Fábio, sê bem-vindo a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como é que te iniciaste na escrita? Obrigado pela entrevista. É um prazer iniciar esta parceria com a Oficina da Escrita. Lembro-me de andar na escola e detestar ler! Só quando me apaixonei perdidamente e comecei a viver o dissabor do amor é que comecei a ler. Lembro-me de pesquisar sobre livros que contassem uma história semelhante à minha. A partir daí comecei a escrever. Inicialmente escrevia cartas de amor… só anos depois me aventurei na escrita de histórias mais longas e ficcionais. 

São inúmeros os sentimentos que nascem no âmago do escritor. Quais aqueles com que mais te identificas? Amor. É o sentimento que me move em todos os sentidos da minha vida. Na escrita, essencialmente. Sou da opinião de que o amor é o maior motor do mundo e que sem ele nada acontece, nada vale a pena.

O que é que a escrita mudou em ti enquanto pessoa? Sou muito tímido e envergonhado, tenho muita dificuldade em expor-me. A escrita é a única ferramenta que utilizo para me mostrar ao mundo.  

E enquanto escritor, o que tens aprendido? Como um ator aprende com todas as suas personagens, um escritor aprende com todas as suas histórias. Eu gosto de ouvir as histórias de vida das outras pessoas. Gosto de escrever histórias baseadas em tudo o que vejo e ouço. Então eu aprendo com tudo isso. Eu evoluo assim. A escrita ensinou-me a praticar a resiliência, a paciência e a criatividade.

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso? Começou por ser uma necessidade. Eu desabafava com o papel o que não conseguia desabafar com ninguém. A escrita foi uma ferramenta útil no meu processo de superação da depressão. Hoje a escrita continua a ser uma necessidade. Será sempre. 

Concluíste o secundário na área de Línguas e Humanidades. Esta área teve alguma influência na tua escrita? Não. Na verdade eu segui essa área por ser péssimo nas outras. Para terminar o secundário essa área parecia-me a mais fácil.  

Assumes que a obra de Margarida Rebelo Pinto é uma inspiração. A sua obra reflete-se de algum modo na tua escrita? Sem dúvida! A Margarida Rebelo Pinto é a minha autora de eleição. Identifico-me muito com as suas histórias e com a forma como escreve. Ela é uma romancista de mão cheia. E eu aprecio um bom romance! Ela privilegia os sentimentos humanos; eu também.

Publicaste recentemente o livro «Antes de Dizer-te Adeus». Podes falar-nos um pouco sobre este título? Encontrei a história para esse livro na sala de espera do serviço de oncologia. Desde que vi o desespero de um homem que estava prestes a perder a mulher da sua vida para o cancro que a ideia começou a nascer na minha cabeça. Demorei alguns anos a começar a escrever essa história. E confesso que foi doloroso. Não só porque a história se baseava num acontecimento real, mas porque tive que resgatar as minhas emoções e sentimentos para emprestar às minhas personagens. É um livro real que incentiva as pessoas a viver o presente e a ter coragem para viver o que sentem, quando o sentem e enquanto é tempo. 

O que te inspirou a escrevê-lo? A minha maior inspiração foi, sem margem para dúvidas, o homem que encontrei na sala de espera da unidade oncológica onde a minha avó era seguida. Nunca esqueço as lágrimas e o desespero daquele homem. Nem das palavras que disse. Aliado a isso, as minhas próprias experiências também ajudaram.

Como têm reagido os leitores perante o teu trabalho? Tenho recebido muitos elogios. Confesso que não esperava porque eu não me considero um escritor! Eu limito-me a escrever sobre as coisas que conheço, sobre sentimentos e emoções que já senti. Fico feliz por ver que há pessoas que se identificam e que gostam. 

Adaptas-te com facilidade aos diversos géneros literários ou requer muita pesquisa e esforço? Sou capaz de ler qualquer género literário. Mas confesso que não conseguiria escrever sobre assuntos e temas que não domino. 

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado? Ficaria com dois. «Diário da Tua Ausência» e «O Dia em que te esqueci». Ambos da Margarida Rebelo Pinto. Foram livros que me fizeram entrar na história e me despertaram emoções fortes e inesquecíveis. Já o disse à própria Margarida: senti-me a personagem principal. Eu senti aquelas linhas como se fossem minhas.

Se tivesses de escrever num género diferente, a qual desafio te proporias?  Talvez arriscasse na escrita de um thriller.

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro? Eu não penso no futuro. Estou a ver no que tudo isto vai dar. 

Descreve-te numa palavra: Sentimental, sempre.