Nasceu em Lisboa mas considerase Ribatejana. É licenciada em Sociologia, curiosa e observadora. Aprendeu a ler e a escrever ainda antes de entrar para a escola primária e ler sempre foi uma das suas paixões. Sempre gostou de escrever, começando por pequenos textos e publicando as suas primeiras histórias nos jornais escolares e no DN Jovem. 

Publicou o seu primeiro livro “De manhã já te esqueci” (2007), baseado na sua tese de licenciatura, e “A Prometida” (2015). “Inverno” é o primeiro volume de uma coleção que acaba de nascer sob a chancela da Emporium Editora.


Olá, Mónica. É um gosto enorme poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar, coloco-te esta questão: Como é que a escrita entrou na tua vida? 
Não me recordo de ter havido um momento concreto. Algo que tenha despoletado o gosto. Eu sempre gostei de escrever. Desde sempre. A minha avó paterna comprou-me os livros de exercícios do Papu (que ainda guardo) e ensinou-me a ler e a escrever, ainda antes de entrar para a escola primária. Passava todo o tempo livre a ler e a escrevinhar qualquer coisa. Lembro-me de escrever diários, diários de viagens, de férias. De fazer cópias. Só pelo prazer de escrever. Não havia prenda melhor que um caderno bonito e um lápis ou caneta nova. Depois comecei a escrever pequenas histórias e contos. 

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
A escrita moldou-me enquanto pessoa. Tornou-me atenta ao que me rodeia. Fez-me estudar, investigar, descobrir. Querer saber sempre mais. Quando quero escrever sobre determinado assunto, passo muito tempo a estudar, a investigar, pesquisar. Quando escrevemos entramos num mundo muito amplo onde o tempo deixa de existir.  

E enquanto escritora, o que mudou?
Eu sempre fui muito “bicho do mato” e a grande mudança na minha personalidade desde que comecei a editar e me “assumi” como escritora foi o ter-me obrigado a perder o medo e a timidez. A enfrentar as pessoas, as criticas e os elogios. 
Inverno, Nov 2018 (Opinião em breve no blogue)

O teu primeiro livro “De Manhã Já Te Esqueci” foi publicado em 2007. Em 2015, “A Prometida”. E agora sob a chancela da Emporium Editora nasce “Inverno” (COMPRAR AQUI) . Podes falar-nos um pouco sobre ele? 
“Inverno” foi a viragem no meu processo de escrita. Foi um desafio a todos os níveis. Primeiro porque é um romance, é um livro mais extenso, completamente diferente dos contos e histórias que escrevia. envolvi-me muito nele, foram muitas horas, muitos dias. Muitos cenários. Muito escreve/apaga. Quando ia a meio olhei para trás e reli tudo o que tinha escrito. Odiei. Parecia-me um disparate pegado. E reescrevi tudo de novo. Depois pareceu-me muito romance, muito chato e resolvi dar-lhe outra volta e começar a transforma-lo numa espécie de romance de aventuras, mais movimentado, mais dinâmico. E surgiu então a ideia de começar a entrar num ritmo de espionagem, de missões, de espiões de sociedades secretas, de ordens militares. Veio-me tudo á cabeça. E ai as coisas tomaram um rumo completamente diferente onde me senti muito bem e com muito á-vontade no processo de escrita. A partir do momento em que descobri o que realmente queria, o processo criativo tornou-se muito mais rápido e muito mais fácil. E as criticas ao manuscrito, o apoio que tive, transformaram aquilo que ia ser apenas um livro no inicio de uma série de quatro livros: “Inverno”, “Primavera”, “Verão” e “Outono”. O fio condutor das histórias é o mesmo, mas cada livro irá desenvolver uma aventura própria, com personagens próprias.  Do livro anterior saltarão no máximo duas a três personagens que serão as protagonistas desse livro e cada historia começa num dia dessa estação e avança ao longo dos anos. O que vai ser muito desafiante porque vai permitir-me envolver as minhas personagens em factos históricos. 

