As Flores Perdidas de Alice Hart (longo
suspiro, uma sensação de paz crescente na alma, já estou preparada para falar
deste romance, de tirar o fôlego). Da autoria de Holly Ringland. Este livro,
embrulhado num papel fofinho, com uma mensagem da autora aos leitores
portugueses e um raminho de flores silvestres, chegou a minha casa
recentemente.
E digo-o, sem qualquer dúvida,
este é o meu livro. Aquele que tanto procurei. O tal. Diretamente para a minha
prateleira dos livros preferidos e diretamente para o meu coração. Não é à toa
que esta narrativa está a conquistar tantos leitores ao redor do mundo.
Nesta obra, acompanhamos Alice,
uma menina de nove anos. Alice possui uma ligação profunda com as flores, o
fogo, o mar. Cresceu entre os canaviais, de pés descalços e com um mundo de
curiosidade assente nas mãos.
A relação com o pai e a mãe,
sempre foi pautada pela intempestividade da figura materna e alguma violência. A
mãe ensinou-lhe que o fogo servia para transformar as coisas, e Alice sonhava
em atear fogo ao pai, na esperança de o tornar alguém diferente, de apagar o
monstro dentro dele.
No entanto, uma tragédia assola
esta pequena família e Alice, órfã, fica aos encargos da avó materna que lhe
era até então desconhecida. Alice é levada para a quinta de Thornfield, onde
conhece as Flores (mulheres que a vida, em algum momento, tramou), apega-se ao
pequeno Oggi, aprende a interpretar a linguagem das flores silvestres e vê-a
como um meio de se comunicar com o mundo exterior.
Mas como nada é perfeito, cresce
com perguntas às quais a avó June nunca conseguiu ter coragem para responder, e
num ímpeto de mágoa e revolta, lança-se no mundo, à procura de si mesma e do
seu lugar.
É neste clima de auto-descoberta e
de coragem que Alice percebe que de todas as histórias que permanecem por
contar, ela é a dona da mais poderosa de todas: a sua própria história. Alice
só precisa encontrar a sua voz.
Com uma narrativa rica e
escorreita, a autora transporta-nos para o oceano e o deserto, leva-nos a
viajar por inúmeros lugares, faz-nos descobrir outras culturas e a linguagem
das flores. Dá-nos toda uma perceção diferente do mundo e do que nos rodeia. Fala-nos
da importância de termos coragem, de acreditarmos, sobretudo, na nossa própria
voz, na nossa força. Fala-nos de como o amor que nos destrói, também nos salva.
A linguagem absolutamente
magnifica, as descrições detalhadas ao mais ínfimo pormenor, as metáforas que
preenchem esta narrativa, conferem à obra, no seu todo, uma profundidade tal, que nos arrepia. Como um murro no estômago. Este livro entranha-se em nós.
O ano ainda não terminou, mas
estou certa de que esta foi a melhor leitura com que me deparei nestes últimos
meses. Uma história que me marcou profundamente e ao qual tenciono voltar. Uma história
para ser sorvida ao máximo.
Parabenizo a Porto Editora por
esta fabulosa aposta. Espero que no futuro, possamos ter a oportunidade de
conhecer mais trabalhos da Holly.
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