Vieirinha, sê
bem-vinda a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como que é que te iniciaste na
escrita?
Grata estou eu pelas suas
palavras, generosidade e oportunidade de dar a conhecer ao leitor o meu
trabalho. Ao qual agradeço a sua existência na minha vida.
Eu sempre escrevi para a
gaveta muito embora existissem épocas com maiores necessidade do que outras.
Para o leitor pela partilha, comecei a escrever num grupo de poesia
administrado por Pedro Timpeira em Lisboa, através da Internet "Recanto da
Poesia em verso e Prosa" no ano de 2012, muito embora já tivesse
participado em projetos escolares ligados à literatura, fui membro do Clube
Juvenil Verbo, era o que tínhamos na época da minha juventude. Sou resiliente,
acredito nas minhas capacidades, tanto que continuo a frequentar o instituto de
Inglês em Vila Nova de Gaia e tenho obtido bons resultados (não pretendo apenas
um Inglês falado, a escrita é igualmente importante até porque me ajuda cada
vez mais no Português).
Qual o
sentimento que te domina quando escreves?
Já tive fases de revolta,
amor, indignação, mágoa, injustiça, dor e criatividade, um pouco de tudo. Agora
talvez me sinta mais apta, mais apaixonada por mim e por todos aqueles que
sempre valorizaram as minhas qualidades.
O que é que
a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
A escrita não mudou nada
em mim enquanto pessoa, sinto-me a mesma Mulher embora com maior acumular de experiências
e conhecimento, mais profunda e decidida. A escrita mudou a forma como as
pessoas me viam, muitas mudaram de postura perante mim e como é lógico tive de
tomar novas posições perante as situações que me eram apresentadas, continuo
defendendo os mesmos valores e muitas vezes com algum esforço da minha parte
pois vivemos tempos de uma sociedade livre, acho que um dos défices dessa
liberdade é o sentido de orientação e a forma como se gere o respeito e
responsabilidade perante o outro (Opiniões contrárias). Mas a escrita tem sido
uma mais-valia no sentido de maior profissionalismo e capacidade de
resiliência, no sentido de melhorar a mim mesma no todo.
A escrita é
para ti, uma necessidade ou um passatempo?
A escrita iniciou como
uma necessidade até porque como disléxico não acho um passatempo muito
divertido, posso dizer-lhe que a minha necessidade de expressar, de mudar minha
forma de ver o mundo e de fazer o mundo pensar, foi encontrada através da
escrita, e o próprio motivo foi a escrita. Fazer entender que o disléxico não é
um inútil, um disléxico pode lá chegar apesar de ter que trabalhar muito mais e
eu serei a prova disso.
Tens dois
heterónimos “Lo Escrita” e “Maria de Mais”. Como é que surgiram estes nomes?
Lo Escrita é um lado mais
infantil, criativo e sonhador que todas nós mulheres criamos e desejamos ter
dentro de nós, já Maria de Mais é uma mulher carregada de humor, liberalista
típica Maria rapaz. Enquanto lo escrita revejo muito a infância, Maria de Mais
surge numa época após divórcio onde fui alvo de uma situação social controversa
e indesejável perante os meus valores, onde a audácia e perspicácia se
afloraram. Por isso o assumir do pseudónimo de Vieirinha Vieira o poço das
emoções mais profundas, onde existe um complemento entre os estados de alma das
três criaturas, sendo eu uma quarta (Cláudia Vieira) o complemento total delas.
Frequentaste
o curso profissional de contabilidade e gestão. Esta formação teve impacto no
teu trabalho enquanto escritora?
Sim, claro. Era
improvável alguém disléxico ser escritor e ainda sinto o quanto é visto com
maus olhos as minhas opções. O curso foi um pouco fugir à necessidade de
escrever visto que a viabilidade era vista por todos como nula, uma tentativa
de minha parte em encontrar uma profissão numa outra área. (O gosto pela
filosofia sempre foi muito presente durante a formação)
Publicaste
o teu primeiro livro “A menina que fui”. Podes falar-nos um pouco sobre ele?
É preciso ver que este
livro embora todo ele escrito e elaborado por mim teve a mais-valia de ser
perscrutado pela Doutora Aida Araújo. Na altura passei as férias
de verão a encontrar uma lógica criativa nos textos, algo que pode-se
interessar ao leitor para além do aglomerar das letras, algo diferente que
fizesse o leitor pensar e repensar, identificar-se e renasce-se. Quem sabe uma
nova dialética mas dentro do vocabulário comum. O livro "A menina que
fui" reporta aos crescimentos e duvidas, as sombras por que todos nós
passamos, as reflexões e sonhos da sensibilidade ao sentimento. No fundo a
menina que cada uma de nós carrega, hora a hora. "A menina que
fui" é uma mulher sensual de bom gosto e com cultura, educação. Uma mulher
que vive na sua torre de marfim de noite e de dia. Recordo que na altura
convidei também a poeta Ana Albergaria para fazer a apresentação deste, pois
foi a forma de transpor amizade em assimetrias, sem rivalidades. Lembro que
este livro foi apresentado na casa Barbot, em Vila nova de Gaia.
