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«1001 Coisas Que Nunca Te Disse»
é o primeiro livro da autora portuguesa, Catarina Rodrigues, publicado este mês
pela Oficina do Livro.
Neste seu primeiro romance,
Catarina, faz-nos embarcar numa viagem pela vida de uma jovem mulher, Sara,
após a separação de David. Uma traição coloca por terra todos os sonhos,
ambições e desejos de Sara, fazendo-a enveredar por caminhos mais tortuosos,
numa tentativa de superar o seu desgosto de amor.
A história é narrada ao leitor
pela própria Sara, através de uma série de cartas dirigidas ao ex-namorado,
David. Nessas cartas, Sara tenta encontrar uma razão para todo o sofrimento com
que se deparou, falando-nos da importância de acreditarmos na nossa força e
resiliência.
Sara é uma mulher independente e
corajosa, que vê todas as suas defesas serem derrubadas ao ponto de se sentir
incapaz de amar outra vez. A sua vontade de viver e de viajar, a sua fome pelo
mundo e desejo de conhecer novos lugares e culturas, são fundamentais para a
ajudarem a ultrapassar o grande amor que a moldou e mudou para sempre.
A Sara podia ser qualquer um de
nós na busca pela superação, é uma personagem com a qual nos identificamos facilmente
por ser tão genuína e transmitir fielmente os sentimentos que experimentamos
após um desgosto amoroso.
Todas as mulheres, em algum momento,
ficaram fragilizadas, subestimaram-se e até se anularam por outrem, não que
isso seja uma atitude moralmente correta, mas enquanto humanos, é inevitável. Não
faz da mulher fraca ou impotente, mostra apenas que temos coração, e se a
literatura propaga que sofrer por amor é bonito e um tanto poético, então algum
fundo de verdade deve existir nessa afirmação.
Através das cartas que escreve a
David, Sara vai desvendando ao leitor os meandros da sua vida, conhecemos
a sua infância e adolescência, acompanhamos a relação com os pais, a irmã e a
avó, relações essas que a moldam desde criança e fazem dela a mulher que hoje
se afirma. Conhecemos os seus sonhos, a sua vida universitária, as suas dificuldades
e viajamos com ela, de encontro a novos países e de encontro a si mesma.
A necessidade de Sara escrever ao
ex-namorado com o intuito de lhe dizer tudo o que precisa ser dito antes de dar
o próximo passo em frente, mostra-nos também, o poder da escrita, o poder de
exorcizar os nossos medos e demónios.
Em alguns momentos da leitura,
tive mesmo a sensação de que estava a ler um relato real, o que tornou a
leitura mais ávida e me fez devorar este livro em pouquíssimo tempo.
A linguagem da autora é simples e
sem filtros, bastante direta e intensa, envolve-nos com facilidade, tornando a
leitura agradável.
Esta aposta da Oficina do Livro é
mais um daqueles livros que nos ficam no coração. Uma obra que nos faz sorrir e
acreditar no poder do amor e nosso poder interior.
Letícia Brito
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