Alper, sê bem-vindo a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como é que te iniciaste na escrita? 
Desde os tempos imemoriais. Na escola os meus cadernos sempre eram preenchidos por desenhos e divagações. Era uma forma de escapar do cenário de opressão por conta da obrigação por resultados, sobretudo em matérias como matemática e física. Então, segui o fluxo, deixei as ilustrações de lado, e me tornei Advogado.   

Qual o sentimento que te domina quando escreves?
É como uma erupção, em que as palavras, tal qual a lava incandescente, jorram. Com certeza a fluidez é reflexo da minha atividade profissional em que a pressão é o verdadeiro estimulante para a criação. É um processo muitas vezes de retórica.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa? 
Escrever e ler são os dois lados da mesma moeda. Na medida em que escrevo, estou lendo, buscando referências, trazendo à tona o que está disperso, para consolidar o meu eu. Dessa forma, me tornei mais humano, receptivo às diferenças. O diálogo com os livros e comigo mesmo é transformador.

E enquanto escritor, o que tens aprendido? 
A conviver mais comigo mesmo, buscando o entendimento, entre desvarios, incertezas e reflexões sobre o inevitável.

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso? 
Não existe o acaso, como também creio eu que o passatempo é na verdade necessidade, mesmo como uma válvula de escape. A escrita foi imposta por mim mesmo, o livro já estava escrito internamente, precisava apenas ajustá-lo ao plano consciente.

És advogado. A área a que te dedicas tem algum impacto na tua escrita? 
Totalmente! Nesses 25 anos de atividade profissional enxerguei a sombra daqueles que se apresentavam como verdadeiros bastiões da moralidade e honestidade. O adágio “O mundo quer ser enganado, então que enganemos o mundo” está mais vivo do que nunca.

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Este mês publicaste o teu primeiro livro, Marte morreu porque os marcianos quiseram. Podes falar-nos um pouco sobre esta obra? 
A obra retrata a escalada ao topo da pirâmide social de um advogado, que desavisado, na medida em que obtém ascensão, confere que o mundo é permeado de luzes e sombras e que as armadilhas plantadas ao longo da jornada são projetadas por si próprio.   

Como nasceu a ideia para este livro? 
Pode parecer falsa modéstia o que vou dizer, mas no início desse ano, em razão de uma série de situações profissionais que vivi, extremamente turbulentas, cheguei um dia em meu escritório pela manhã, liguei o computador decidido a escrever um livro, sem método, sem critério determinado. Então, em um mês completei a jornada do herói. 

Qual tem sido a reação dos leitores face a este trabalho? 
O livro embora esteja disponível no site da Chiado Books ainda não foi lançado com publicidade e divulgação específica. Espero que a mensagem perdida dentro da garrafa faça algum sentido a algum náufrago que vaga por essas plagas.

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?
Cem Anos de Solidão.

Se tivesses de escrever num género literário diferente, a qual desafio te proporias? 
Uma ficção fantástica, cujo universo seja habitado por antípodas que sabem da nossa existência e são desejosos em nos sabotar, por entenderem que precisamos de desafios antes de morrermos e passarmos para o próximo estágio.

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro? 
A transformação de loucuras em palavras, ou talvez o contrário. O futuro está em eterna construção e até lá muita água rolará escada abaixo!

Descreve-te numa palavra: 
Sonhador