Bastos Vianna, é com muita satisfação que o recebo nesta rubrica para nos dar a conhecer um pouco do seu percurso no romance. Antes de mais, como surgiu o gosto pela escrita? Creio que terá surgido com o gosto pela leitura logo na infância. A minha mãe lia-me todos os dias uma história para adormecer com os livros da Anita que o meu pai comprava. Ainda antes de ir para a escola primária já lia muitas das palavras. A partir daí a leitura tornou-se uma constante presença na minha vida de uma forma bastante eclética, desde a Revista Tintim, e todas as BDs inerentes para durante a adolescência ler todos os clássicos portugueses e estrangeiros desde o romance, aos policiais, filósofos e políticos. Recordo que a escrita terá surgido com a invenção de redacções logo na primária e que durante a adolescência se transformaram em prosa poética que escrevia e oferecia às namoradas 😉. Depois em adulto fui escrevendo ora artigos profissionais nas revistas das diversas Companhias em que trabalhei ou mesmo enquanto Professor na Profitecla. Só quando em 2019 rescindi, amigavelmente, o meu contrato de trabalho é que editei o meu primeiro livro técnico sobre Auditoria Interna ao qual se seguiram um de prosa poética, um de contos, um romance histórico familiar e estes dois volumes da Saga da Descendente de Nzinga.

São inúmeros os sentimentos que nascem no âmago do escritor. Quais aqueles com que mais se identifica? Essencialmente a visão holística do mundo e a consciência quântica, a busca permanente de conhecimento e de mim próprio, o desapego de sentimentos negativos, o olhar e escutar os outros, a partilha. O gozo da Comunicação e a Liberdade.

Como define a escrita na sua vida: um passatempo, um trabalho, uma necessidade ou um acaso?Tendo começado por um passatempo, rapidamente se tornou o manifesto de uma necessidade.

É Jurista de Formação, formador certificado, profissional de seguros, e destaca-se na área de seguros, Imobiliária e Financeira, desenvolvimento de negócios e equipas/pessoas. Estas áreas exerceram alguma influência sobre a escrita? Claro que sim. O percurso ateou o fogo da escrita já que enveredei muito pela Comunicação nas suas diferentes formas. Nós somos fruto da educação, das vicissitudes e das circunstâncias, somos animais sócio-políticos e eternamente insatisfeitos buscando sempre respostas. A minha escrita tem todos esses componentes e um forte trabalho de pesquisa histórica e factual para fundamentar e criar as personagens fictícias.


Iniciou-se na publicação com livros técnicos e de outras obras de cariz poético. Como tem sido o seu percurso literário? Uma aprendizagem e desafio contínuos. Gosto de escrever como leio ou seja por capítulos e tomando notas à mão, tal transfere-se para o que escrevo permitindo ao leitor ir fazendo pausas e reflectindo em diversos temas. Se a poesia surge quase de chofre porque é vida, os contos surgem na linha de pequenas reflexões e os romances com um aprofundar e crescimento de personagens, mas igualmente por capítulos em que as personagens e os temas se vão tornando mais intensos.

Em 2020 iniciou o romance “A Descendente de Nzinga”, cujo primeiro volume foi lançado durante o ano transacto. O que o motivou a escrever esta Saga? A curiosidade pela história de uma figura extremamente influente na história e na Colonização de África e a pergunta – e se houvesse uma descendente nos tempos actuais de Pandemia e político-social de Angola? Depois as personagens e o enredo tomaram vida… 

Como têm reagido os leitores? O tempo não está fácil para as Editoras e consequentemente para os escritores. As críticas têm sido bastante positivas, as plataformas digitais têm ajudado a divulgação e as vendas e já tenho leitores fidelizados. Claro que o objectivo final seria um Best-Seller mas não é com esse intuito que escrevo.

Se só pudesse ler um único livro para o resto da sua vida, qual seria o privilegiado? Seria difícil escolher só um…mas talvez um dos seguinte: A Fogueira da Vaidade, de Tom Wolf, O Nome da Rosa, de Humberto Eco ou o Papillon, de Henri Charrière….

Se tivesse que escrever um género diferente, a qual desafio se proporia? Seguramente uma biografia, ou um livro infantojuvenil.

O que é que os leitores podem esperar de si para o futuro? Não faço planos a longo prazo mas diria que nos próximos dois a 3 anos regressarei aos contos, talvez ao ensaio de uma biografia e a um novo compêndio técnico sobre Auditoria e Liderança Comercial.

Descreva-se numa palavra: APAIXONADO.

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