Olá, Caius. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: como é que te iniciaste na escrita?
Antes de tudo, agradeço muito pelo espaço e oportunidade, muito obrigado. Bem, desde criança eu sempre fui muito interessado por animes, histórias em quadrinhos e livros. O ponto de partida foi ainda nos anos 90, ainda com meus 7 para 8 anos de idade, quando comecei a criar HQ’s e elaborar estórias de fantasia e aventura. Porém, depois de um tempo, desejei fazer algo sólido e sério. Então, por volta de 2005, iniciei a produção de uma história que viria a se tornar um jogo, ao qual dei o nome de “Faces”. Trabalhei nele ao longo de dois anos, entretanto, logo depois de conclui-lo, acabei por perder todo o projeto, mas fiquei com aquilo em mente e, em meados de 2011, decidi que o escreveria em formato de livro e me dedicaria ao máximo para que ficasse memorável, inspirador e imersivo, ou seja, melhor, mais complexo, elaborado e detalhado. Assim, começou a minha jornada como escritor e, logo depois que concluí o “Faces”, iniciei os próximos.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
Ajudou-me a ser mais objetivo, mais aberto para conselhos, atento a opiniões e aprendi a ouvir melhor. Conjuntamente e posteriormente, também aprimorei minha forma de filtrar os conselhos e saber me adaptar quando necessário. Paciência também foi algo mais aprimorado, sempre busquei ser paciente e trabalhar com carinho e cuidado em meus projetos, no entanto, notei que todo o cuidado era pouco e trabalhar com textos vai muito além. Refiro-me não somente a estória contada ao leitor, mas na fluidez, na forma como se narra, na quantidade de informações ou na falta delas, no equilíbrio e escolha das palavras, além da disposição em que serão colocadas.

E enquanto escritor, o que tens aprendido?
Aprendi a ler melhor, a ter mais paciência e persistência, também aprendi a ser mais realista e ver o mundo de forma mais leve. Consequentemente, ao vê-lo de forma mais clara, passei a prestar mais atenção nos detalhes. Aprendi também que escrever é um processo demorado, revisões são algo importantíssimo e o tempo é uma ferramenta extremamente útil para o processo. Estórias precisam de seu espaço para respirar e as palavras, recém-escritas, precisam de tempo para serem reorganizadas e revisadas.
Estudaste Design Gráfico. Esta formação teve impacto no teu trabalho enquanto escritor?
Bem, não diretamente. Utilizei de minha formação para trabalhar na diagramação, harmonia, disposição das imagens, tipografia, enfim, tudo vinculado ao visual. Ser escritor foi algo anterior a essa formação.
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Em junho publicaste o teu primeiro livro, Faces. Podes falar-nos um pouco sobre ele?
“Faces” se iniciou como um jogo de RPG e, simultaneamente, uma história em quadrinhos que cheguei a desenhar e concluir em meados de 2006. Desde essa época, tudo veio tomando seu tempo e evoluindo, tomando proporções e ganhando mais vida até a conclusão do livro.
O livro narra a jornada de Horus, um homem com incontáveis anos de experiências e que acabou por tornar-se imune ao tempo, possui um fator regenarativo avançado e, de certo modo, é imortal.
A estória se inicia em uma visão, retornando em seguida ao presente já em uma batalha. Inicialmente o leitor não tem conhecimento sobre quem seriam aquelas figuras, porém, pelo duelo e diálogos, subentende-se que são semelhantes em certo ponto e que se antagonizam.
Logo ao final do embate, um desequilíbrio é gerado e o universo torna-se distorcido, o portal dimensional no qual Horus se exilava é fechado misteriosamente e, com o mundo alterado, seres de outras realidades começam a surgir. 
Guiado pelas vibrações misteriosas que o chamam, Horus sai em busca de respostas para descobrir o que acontece. Assim, a jornada se inicia.
Com o tempo e deparando-se com as criaturas invasoras, ele percebe que a aflição e a vulnerabilidade dominam a atmosfera e o risco de perder sua vida torna-se real. Seres ancestrais e guardiões o ameaçam e sua saga se estende através de um universo hostil e desarmónico.

O que te levou a enveredar pelo género fantástico?
Acredito que seja algo além da explicação ou motivo. Talvez por minhas referências e inspirações. Desde pequeno sempre tive ligação com universos fantásticos como Conan, Red Sonja, jogos no Mega Drive como Golden Axe, Generations Lost de 1994 e Legend of Zelda, posteriomente histórias como Silent Hill, Soul Reaver, Berserk, Senhor dos Anéis, Nárnia entre várias outras. Sendo assim, inspirado por estas obras, também tive vontade de fazer o mesmo, inspirar leitores com materiais originais e únicos.

És ligado a outras artes: fotografia, música, ilustração. Como concilias estas áreas?
Todas estão juntas ao mesmo tempo e normalmente dedico um tempo para cada. Quando estou mais focado em escrever, por exemplo, normalmente reservo um espaço e dedicação maior para retomar as ilustrações posteriormente (talvez uma semana, talvez alguns dias, depende). Sempre as intercalo, todavia, não são áreas distintas em termos criativos, são complementares e todas acabam por fazer parte da mesma necessidade de transpor ou elaborar algo que tenho em mente, sendo assim, concentro-me para a realização de um projeto onde ele é necessário. Em muitos casos, por exemplo os livros, acabam por envolver tudo, pois além da escrita, também faço as ilustrações, as capas e trilhas sonoras. Muitas vezes, ainda montando um texto, ou assim que o concluo, vejo a necessidade de ilustrar a cena ou compor uma trilha para o momento e, logo, dedico alguns dias para elaborar a ilustração ou composição.

Já realizaste outros trabalhos no âmbito da escrita? Quais?
No momento e publicado, somente o Faces. Contudo, tenho mais dois livros concluídos, “A Canção sem Título” (ação/aventura/terror, universo pós apocaliptico e sobrevivência – ainda não publicado -) e “A Sombra de Undbrakhar” (fantasia/aventura), publicado em Setembro de 2019 na Amazon.
Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?
Acredito que ficaria doido, mas se em vez de um só, eu pudesse optar por uma série, e se por acaso na escolha eu pudesse escolher um mangá, então seria: Berserk.

Pensas em publicar novamente?
Com certeza!

Se tivesses de escrever noutro género literário, a qual desafio te proporias?
Bom, já acabei por migrar um pouco para o terror e meu último livro é do género Horror Cósmico. O desafio inclusive está sendo aplicado: escrever sobre algo indescritível ou inominável e, assim como H.P. Lovecraft teve maestria em fazer, passar mensagem precisa, conseguir e permitir ao leitor adentrar na estória, compreender e, além de tudo, inspirar-se, refletir a respeito e transpor algo que vai além do que está sendo contado, onde o leitor medite sobre o quebra-cabeça que lhe foi mostrado e compreenda algo muito além do narrado. Esse é um desafio e tanto e fica entre o “não entendi e está confuso” e o “então era isso que aquilo queria dizer!”.

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro?
Muitas estórias, músicas, livros e ilustrações.

Descreve-te numa palavra:
Motivado.