Paula Jorge nasceu na cidade da Beira, Moçambique. Licenciou-se em Antropologia Social pelo ISCTE. Profissionalizada em Português e História e Geografia de Portugal. Possui a Especialização em Necessidades Educativas Especiais - Domínio Cognitivo e Motor pelo Instituto Superior de Educação e Ciências. Possui o Curso Básico de Ciências Religiosas pelo ISCRA e o Mestrado em Ciências Religiosas – Área de EMRC, com o tema Dignidade da Vida Humana na Pessoa com Necessidades Educativas Especiais pela Universidade Católica de Braga. Exerce atividade docente desde 1995.
Olá Paula, é um gosto poder conhecer-te melhor e
apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar:
Como que é que te iniciaste na escrita? O meu
primeiro livro, que está na gaveta à espera de ilustrador, é um livro infantil.
Um livro indicado para o pré-escolar e primeiro ciclo que aborda a temática das
birras, dos medos, dos sonhos e dos desejos das crianças. É um livro muito
envolvente e com a exploração de um universo incrível de emoções e de afetos.
Qual o sentimento que te domina quando escreves? Não
posso descrever um só sentimento quando escrevo. São vários os sentimentos que
me assolam. Penso que é da junção de vários sentimentos que nascem obras
diferentes. Por vezes, sinto quietude, outras vezes sinto agitação ou tormenta.
É deste resultado que nasce uma história que prende o leitor.
O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa? A
escrita ajuda a auto conhecer-me. Ao escrever, reflito sobre acontecimentos,
sobre sentimentos, sobre estados de espírito e identifico-me, ou não, com
aquela situação. Ao escrever, coloco-me, por vezes, no lugar da personagem e
penso como agiria eu perante tal facto. Se a escrita mudou algo em mim, ainda
não sei responder, mas que me ajuda a crescer enquanto pessoa, isso é uma
realidade.
E enquanto escritora, o que tens aprendido? No
seguimento da questão anterior, aprendo, acima de tudo, a valorizar o outro. Ao
colocar-me no lugar dos demais, percebemos que cada pessoa tem uma história
para contar, cada pessoa tem uma realidade que é só sua, cada pessoa é um
universo único.
Tens algum ritual de escrita? Não tenho ritual
nenhum, apenas gosto de estar muito sossegada, num canto da casa, a ouvir
música com os auscultadores e a considerar que aquele tempo é só meu. Daquele
tempo terá de surgir algo muito envolvente e profundo para ser mostrado ao
mundo. Por isso, a seriedade e o profissionalismo são uma das minhas grandes
marcas quando escrevo.
Como definirias esta arte na tua vida? Esta arte na
minha vida não é definida de forma muito linear. Um dom, um talento, uma
faculdade pode ser representada na escrita, na música, na pintura, na
representação, na leitura. O mais importante é desenvolver, de forma séria, um
talento que se tenha e mostrá-lo ao mundo. Não o empacotar e arrumá-lo para
ninguém ver. Todos nós temos algo de interessante a mostrar. Demoramos, por
vezes, a encontrar esse talento, mas quando ele se revelar, devemos trabalhar
muito para o aprimorar e para o cultivar em pleno.
A escrita é para ti, uma necessidade
ou um passatempo? É a junção das duas. Uma necessidade, na medida em que
preciso dela para me completar. Um passatempo, porque adoro dedicar tempo a
escrever.
O teu primeiro livro publicado chama-se “Paula”. É um livro
com um cunho bastante pessoal. Podes falar-nos um pouco dele? “Paula”
tem pedaços de mim, mas não é um auto-retrato. É um livro que fala da vida de
uma mulher contemporânea que tem muitas dúvidas existenciais, incertezas,
questões sobre o que a rodeia e a perturba. Mostra a sua infância, a
adolescência e a fase adulta. Adora a natureza, a família, o mar, a terra,
envolve-se em causas sociais e dá a conhecer a bela região de Lafões com os
seus usos, trajes, lendas, costumes e tradições.
Como surgiram as ideias para compor este livro? As ideias foram surgindo de forma muito fluente. Fui
pegando em pedaços da minha história de vida e a partir daí foi fácil fantasiar
o enredo e as personagens.
Como é que este livro foi recebido pelos leitores? Tem sido muito bem recebido, graças a Deus. Fiz o
lançamento do livro no dia 3 de março de 2018, no Balneário Rainha Dona Amélia
das Termas de S. Pedro do Sul e uma apresentação do livro na FNAC do Palácio do
Gelo de Viseu, no dia 9 de setembro de 2018. No dia 1 de junho de 2018 estive
numa sessão de autógrafos na Feira do Livro de Lisboa e tenho sido convidada
para falar deste projeto em diversas Rádios e Jornais regionais.
Quais os trabalhos que já realizaste no âmbito da escrita,
para além deste livro? Como já referi no início, tenho um livro infantil
escrito, a precisar apenas de ilustração e edição, portanto, ainda na gaveta.
Muito recentemente fui selecionada para integrar a Antologia de Poesia
Portuguesa Contemporânea que irá ter o seu lançamento no dia 21 de outubro,
pelas 14:30h, no Grande Auditório do convento São Francisco em Coimbra.
Gostas de ler? Consideras importante ler para se escrever
bem? Adoro ler. Quem lê muito vê os seus
conhecimentos alargarem a cada dia. É uma espécie de bola de neve que, ao
rodar, vai crescendo.
Acreditas que os jovens dão a devida importância à
literatura nos tempos atuais? Não. Julgo que
os jovens têm outras prioridades. Vivemos na era da tecnologia, da comunicação
(entendida como rápida) e do consumismo. A maioria dos jovens não tem muita
tendência para a literatura. A própria sociedade também não. É necessário
cultivar a espera, a leitura e a própria paciência, que é algo que falta a
todos.
Como encaras o processo de edição em Portugal? É um processo muito caro, moroso e difícil. É muito fácil
editar livros com a ajuda dos padrinhos, mas quando o próprio autor tem de se
chegar para a frente, há poucos a fazê-lo. No entanto, as pessoas não sabem
disto, nem têm de saber, por isso não reconhecem o devido valor a quem o faz.
Além da escrita, que outras paixões, nutres que te
completam enquanto pessoa? A paixão pela
família, pelo mar, pela natureza, pela música, pelo ensino, por Deus.
Quais os temas que gostas de abordar quando escreves? Adoro
abordar a temática das emoções, dos afetos, de questões filosóficas
existenciais, de problemas sociais. Acho que é também dever de um autor falar
de temas frágeis, que mexam com estruturas e que questionem protótipos muito
enraizados.
Se só pudesses ler apenas um único
livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado? “Na
Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei“ de Paulo Coelho. Foi o meu pai que mo
ofereceu há muitos anos. Eu, sempre que o leio, sento-me no chão e choro.
Pensas em publicar novamente? É algo que não me sai do pensamento. É uma realização tão
plena que experimentas que precisas da próxima para te realizares de novo.
Se tivesses de escrever noutro género literário, a qual
desafio te proporias? Esta é uma questão que
eu não consigo responder. “Paula” é um romance de ficção, mas revejo-me também
nos livros infantis, livros de poesia, livros de auto-ajuda, de tradição
popular e até de gastronomia.
Imagina a tua vida sem a escrita, como seria? Seria certamente mais pobre e muito mais triste.
Apenas numa palavra, descreve-te: LUTADORA
(Nem sempre consigo, mas nunca
desisto!)
Sinopse
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