Como surgiu a ideia para escrever este livro?
Não surgiu. Eu não acordei de manhã e decidi que ia escrever este livro. Na realidade nem me lembro de quando comecei a escrevinhar o inicio da história nem porquê nem onde. Simplesmente comecei a escrever uma história ( mais uma ) e o novelo foi crescendo, crescendo até que fiquei completamente envolvida nele. E não conseguia parar de escrever. Na noite em que terminei o livro, em que escrevi a ultima palavra e gravei senti-me muito feliz, orgulhosa deste trabalho. Senti que tinha feito algo bom, bonito e pelo qual valia pena arriscar a minha comodidade e sair da minha zona de conforto, expor-me ao mundo literário, ás criticas, as pessoas. 

Que dificuldades encontraste no processo de escrita?
Como já referi, a principal dificuldade foi o encontrar o ritmo certo, aquilo que eu queria. Não queria um romance chato nem monótono, previsível, onde uma pessoa quando vira a página já sabe o que vai ler a seguir. O que eu pretendia e espero ter conseguido, é fazer o leitor virar a página em espectativa a pensar “o que vai acontecer a seguir? “

A tua história é inteiramente ficcional ou tem conotação pessoal?
É inteiramente ficcional. Saiu tudo de dentro da minha cabeça. Nada de experiências pessoais, nada biográfico. Tudo ficção. Até porque eu não acredito em romances nem no “felizes para sempre”. 

Mónica, falemos um pouco da escrita a nível emocional, o que sentes quando escreves?
Tudo. Felicidade, paz, angustia, nervosismo. É um turbilhão de emoções. Eu construo a personagem, dou-lhe um nome uma personalidade e depois é como se ela vivesse dentro da minha cabeça ou encarnasse em mim. Dou comigo a falar com elas a pensar e a sentir as coisas como elas as deveriam sentir. Tenho diálogos com elas. De repente a minha casa enche-se de pessoas. Durante o processo de escrita as personagens tornam-se tão reais que até parece que vou esbarrar com elas no corredor. Já aconteceu eu trocar o nome da gata. Em vez de chama-la pelo nome dela, chama-la pelo nome de uma personagem. Quando escrevo à noite e tenho de desligar e dormir porque no dia seguinte tenho de acordar cedo, a história fica no notebook mas as personagens vão comigo para o quarto. Ficam ali em cima da cama aos pulos. Não me saem da cabeça. 

O que é mais prazeroso na escrita?
A liberdade. 

Tens algum ritual de escrita?
Não. Nem por isso. Por norma escrevo durante a noite. Quando á silencio. E para cada história nova compro um caderno novo, bonito, onde tomo as minhas notas, faço apontamentos, como se fosse um road book daquele trabalho. 

Como definirias esta arte na tua vida?
Felicidade. Escrever faz-me feliz. 

Se só pudesses ler um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?
“Verónica decide morrer” de Paulo Coelho. 

Além da escrita, que outras paixões, nutres que te completam enquanto pessoa?
Família. Amo a minha família acima de tudo. E quando digo família não falo apenas dos laços de sangue. Falo também dos amigos que se tornaram família. 
Viajar. 
Livros. 
Fé.

Que outros trabalhos, já realizaste, no âmbito da escrita?
Editados: “De manhã já esqueci” foi o primeiro que editei, um trabalho ficcional baseado na minha tese de licenciatura e “A Prometida” que foi escrito durante a minha adolescência e resolvi editar como ebook para “ver como corria”.  Neste percurso também já escrevi cronicas para jornais regionais, opiniões e fiz pequenos textos para o extinto DN Jovem. 

Como vives o contato com o público?
Acho que estou a melhorar, mas ainda me sinto envergonhada.

Já pensas no próximo livro?
Já estou a escrever o próximo livro.

Enquanto escritora quais os objetivos que mantens?
O meu principal objetivo é que quem leia o meu trabalho, o faça com gosto, que goste do que está a ler, que durante aquele tempo esteja descontraído, se sinta bem. Que seja um prazer mergulhar no meu mundo literário.

Se tivesses de escrever noutro género literário, qual o desafio ao qual te proporias? 
Talvez escrever poesia. Não me sinto nada confortável a escrever poesia. Gosto muito de ler poesia, mas escrever não consigo.

E para finalizar, que mensagem gostarias de passar aos teus leitores e seguidores deste espaço?
Agradecer. Agradecer por lerem aquilo que eu escrevo. Espero sinceramente que gostem.  

Agradeço a tua disponibilidade, fazendo votos de muitos sucessos para a tua carreira e vida pessoal.
Eu é que agradeço a oportunidade de dar a conhecer o meu trabalho.

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