Margarida, sê bem-vinda a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como é que te iniciaste na escrita? Desde que aprendi a escrever ganhei paixão pelas palavras! Comecei a escrever em diários pessoais desde a primária e prolonguei por muitos anos. Em 2009, surgiu a oportunidade de escrever o meu primeiro livro a convite de uma editora, de nome «Sim, sou virgem e Então?». Uma autobiografia que adorei escrever. A partir daqui esta paixão transformou-se em amor. 

São inúmeros os sentimentos que nascem no âmago do escritor. Quais aqueles com que mais te identificas? Os sentimentos são a nossa maior riqueza! Eu identifico-me essencialmente com o amor, ele é o que faz mover o mundo e a nossa vida. Com a paixão, essa chama que nos impulsa a seguir em frente, e tento a todo custo combater o medo, não que ele seja ruim, porque o medo também nos protege, mas não pode ser maior que a nossa fé. 

O que é que a escrita mudou em ti enquanto pessoa? A escrita faz-me pensar, faz-me observar o mundo e a mim própria. Conheço-me muito melhor porque muitas vezes escrevo sobre mim, é uma terapia, aceito mais facilmente as coisas menos boas que me acontecem porque passo para o papel, é como se as memórias ganhassem formas. Fiquei mais paciente, tolerante, ouço os outros com mais atenção e compreendo melhor as emoções humanas. A escrita faz-me crescer. 

E enquanto escritora, o que tens aprendido? Que estou sempre a aprender! Que há sempre novas formas de expressar a nossa criatividade e que tenho, acima de tudo, de ler mais e mais para escrever sempre melhor. 

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso? Uma necessidade, uma terapia, uma forma de vida, uma semente que deixo no mundo.

Estudaste Comunicação e Produção de Eventos. Em 2008 fundaste o Clube das Virgens e em 2009 lançaste a tua autobiografia em livro de nome «Sim, Sou Virgem e Então?». Podes falar-nos um pouco sobre esta primeira experiência na edição? Este meu primeiro livro surgiu a convite de uma editora devido a uma certa exposição pública que adquiri na altura em que fui presidente do clube das virgens. Lembro-me perfeitamente, com 25 anos, de ficar super entusiasmada com esta possibilidade de ter um livro escrito por mim, que quem quisesse poderia ler os meus pensamentos, a minha história de vida até ali. Foi um misto de emoções! Reuni com os editores, lembro-me que me passaram várias perguntas e disseram-me que daquelas perguntas eu ia desenvolver os textos que ia dar origem ao livro! Sentei-me no meu velhinho computador a escrever praticamente todos os dias, e cada dia que passava sentia-me mais feliz e orgulhosa da minha história. Foi então a 26 novembro de 2009 o lançamento do meu primeiro livro. Logo no início de 2010 surgiu um convite por parte do jornal Correio da Manhã para ser colunista todos os domingos, que aceitei com muito gosto! Foram 10 meses onde semanalmente escrevia o meu diário como o sempre fiz em criança e adolescente, mas desta vez um diário público, toda a gente lia, e respondia a uma pergunta do leitor!

Em 2012 lançaste o teu primeiro álbum de música em dupla, dedicado às crianças, de nome «Sonhos», com originais. O que te levou a enveredar pela área musical? Eu sempre me considerei e considero uma eterna criança, elas são a luz do mundo! E em conversa com o responsável do estúdio de gravação musical surgiu o convite para gravar o CD, o qual aceitei com muito gosto e compus algumas letras, tendo uma delas, ter ido apresentar na altura a um programa das manhãs da TVI. Foi uma emoção muito boa! E é uma área ainda atual na minha vida, não em dupla, mas a solo com o meu projeto infantil Maggy A Fada Dos Sonhos. 

Foste também artista de circo e esta realidade inspirou o romance que lançaste em 2015 «Um Amor e Um Trapézio». Podes partilhar um pouco sobre este segundo livro? Eu trabalhei e trabalho no mundo encantado do Circo todos os natais, no grande circo Victor Hugo Cardinali, foi uma paixão muito fácil de sentir porque eu adoro tudo que é fantasia. No entanto, este livro surgiu a partir de um romance falhado que eu tive com um artista de circo. Esse romance não deu certo e na altura fiquei muito triste e resolvi escrever. Este livro conta a minha história com esse artista e conta muito da vida de circo, acontece na ilha da Madeira, que é a terra da minha família materna. Este livro funcionou como terapia, eu costumo dizer que o comecei a escrever com uma lágrima e acabei com um sorriso…

