Vinny, sê bem-vindo a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: 
Como é que te iniciaste na escrita?
Bom, por conta de eu ter nascido com uma deficiência física (Paralisia Cerebral), minha infância e juventude não foi “normal”. Enquanto meus amigos brincavam, corriam e faziam coisas de criança, eu desde muito cedo, iniciei pelo caminho da leitura, que foi primordial para que me enveredasse posteriormente para a escrita. Desde pequeno escrevia cartinhas aos parentes, em datas comemorativas, algumas pequenas histórias que até participavam de concursos no colégio. E assim peguei gosto de escrever, como distração.

Qual o sentimento que te domina quando escreves?
Um sentimento libertador. A escrita me permite que eu me faça ser ouvido. Como sou um tanto tímido para me expressar falando, encontrei na escrita uma forma segura e sólida para passar minha mensagem. Seja do que penso, ou do que sinto. Além disso, posso ser quem eu quiser ser, enquanto escrevo. Então, em uma palavra, gosto de dizer que a LIBERDADE me domina enquanto escrevo.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
Bom, a escrita tem me trazido segurança, confiança e otimismo. Com ela tenho visto dia após dia, que posso alcançar qualquer objetivo que eu venha a traçar para mim. E mais, tem me permitido falar para conhecidos e anônimos, sobre como eu vejo o mundo, como me enxergo como pessoa. Em suma, a escrita me trouxe e trás esperança em conquistar meu espaço no meio em que vivo e além. 

E enquanto escritor, o que tens aprendido?
Como escritor tenho aprendido diariamente. É um universo muito novo para mim, já que minha primeira obra é recente. Como dito anteriormente, cresci lendo, escrevendo... admirando grandes nomes da literatura nacional como Monteiro Lobato, Machado de Assis, Pedro Bandeira, entre outros; além de internacionais, sendo o meu preferido Ken Follett. Sempre tive o papel de ir na livraria, comprar o livro, abrir e mergulhar no universo da história. Agora como escritor, tenho enveredado por decisões que jamais imaginaria um dia estar tomando. Opiniões sobre edição, divulgação de eventos, entrevistas (risos) entre outras. É um aprendizado diário e constante de tudo que se é necessário para “dar vida a um livro”. Tenho gostado muito

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso?
Não acredito em acaso, posso dizer então que foi um hobby que passou a ser necessidade. Necessidade de deixar minha marca, entre as pessoas que me cercam e quem sabe ao mundo. 
Licenciaste-te em História. Esta formação teve algum impacto na tua escrita?
Certamente. Não só por se tratar de um curso que exige muita leitura e escrita na realização de trabalhos e provas, mas principalmente na questão de incentivar-me a escrever. Afinal, a própria história em si nasceu quando Heródoto decidiu documentar os fatos que julgava importante, da sua nação, do seu tempo. E é o que decidi fazer. Registar “meu eu” no papel.  

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Este mês publicas a tua primeira obra,
Versos ao Amanhecer. Podes falar-nos um pouco sobre este trabalho?
O “Versos ao Amanhecer” está intrinsecamente ligado a minha vida, a minha superação diária. Quando nasceu a ideia, eu tinha comigo que ninguém levaria a sério, que seria mais uma das tantas coisas que escrevi que ficariam engavetadas. Mas, como diz parte do nome da obra, foi o amanhecer, e o amanhecer sempre está ligado a um dia novo, uma nova chance de recomeçar e buscar o seu objetivo. A obra em essência é isso. São sentimentos que carrego comigo, ao nascer de um dia, pensamentos que me vem, sobre a vida, sobre pessoas, lugares que de alguma forma me marcaram positivamente ou negativamente. E isso se aplica a uma forma genérica a praticamente qualquer um que venha a ler, afinal, o nascer do dia sempre nos trás muitas reflexões, sensações...

Como nasceu a ideia para este livro?
É até engraçado a forma que nasceu. Escrevi um poema para uma garota, onde a descrevia, a forma que a via, que a sentia. Ela por sua vez gostou bastante e me lançou um desafio de escrever mais poemas, com variados assuntos. Foi o empurrão que eu precisava. A partir daí dediquei-me a escrever, sempre num tom reflexivo sobre sentimentos, sensações, a forma que enxergo a vida. Quando me dei conta tinha mais de vinte poemas prontos, e que tinham qualidade digna de serem publicados. Nasceu num primeiro momento no “susto”; mas rapidamente ganhou força a ideia. E cá estamos com o livro idealizado e publicado.

Qual tem sido a reação dos leitores face a este projeto?
Pouca gente teve acesso a obra completa ainda. Apresentei alguns dos poemas para amigos e familiares próximos. A maioria foi bem receptiva e de forma até surpresa com essa minha habilidade. Tenho tido muito feedback positivo e já estímulos para novas obras. E claro que sempre há as críticas construtivas também. Preciso delas para melhorar continuamente.

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?
Pergunta dificílima para um devorador de livros (risos)... Mas creio que Pilares da Terra de Ken Follett seria o privilegiado. 

Se tivesses de escrever num género literário diferente, a qual desafio te proporias?
Talvez ao género ficção, já que é o que mais gosto de ler, e tenho mais contacto. 

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro?
Certamente podem e devem esperar muitas, muitas poesias mais, além de possivelmente um desafio diferente num novo género literário. Gosto de me desafiar e desbravar oportunidades em algo que eu domine. No caso a escrita. E podem esperar também uma constante evolução no que escrevo. Como todo artista, nunca estamos satisfeitos com a obra. Quando isso ocorre, você perdeu o foco. 

Descreve-te numa palavra: SUPERAÇÃO