Mónica, sê bem-vinda a este espaço. Já estivemos à conversa contigo anteriormente e hoje estamos aqui para falar mais um pouco sobre o teu percurso. Publicaste «Inverno» em 2018 e agora apresenta-nos o segundo volume desta história «Primavera». Podes falar-nos um pouco sobre este novo livro? A «Primavera» é o segundo volume da saga e traz-nos duas das personagens do «Inverno», a Luz e o Filipe, que continuam o seu trabalho como agentes da Ordem. Vamos encontrá-los cinco anos depois da primeira missão, na Rússia, em busca de um Diário que contém informações, que podem pôr em causa o presente e o futuro da Ordem. E no meio da encruzilhada de conspirações e espiões internacionais, ambos ainda têm que resolver as encruzilhadas e dúvidas das suas vidas e o Filipe tem que lidar com o seu passado.

Como correu o processo de escrita desta nova obra? Foi muito mais calmo que escrever o «Inverno» e mais rápido. Tive mais tempo disponível para escrever porque fiquei doente e passei muito tempo de baixa, mas o fim do livro já foi escrito comigo de cama e toda a revisão foi feita durante a minha recuperação de uma cirurgia à coluna. Ou seja: a «Primavera» foi fechada comigo literalmente deitada. Uma curiosidade que ainda não tinha contado nem referi no livro, foi que o último capítulo foi fechado já eu estava internada. Fechei a história no hospital de São José, cinco horas antes de ser intervencionada. Foi um livro escrito de maneira diferente e acho que é isso que o torna tão especial para mim.

Foi um processo demorado? Já tinhas a história delineada na tua mente? Ou a história fluiu à medida que a foste escrevendo? Demorei cerca de ano e meio a escrevê-la. Quando comecei já tinha uma base sobre a qual queria trabalhar, mas o desenvolvimento fluiu à medida que ia escrevendo. 

O que te inspirou a escrever este novo título? Quando aceitei o desafio de escrever a saga decidi escrever inspirada por coisas que me fascinam e que adoro, dai misturar, romances de época com espionagem, história, armas, e os templários. Para a «Primavera» a inspiração foi um objecto em particular: o Ovo Azul da Serpente, de Fabergé. Tinha que o colocar na trama, assim como um pouco da história dos templários e da cultura russa. 

Como têm reagido os leitores face ao teu trabalho? Muito bem. As críticas têm sido muito boas e tenho sido muito acarinhada e recebido bastante apoio, quer nas Feiras do Livro quer através das redes sociais. Fiquei muito feliz e surpreendida quando percebi o alcance que o meu trabalho tinha alcançado e que quem lia gostava e queria ler mais.

Como definirias a publicação em Portugal? O mundo editorial infelizmente é dominado por dois grandes grupos editoriais que controlam o mercado pelo dinheiro, e nós, novos autores e pequenos editores dificilmente conseguimos competir com eles em pé de igualdade. Vemos isso nas Feiras do Livro, nas livrarias, nos supermercados. As bancas, as prateleiras, os espaços, as montras, é tudo comprado. E as pequenas editoras e os novos autores não lhes conseguem chegar, logo se não nos dão oportunidades, não nos conseguimos dar a conhecer, logo não somos economicamente rentáveis e apetecíveis para investirem em nós. É uma pescadinha de rabo na boca. Dai ser tão importante o apoio que vamos conseguindo ganhar com os bloguers, os booktubers, os bookstragram, e as presenças nas feiras, grandes e pequenas. São eles que nos apresentam ao mundo. 

Quando é que os leitores poderão esperar o próximo livro? Já comecei a escrever o «Verão» (também o alinhavei mentalmente no hospital), mas estive muitas semanas sem escrever, bloqueei completamente, não conseguia encontrar o fio condutor da história, mas agora já encarrilhei. Espero conseguir editá-lo em 2021. 

Descreve-te numa palavra: Resiliente.