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Entretanto
surgiu “Vestigium D’Arbor”. Porquê a poesia?
Vestigium D`Arbor é um
livro extremamente profundo, até então só falei com uma pessoa que chegou muito
próximo do seu significado (ou seja, do significado que eu como autora lhe
atribuo). Poesia? Acho que são características que nasce em nós. E afloram com
a vida. Este livro é um livro que fala de dor, Deus, vida, realismo e Sexualidade.
A poesia é a defesa da humanidade e como todos os outros seres, eu sou humana. Recordo ter convidado a
Prof. Fernanda Santos de Braga, por considerar uma mulher de personalidade,
justa e frontal.
Como tem
sido a reação dos leitores face a este trabalho?
Em primeira mão sinto
muito silêncio, mas as pessoas que se prenunciam normalmente são pela positiva,
alguns mais próximos não se admiram (conhece-me)! Aqueles que só conhecem de
passagem esses por vezes sinto um certo receio na abordagem. Se desejar ver o sucesso
do livro "Vestigium D`Arbor" pelas vendas? Sim, foi um fracasso! Mas
se este for visto pelo impacto causado no meio social? Confesso que foi um dos
maiores sucessos da minha vida.
Quais os
temas que gostas de abordar quando escreves, para além daqueles que podemos
encontrar nas tuas obras?
Abordo todos os temas
muito embora exista alguns que exigem de mim mais atenção mas o que mais gosto
é criar, criar algo paradisíaco e bom. Na escrita estou mais camuflada do que
na vida real e enquanto me escondo atrás de algumas palavras é noutras que me
encontro, não sofro de preconceitos mas já me cansei com julgamentos. A ideia
não é que me conheçam a mim e sim a si próprios. “REFLEXOS", essa é a mais-valia
da poesia e da sua partilha. E quem sabe o próximo livro de Vieirinha Vieira.
Já
realizaste outros trabalhos no âmbito da escrita? Quais?
Sim. Já tenho
participações como coautora em mais de 50 livros em diversas editoras, não só
com poesia mas também com cronica ,conto e fábula. Alguns e-books, exposições,
cenas de teatro já marquei presença em feiras de livro e festivais literários.
Se só
pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o
privilegiado?
A Bíblia.
Pensas em
publicar novamente?
Sim! Aliás tenho muito
material basicamente preparado. Mas tudo a seu tempo até porque também penso
abandonar a escrita muitas vezes, ou seja continuarei a escrever e elaborar projetos
mesmo sabendo que os grandes senhores estão na espionagem, no roubo das ideias
e direitos de autor. Mas devido às constantes ameaças, prejuízos, invasão de
privacidade e faltas de respeito por parte de alguns dos responsáveis no
próprio sector da escrita vai surgir um afastamento involuntário mas propositado
da minha parte, a pressão exercida que tem vindo a ser feita sobre minha
família e sobre mim mesma tem agravado a minha saúde, na verdade: é que no
final todo mundo morre. Já passei a fase de querer mudar o mundo e o meu mundo
hoje está bem mais rico, experiências que tenho vindo a realizar falam por si.
" Não aceitar os meus trabalhos é um direito que assiste a todos mas
faltar ao respeito andar por trás a criar instabilidade, rivalidade e difamação
só mostra que apesar de muitas pessoas saberem escrever muito bem são pessoas
muito mal formadas" E como tal eu afasto-me até porque é conveniente ao
poder politico manipular o pensamento das pessoas e eu não sou mais um ser
manipulável. "As luzes da ribalta são procuradas pelos que não tem luz,
aquele que tem luz própria não tem essa necessidade de procura."
Se tivesses
de escrever noutro género literário, a qual desafio te proporias?
Os géneros com os quais
me identifico são, sem dúvida, o Lírico, infantil e dramático.
O que é que
os leitores podem esperar de ti para o futuro?
O meu melhor. "Não
sou do tipo de me dar bem com Deus e o Diabo mas também não alimento
alcoviteirices e más palavras, sempre fui 8 ou 80 mas também não me enquadro
como juiz, deixo isso para aqueles que se sente atentados desse poder e
saber". A Maturidade faz-me saber respeitar e afastar em silêncio.
Descreve-te
numa palavra:
DETERMINAÇÃO.
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