Carla, sê bem-vinda a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar:
Como é que te iniciaste na escrita?
Começo por agradecer à Oficina da Escrita. Quanto à pergunta, apesar de só ter publicado recentemente, sempre tive escritos e pequenas histórias espalhados pelos meus cadernos. Pode dizer-se que o início oficial foi há três anos.

Qual o sentimento que te domina quando escreves?
Depende muito da nota em que acorde, mas sinto-me muito mais criativa artisticamente em estados de espírito negativos ou depressivos. A “felicidade” chama muito mais pela fotografia.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
Alterou completamente aquele receio que provavelmente todos temos de expor as nossas criações ao público. Se já era uma pessoa que pouco me preocupava com a opinião alheia, hoje em dia não me preocupo mesmo nada. Não o digo de modo depreciativo, como se as opiniões não interessassem, apenas encaro-as como um direito que todos temos e que sou só eu que decido se essas opiniões devem ou não ser levadas em conta. E são muito poucas as que considero relevantes, por muito arrogante que isso possa parecer. 

E enquanto escritora, o que tens aprendido?
Tenho uma certa dificuldade em ver-me como escritora, acho que é daqueles títulos que tem de se chegar a um certo nível para o merecer. Como tal, como escritora ainda não aprendi nada, porque ainda não cheguei ao nível que considero ser necessário para vestir o título.

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso?
É a trindade dessas opções. Todas elas. É um passatempo que surgiu de uma necessidade e que resultou num acaso de alguns textos publicados em revistas de motociclismo e neste meu primeiro livro publicado.

És fotógrafa e roadtripper. Estas áreas tão distintas têm algum impacto na tua escrita?
Sem dúvida nenhuma. Tanto no facto de ter uma foto que me sugere automaticamente um determinado tipo de texto, como no oposto, em que penso num texto e procuro depois uma foto que o represente.

Fonte: MotoNews

Publicaste o teu primeiro livro, #13Treze, uma obra onde misturas poesia com imagens e o mundo biker português. Podes falar-nos um pouco sobre este livro?
O #13Treze é precisamente o resultado de diversos poemas que precisavam de fotos, que por sinal as tinha vindo a tirar ao longo de vários eventos motociclistas sem me aperceber que se enquadravam perfeitamente naquilo que precisava. Fez-se o clique numa das noites em que estava a reler alguns desses textos e editava algumas fotos tiradas no Sábado anterior.
O #13Treze pode ser visto de três maneiras (ou até mais se as descobrirem), podem ver as fotos, podem ler apenas os textos ou podem (a minha preferida e a base de o ter publicado) ver as fotos e ler os textos e perceber a acção que dos dois juntos surge. Como se fossem fragmentos de filmes parados nos subtítulos das falas dos actores.

O que te motivou a publicá-lo?
O facto muito de simples de que mostrar ou até provar a união improvável de dois mundos completamente diferentes. A poesia e o motociclismo não costumam surgir juntos em papel, em ecrã sim, mas não em papel.

Como foi a reação dos leitores face a este projeto?
Acho que foi e tem sido boa, tendo em conta que sou uma desconhecida com um único livro editado. Tenho a percepção de que continua a ser muito bem recebido pelo público em geral.

Se nos aventurarmos pelo teu site oficial ficamos a saber que o segundo volume do #13Treze está a ser produzido. O que podem os leitores e amantes das vertentes que reúnes nestas obras, esperar de ti no futuro?
O segundo volume do #13Treze está a ser produzido sim, mas não me vou adiantar muito sobre ao assunto, até porque na minha própria cabeça só está decidido parte do processo. Depois tenho mais três ideias na forja, sendo que duas delas são em áreas totalmente diferentes dos #13Treze. Mas como o tempo acaba por ser limitado para gerir tudo, acho que tenho em mãos muito com que me entreter pelos próximos cinco anos? Talvez mais.

Quando é que o segundo volume chegará aos leitores?
Algures na segunda metade de 2020 mas ainda sem data marcada.

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?
“Caim” de José Saramago. Tem uma imortalidade sobre a qual todos deveríamos ler vezes sem conta até percebermos a mensagem e provavelmente percebermos também o que é realmente importante na imortalidade. Se o ser imortal, se o ensinar essa mesma imortalidade.

Se tivesses de escrever num género diferente do teu registo atual, a qual desafio te proporias?
Acção e Espionagem. Deve ser provavelmente das coisas mais difíceis de escrever. Manter o suspense de um enredo de espionagem até ao fim em palavras e sem recorrer a qualquer imagem é só para génios.

Descreve-te numa palavra:
Inconstante.