Esta narrativa começa com uma história real, um relato dos momentos que antecederam a morte de Francisco Sá Carneiro, a 4 de dezembro de 1980, que à data era Primeiro-Ministro português. Alguns anos depois, a 4 de dezembro de 2000, um jornalista é assassinado na Ponte 25 de Abril, e em 2019, também a 4 de Dezembro, uma explosão nas instalações da OTAN em Oeiras provoca vários mortos.
Qual será a ligação entre estas datas e os respetivos crimes, eis a dúvida que assola o protagonista desta história, Jorge Ferreira, Inspetor da Polícia Judiciária.
Num clima contínuo de mistério e tensão, somos convidados a conhecer a história de Jorge Ferreira, que se une ao melhor amigo, Mário, para trabalhar na investigação. Somos ainda convidados a conhecer os seus medos e angústias, e até as suas relações amorosas - inclusive com Isabel [ou Agente Correia]. Esta procura por descobrir o que se passa e por evitar algo maior ainda, um ataque provavelmente dantesco, mantém o nosso protagonista ávido.
O autor recorre muito ao uso de diálogos, o que torna a narrativa bastante fluída, permite-nos criar uma ligação com as personagens e privar com elas, tal como elas privam entre si.
A linguagem simples, direta e descomplicada do autor é outro ponto positivo nesta narrativa, que não se torna cansativa, pelo contrário, proporciona-nos um momento agradável de leitura.
O género policial é um género que aprecio particularmente, e fui surpreendida por esta obra de Ricardo Bragança Silveira, que vagueia pelos meandros de uma investigação com Portugal como espaço onde decorre a ação. Foram poucas as obras que li que tinham o nosso país como pano de fundo, portanto só posso aplaudir a audácia do autor.
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