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Em
tempos, realizavam-se oferendas humanas em pântanos. Agora, há pessoas a
desaparecer… Crê-se que antigamente os pântanos eram usados como locais onde se
realizavam sacrifícios humanos. Por serem pobres em oxigénio, estes terrenos
atrasavam o processo de decomposição dos corpos, levando à sua preservação. Há
por isso quem acredite que as almas lá enterradas não conseguem encontrar
descanso, atraindo até si novas vítimas. Nathalie Nordström é uma jovem bióloga
que se desloca até a um pântano no norte da Suécia para realizar uma
experiência de campo. Nathalie cresceu naquela zona, mas partiu quando uma
terrível tragédia se abateu sobre a sua família. Numa noite de tempestade, um
mau pressentimento leva-a até ao pântano. Lá encontra um homem inconsciente,
prestes a afundar-se. A polícia começa a investigar o caso e acaba por
encontrar cadáveres ali enterrados. Estará o pântano a reclamar mais sacrifícios,
como alguns habitantes locais acreditam?
Opinião
O Pântano dos Sacrifícios da autora nórdica, Susanne
Jansson, é uma das novidades da TOPSELLER deste mês de junho.
Cada vez fico mais rendida aos thrillers e os policiais
nórdicos, e começo a compreender o alarde em torno deste género literário. Narrativas
com um misto de sobrenatural e crimes para desvendar são provavelmente o
ingrediente chave para tornar um livro poderoso.
A história gira em torno de Nathalie, uma jovem bióloga que retorna
às suas raízes para concluir a sua tese, porém, é sabido desde as primeiras
páginas que Nathalie tem um interesse maior e mais pessoal por aquele local,
por aquele pântano específico, o mistério à cerca do trágico passado desta
protagonista mantém-se forte durante longas páginas, e é também este ponto
positivo que me mantém agarrada ao livro.
É ao encontrar Johannes espancado e inconsciente junto ao pântano
que tudo se começa a desenrolar, Johannes é um estudante de Artes em Fengerskog
e pratica jogging regularmente pelos trilhos do pântano. Johannes é encontrado com moedas de dez coroas nos bolsos. Este é o lado mais místico do
crime; qual o significado destas moedas? Será um acaso ou algo mais sinistro estará de facto a acontecer?
No passado, diversas culturas faziam oferendas aos pântanos,
incluindo, oferendas humanas. Acreditava-se que era necessária saciar a fome
dos espíritos, de modo a que estes permitissem que os vivos levassem a sua vida
em paz. Ao ser descoberto o corpo preservado de uma rapariga da Idade do Ferro,
a Rapariga de Arando, naquele que é conhecido como o Pântano de Sacrifícios, diversas pessoas vão desaparecendo, no entanto, não há
uma ligação fidedigna ao pântano, o que leva a que essas crenças sejam somente
isso, crenças em poderes sobrenaturais.
Outra personagem feminina, bastante forte, por sinal, é-nos
apresentada no decorrer da narrativa, Maya, uma jovem artista e fotógrafa, que
em part-time coopera com a polícia. Maya interessa-se pelas histórias misteriosas
em torno daquele lugar tão peculiar e inicia um projeto fotográfico onde nos
vai dando a conhecer – ao mesmo tempo que Nathalie nos apresenta a sua infância
– as pessoas do passado de Nathalie.
Com esta aura mística, a narrativa atrai-nos e mantém-nos na
esperança de respostas para todas as questões que vão sendo impostas ao longo
da história. O misticismo e a investigação policial ganham contornos cada vez
mais fortes, e é esta encruzilhada que torna o livro tão bom.
As descrições estão na medida certa, e a narrativa
bem-estruturada alia-se à linguagem da autora, totalmente acessível e
escorreita. Outro ponto positivo que devo ressaltar é a tradução e revisão da
obra, que estão impecáveis e são louváveis. Afinal, denotam a dedicação e o trabalho
dos profissionais que deram forma a esta obra.
Fiquei curiosa com a escrita da autora e resta-me aguardar
que novos títulos surjam. Foi uma aposta da Topseller, que tem tudo para ser um
sucesso em Portugal como foi no seu país de origem.
Este é um livro irreverente, cuja narrativa marca pela
diferença! A mestria da autora trouxe-nos um final surpreendente e totalmente
inesperado. Uma verdadeira lufada de ar fresco.
Letícia Brito
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