Sempre que amámos acreditamos que é para sempre, que é o amor de verdade, o amor que nos salva, o amor que nos sacia a fome da alma. 

Mas o amor não funciona desse jeito. O amor não se define pela quantidade de anos que vives com uma pessoa, mas sim pela qualidade desses anos. Há amores pequenos, efetivamente, que valem por anos de amores que prolongamos no tempo. Assim como há amores grandes que valem menos do que amores que só duraram um momento.

Isto, porque o amor não é caracterizado pelo tempo que vive, mas pelo que é partilhado nesse tempo, pela entrega, pelos segredos, pelo desejo, pela união, pela paixão desmedida. São esses sentimentos que determinam a intensidade do amor, contrariamente a tudo o que sempre se ouviu dizer sobre o amor.

É claro que há amores que duram para sempre, que são infinitos, que o tempo não rouba e que nem a morte separa. É claro que há amores que salvam, que sustentam o ser, que servem de base à nossa existência.

Mas para que o amor viva é preciso que o alimentem, que o cuidem, que o guardem. Para que o amor se fortaleça é preciso que o tornem mais forte, mais sólido, que invistam nele. Diariamente. Há quem veja o amor como uma sombra, onde se refastela e descansa. Há quem veja o amor como um abrigo em tempos de cólera. E são pessoas assim que o torturam, que o condenam, que o matam.

Tal como alimentamos o gato diariamente, também precisamos de alimentar o amor. De lhe oferecer as ferramentas para que possa crescer feliz e viver por longos anos ou até a vida deixar de ser vida.

O amor é muito semelhante a uma vela, se não prestarmos atenção à vela, se deixarmos as janelas abertas ao Deus-Dará, eventualmente, uma rajada de vento irá apagá-la. O amor é uma vela cuja chama precisa de ser mantida acesa por tempo indeterminado. Só assim resiste. Só assim é amor.

Não é um contrato ao qual possamos rescindir. Não é uma mensagem que podemos apagar. É um sentimento que só pode viver, se tivermos a coragem de lhe darmos a nossa força, o nosso melhor.

Não é longo nem é curto. Não é grande nem é pequeno. Não pode viver de rótulos. Não pode viver de palavras nem de dúvidas. Precisa de ações. Precisa de certezas. Precisa de nós.

Letícia Brito