Um livro simples, de poucas páginas, cuja leitura se faz com brevidade, mas que nos preenche inteiramente, à semelhança do que sucede com as outras obras de Pessoa.
Neste livro, Pessoa ficciona um diálogo entre cidadãos sobre a tentativa do Golpe de Estado, tendo a Farmácia do Evaristo como pano de fundo. Após a ordem ser restaurada, a farmácia começa a receber os seus clientes habituais, cujas opiniões vão sendo partilhadas e amplamente analisadas entre si.
Controversas por vezes, mas sempre com o intuito de questionar, de incitar à reflexão, este é um livro que leva também o próprio leitor a fazer este exercício de reflexão ao mesmo tempo que traz de volta a polémica já gerada nos primórdios, aquando a sua publicação.
A verdade é que, embora seja um livro relativamente pequeno, o seu conteúdo, como referi em cima, preenche-nos, é grande, impressiona e questiona. Naquele que é um conto sobre filosofia política, somos levados a parar e a pensar sobre as «idas e vindas» da política em Portugal. Grandes autores, como é Pessoa, conseguem exercer este poder sobre os leitores, e apesar de tantos anos já terem passado desde a história que Pessoa nos conta, a verdade é que é desta história que é feito o país.
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