A rapariga que veio do frio (COMPRAR
AQUI) de Gilberto Pinto é um
dos mais recentes livros publicados pela Coolbooks,
chancela da Porto Editora dedicada aos novos autores portugueses.
Este policial foi uma surpresa
extremamente agradável, que me manteve agarrada às suas páginas, curiosa e
ansiosa pelo derradeiro final.
A narrativa é dividida entre os
capítulos na terceira pessoa do singular, onde somos apresentados ao jornalista
Leonardo Pedra, e entre os capítulos narrados na primeira pessoa por Aníbal dos
Santos.
O livro começa de um modo que eu
considero bastante promissor, com o relato de um crime que rapidamente nos
intriga. Uma jovem é encontrada morta, despida e a segurar um violino, ali
perto, também o jornalista Paulo Torres e a sua mulher são encontrados mortos. Paulo
Torres investigava o caso das mortes dos Homens de Leste, cuja repercussão mediática
terá sido a causa do seu suposto assassínio, como se crê mais tarde. E é assim
também que conhecemos Leonardo, um jornalista atormentado pelo passado, que
revela ter algum transtorno na ordem do obsessivo-compulsivo, e que não se
recorda da última noite, em que estas pessoas foram encontradas sem vida.
Tudo o que tem é uma fotografia
enviada por Paulo Torres, pouco antes da sua morte, onde o seu Mercedes é visto
junto ao local onde morreria a jovem com o violino, e um vulto desconhecido.
Este começo deixa-nos expetantes e
faz-nos duvidar de Leonardo, pois até que ponto será ele uma pessoa confiável? Mas
a narrativa logo se adensa, mostrando-nos que há muito mais por descobrir, possíveis
ligações ao tráfico de mulheres.
Leonardo começa uma investigação que
o leva até Belmonte, a sua cidade natal, situada no Douro. É também de Belmonte
que Aníbal, um caseiro da Quinta das Garças nos relata a sua história desde os
anos 60 até aos dias atuais. História essa marcada pela morte e pela violência.
Este é um daqueles livros em que o
mistério se adensa. Não é fácil fazer as ligações entre os crimes e o
jornalista e, também por isso, a leitura se torna tão interessante. À semelhança
da realidade, esta investigação é complexa e, pela sua complexidade, somos
mantidos fiéis à leitura, na ânsia de perceber e descortinar todas as intrigas
do enredo. Que são muitas! E muito boas!
A escrita do autor é concisa,
cuidada e acessível. É o primeiro policial que leio de um autor português e
fiquei muito satisfeita com esta experiência. Foi uma leitura cativante. Ficarei
a aguardar mais novidades do autor que, sem dúvida alguma, me conquistou.
Uma leitura:
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