer aborrecer os possíveis leitores com pormenores que nada acrescentariam à história e proporcionar uma leitura diária a quem não tem tempo para ler.

Qual tem sido a reação dos leitores face a este trabalho?
Modéstia à parte tem sido boa. Quem lê o livro gosta. E, por vezes, até o volta a adquirir para oferecer.

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?
Esta é uma pergunta difícil. Gosto de autores como Bocage, Fernando Pessoa, Miguel Torga, Miguel Esteves Cardoso, …; Gogol, Oscar Wilde, Hemingway, Jorge Amado, Mia Couto, …
Mas escolheria “O Homem em busca de um sentido” de Viktor Frankl. Ganho sempre que o volto a ler.

Se tivesses de escrever num género literário diferente, a qual desafio te proporias?
Livros pedagógicos, artigos de opinião e poesia. Quem sabe?

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro?
A vontade de continuar a aprender, a vontade de continuar a ser professor, a vontade de continuar a ler e escrever.

Descreve-te numa palavra:
Perseverante.