Durante a tua participação na Casa dos Segredos 7, idealizaste e criaste o teu livro mais recente, publicado em 2019, «Os Homens, O Amor e A Fruta». O que te motivou a escrever este livro? Podes falar-nos um pouco sobre ele? Ao sair da Casa 7 e antes de começar a escrever o livro, recebi um convite do grupo Impala para escrever na revista Maria, era uma colaboração semanal que me dava muito prazer escrever, embora o conteúdo fosse algo meio provocador, pois eram contos eróticos! Mas é como costumo dizer, posso não ter prática, mas criatividade e imaginação não me faltam! Foi uma colaboração de 4 meses, onde ao mesmo tempo ia escrevendo o meu terceiro livro. Este livro é o mais «maduro» é um livro onde deixei a minha alma falar, é um livro que fala de amor incondicional por nós mesmos. É uma redescoberta de mim. Começo por contar a minha viagem a Marrocos, e da subida ao topo da duna em pleno deserto, onde comtemplei o nascer do sol mais lindo da minha vida. Nesse mesmo dia, nasci de novo. Este livro incentiva as pessoas a seguirem os seus sonhos, a acreditarem na vida, a se perdoarem e a perdoarem os outros. Este livro ensina que a felicidade é não perceber nada da vida e mesmo assim ser feliz… Depois a última parte do livro eu usei o meu sentido de humor e comparo os homens à fruta! De certa forma eles não são assim tão diferentes! Existe fruta madura, fruta verde, fruta doce mais amarga, fruta com ou sem caroços, fácil ou difícil de descascar… Os homens são iguais! Homens maduros, homens que não sabem o que querem, homens doces, homens frios, homens difíceis, homens fáceis… Cabe ao leitor ler e descobrir que tipo de fruta é… «Homem morango», «Homem banana», «Homem ananás» …

Podes partilhar connosco um pouco do processo de escrita dos teus livros? Claro que sim! O primeiro livro tinha uma ajuda, que eram as tais perguntas do editor para eu desenvolver em textos, eu praticamente só tinha de puxar pelas minhas memórias e era como se estivesse a escrever nos meus diários… O meu segundo livro comecei a escrever do nada, fiquei imenso tempo a olhar para a folha em branco do computador para saber como começar, eu sabia o que queria contar, mas não sabia como começar… engraçado que não escrevi estruturado, gosto de escrever conforme o que sinto no momento. No terceiro livro, a primeira parte foi baseada na minha viagem a Marrocos e simplesmente deixei o coração falar, aliás este era inicialmente o título que tinha pensado «Deixa o coração falar» ou «Quando o coração fala». Como juntei a parte humorística dos homens mudei o nome. Nesta parte fiz uma pesquisa não de homens, mas de frutas e as suas caraterísticas, apontei no papel e fui igualando aos homens. Confesso que me fartei de rir com os meus próprios textos! 

Como têm reagido os leitores  perante o teu trabalho? As pessoas, vêm me dar os parabéns pela iniciativa, mas acima de tudo pela coragem de expor praticamente a minha vida toda nos meus três livros. Eu costumo dizer que não tenho segredos, a minha vida é um livro aberto. Algumas pessoas chamaram-me a atenção por algumas gralhas nos meus livros, de certa forma tento fazer mostrar que o importante não é o erro ortográfico é se a pessoa percebeu ou não a mensagem, a essência. Mas, infelizmente, ainda existe muita gente que gosta de procurar a nuvem no meio de um céu cheio de sol. Mas, no geral, e graças a Deus, os leitores reagem bem e querem sempre saber qual a parte real do meu livro e a ficcionada! Ora bem, essa parte só eu sei!

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado? O Alquimista, de Paulo Coelho! Sem dúvida um livro que toca a alma, o coração e nos faz seguir os sonhos e a vida é isto…

Se tivesses de escrever num género literário diferente, a qual desafio te proporias? Estou nessa fase! Agora com o meu projeto infantil «Maggy A Fada Dos Sonhos», o meu quarto livro irá ser infantil! Estou praticamente às escuras nesta área no plano da escrita, tenho de pesquisar, tenho de pedir conselhos a alguém da área, pois as crianças são um público muito exigente! Mas eu vou conseguir! 

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro? Eu estou sempre a imaginar, a reinventar-me, a pensar em coisas para fazer e para escrever, nem que seja no meu blogue. Agora também tenho os meus vídeos no meu canal do YouTube direcionados às crianças, onde tento ajudar a formar crianças mais altruístas, talvez assim os futuros adultos deste país tenham valores e sejam realmente felizes, afinal nascemos para isso. Seja na escrita de livros, ou na música eles que me aguardem! 

Descreve-te numa palavra: Liberdade.