Carmindo, sê bem-vindo a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como é que te iniciaste na escrita? Iniciei-me ao pensar umas quadras para «consumo interno», que apresentava em eventos de familiares e amigos.

São inúmeros os sentimentos que nascem no âmago do escritor. Quais aqueles com que mais te identificas? O sentimento de prazer da descoberta, no resultado final do envolvimento entre a ficção e a realidade, e posterior partilha.

O que é que a escrita mudou em ti enquanto pessoa? Certamente tornou-me mais atento ao espaço envolvente, e mais crítico em relação ao mundo. Às pessoas, costumes e ao que a Natureza nos oferece a cada momento.

E enquanto escritor, o que tens aprendido? Aprendi que por muito que já tenha dito, muito mais ficará por dizer.  

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso? Começou por brincadeira por baralhar letras sobre ideias. Depois foi como uma bola de neve que rebola e cresce. Tornou-se uma necessidade constante no pensar, relatar, partilhar ideias, e isso funciona como tónico «capilar» no poder desabafar, aliviar tensões, tirar de mim os meus fantasmas! E expulsá-los para bem longe.   

Desempenhaste vários cargos no plano profissional. Esta realidade teve alguma influência na tua escrita? Penso que o facto de ter tido momentos de grande exigência, em cuidado e responsabilidade, talvez se tenha refletido algo na escrita no sentido de a encarar com mais respeito e, sem sequer, laivos de leviandade.  

Começaste a dar os primeiros passos na escrita só depois dos trinta anos. O que te motivou a escrever e a partilhar os teus trabalhos? Nem sei bem. Foi como disse antes. Surgiu em algumas ideias, apanhei o gosto, deixei-me ir e depois vi-me enredado na teia «necessidade», de querer falar, falar muito. E a escrita foi o meio, o veículo ideal. Pude falar sem ser perturbado, interrompido, nem contrariado. Disse o que me apeteceu. E pronto, foi o que foi, como foi, e assim ficou.

Publicaste «Na Asa do Vento» através da Emporium Editora, em janeiro de 2020. O que te inspirou a escrever este título? Logicamente todos os escritos têm incluídas, mais ou menos transparentes, mensagens e desejos. Em alguns temas manifesto o desejo de abalar. Num barco [quiçá algo de remanescente por ter sido Marinheiro], ou ir mesmo a pé. Mas o máximo seria poder ir sentado na Asa do Vento, errante mundo fora. 

Podes falar-nos um pouco sobre o processo de escrita desta obra? Processo? Não sei. Nunca tive aprendizagem ou formação literária. Estive cinquenta e três anos com a quarta classe. Depois voltei à escola e tornei-me um aluno serôdio. Com a oportunidade dos métodos existentes, consegui obter o décimo segundo ano. Depois fiz prova de competências ou admissão e consegui entrar para a Universidade Aberta. Estou tentando obter a Licenciatura, Humanidades. Tudo isto pelo prazer da aventura, da busca de conhecimento, e tentar ocupar o tempo que pelo estatuto de reformado me é permitido, de uma forma útil, em vez de fútil. Reparo que praticamente não respondi à questão, mas acho que ficou claro o porquê. 

Que outros trabalhos já criaste e/ou publicaste? Criei oito livros que foram parar ao lixo, fruto do crivo da minha maia perfecionista! E mais outros oito que foi o que ficou no crivo. São cinco de Poesia e três de: Conto, Crónica, Artigos de opinião, Histórias de vida, da minha e de outros, tudo embaralhado e emaranhado num molho. O que os torna em obras talvez menores, mas pelo estilo serão únicas, sem concorrência!

Entre o Ter e o Querer

Entre os Quês e os Porquês

Entre Margens

Entre Ondas de Ar e Amar

Entre Olhos e Folhos

Conversas de Papel

Crematório de Consciências

Tenho mais três na gaveta esperando o sol que ilumine o caminho! ...

Como têm reagido os leitores perante o teu trabalho? Muito bem. Tenho arquivados comentários de professores Universitários, de alguma pessoas que conheço, outras não. Mas todas me dedicam palavras simpáticas que se tornam num grande incentivo. E com isso empurram-me e encorajam a marchar em frente. E eu, feliz e contente deixo-me ir.   

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado? Ufa! Esta é forte. Não sei, seria difícil optar por algum dos tantos autores que conheço e dos quais já li alguns livros: Miguel Torga, Alves Redol, Guerra Junqueiro, Eça de Queiroz, Aquilino Ribeiro, Lobo Antunes, José Saramago, José Luís Peixoto. E tantos outros.  

Se tivesses de escrever num género diferente, a qual desafio te proporias? Poesia no estilo Soneto, que considero nobre, e que nunca tentei sequer. E em policiais. Mas como estou «viciado» no tudo ao molho, seria difícil ligar os pontos e as pontas.

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro? Muitos escritos para os quais vão ter que arranjar paciência para me aturar! 

Descreve-te numa palavra: Floresta [densa, perigosa, magnética, atraente e cativante, misteriosa].

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