Sei que me amas mesmo quando permaneces em silêncio.
Sei que me amas mesmo quando finjo que não.
Sei que me amas mesmo quando os dias parecem todos iguais.
Às vezes, baixo a cabeça, encolho-me e abraço-me a mim própria, como se o mundo lá fora não tivesse nada de bonito para me oferecer. 
Às vezes, arranho as paredes e a minha pele, na esperança de sentir qualquer coisa, qualquer coisa que não seja a dor que me consome por dentro, a dor de não saber bem quem sou ou sequer para onde vou.
Mas apesar de tudo sei que me amas e saber disso é o bastante. 
Sei que amas mesmo quando bato portas e grito que vou embora. Sei que me amas mesmo quando choro como um bebé desamparado e repudio o mundo em meu redor. Sei que amas mesmo quando me ouves soluçar que penso em morrer todos os dias, e isto até poderia soar poético se não fosse verdade. 
Mas tu permaneces.
Seguras-me.
Agarras-me pelos ombros e agitas-me até que me cale.
Fazes-me engolir cada palavra mal dita e fazes-me sentir nojo de cada pensamento estúpido que me invade, uma ou outra hora.
Quando isso acontece sei porque me amas e sei porque é que apesar de pensar em morrer todos os dias, ainda aqui estou.
Oxalá, todos os loucos como eu, tivessem alguém suficientemente corajoso para amar as suas loucuras, talvez esses não desistissem, talvez o mundo estivesse cheio de pessoas felizes ao invés da tristeza que corre pelas ruas desenfreada. 
Sei que me amas mesmo quando estás em silêncio. 
Sei que o teu silêncio é amor. 
Que no silêncio nos amamos e nos encontramos. 
Que é nesse teu silêncio que as palavras se soltam de formas que eu desconhecia, transbordando, clamando ao meu coração.
Obrigada, amor, pelos teus silêncios. 
Que às vezes não compreendo, mas que são sempre tão certos.