Diana, sê bem-vinda a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como que é que te iniciaste na escrita?
Iniciei-me na escrita bastante cedo, quando andava ainda na escola primária. Escrevia redações enormes quando andava na escola primária e contos, alguns dos quais deverão ainda estar no sótão de casa dos meus pais. Concorria a concursos de contos infantis na escola, e cheguei até a ganhar alguns. Entretanto, por falta de tempo ou de iniciativa, parei de escrever. Até agora.

Qual o sentimento que te domina quando escreves?
Escrever é um prazer. Durante a escrita deste livro, que durou aproximadamente dois meses e meio, sempre que tinha algum tempo livre, sentava-me em frente ao computador para escrever. Começava a escrever a primeira frase, a segunda, e tudo o resto fluía naturalmente. A escrita transmite-me uma sensação de liberdade e de alegria. E estimula bastante a imaginação! Ao longo do processo, dou vida a diferentes personagens, com personalidades e vivências muito distintas, e isso dá-me ainda mais gosto para continuar...

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
A escrita tornou-me uma pessoa mais atenta. E sobretudo fez-me aprender a pensar pelos outros. O processo de criação de personagens obriga um autor a pensar na segunda pessoa, a ver o mundo numa perspetiva que, a maior parte das vezes, não é de todo a dele. Isso implica estar mais atenta às conversas que temos com os outros, a prestar mais atenção ao mundo que nos rodeia, porque tudo à nossa volta serve como fonte de inspiração.

E enquanto escritora, o que tens aprendido?
Muito. A escrita é, ao mesmo tempo, um trabalho de descoberta e, diria, de pesquisa também. O facto de descrever vivências que não são as minhas obrigou-me a contactar pessoas que passaram por algo semelhante e a ler testemunhos na Internet. Aprende-se imenso. Por exemplo, durante a escrita do meu livro, aprendi bastante sobre voluntariado, do qual não tinha a mínima noção antes.

Tens algum ritual de escrita?
Não posso dizer que tenha um ritual. Só o de me sentar em frente ao computador e deixar as ideias fluírem. Às vezes escrevo à noite, depois de um dia de trabalho, outras vezes durante um dia completo, sobretudo no meu dia de folga. Escrevo quando me sinto com energia e imaginação para o fazer.

A escrita é para ti, uma necessidade ou um passatempo?
As duas coisas. É um passatempo, algo ao qual me dedico nos meus tempos livres, mas que faço porque tenho necessidade. Quando tenho ideias tenho necessidade de as expressar, e uso a escrita para isso.

Doutoraste-te em Ciências Farmacêuticas. Esta formação teve impacto no teu trabalho enquanto escritora?
Sim. As nossas vivências, de uma forma ou de outra, influenciam a forma como escrevemos e o que escrevemos. Uma das personagens do meu livro é estudante de doutoramento, tal como eu fui. Talvez se não tivesse feito um doutoramento nem sequer teria pensado em dar corpo a uma personagem que tem este tipo de trabalho. Apesar das vivências da personagem enquanto estudante não serem de todo as minhas.
Publicaste recentemente o teu primeiro romance, “Duas Irmãs”. Podes falar-nos um pouco sobre ele?
Claro que sim. É um romance que conta a história de duas irmãs gémeas, a Laura e a Gabriela, e a vida delas desde que nasceram até à idade adulta. A um dado momento, a vida delas segue caminhos diferentes e, sem desvendar muito, há um suicídio que afeta as personagens e a forma como elas lidam com isso. É um livro que leva as pessoas a refletir sobre temas como a depressão, a saúde mental, o ritmo de vida atual e a influência das nossas ações na vida das pessoas que nos rodeiam.

É um livro que aborda temáticas complexas, tais como o suicídio e a depressão, tornando-o certamente num livro de emoções fortes. O que te levou a escrever sobre esses temas no teu primeiro romance?
Infelizmente, pouco antes de começar a escrever o livro, tive conhecimento de alguém que se tinha suicidado por não aguentar a pressão no trabalho. A sobrecarga de trabalho e o mal-estar que isso provoca nas pessoas é, infelizmente, um tema bastante atual e que é ainda tabu. As pessoas não abordam habitualmente este tema com facilidade. Foi aí que decidi escrever o livro. Vivemos numa sociedade que está em constante competição e o bem-estar das pessoas é sempre deixado para segundo plano. E é algo para o qual todos temos de despertar... 

E como tem sido a reação dos leitores face a este trabalho?
Tem sido boa. O livro foi lançado em maio deste ano e recebi já algumas mensagens de amigos que compraram o livro e que o leram de uma só vez sem interrupção, porque a história os cativou. Acharam interessante a forma realista como descrevi as emoções de cada personagem ao longo do livro, e o facto de que consegui descrever o que é ter uma irmã gémea (dito por alguém que tem uma irmã gémea). Por isso, as críticas foram positivas, de forma geral.

Quais os temas que gostas de abordar quando escreves, para além daqueles que podemos encontrar no teu primeiro livro publicado?
Depende. Gosto de escrever sobre viagens, artigos de opinião sobre temáticas atuais (emigração, desemprego, ...), sobre temas que façam refletir as pessoas. Por vezes, isto implica escrever sobre temas polémicos e tristes, porque é nos momentos tristes ou quando há uma polémica sobre algo que passamos mais tempo a refletir. 

Já realizaste outros trabalhos no âmbito da escrita? Quais?
Este é o meu primeiro romance. Escrevia bastante quando era pequena, mas eram pequenos contos que acabavam guardados no sótão dos meus pais, pelo que não pode ser considerado verdadeiramente um trabalho. Tenho alguns trabalhos escritos publicados, mas que são trabalhos mais técnicos, como artigos ou teses. Este é verdadeiramente o meu primeiro trabalho no âmbito da escrita. 

Gostas de ler? Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?
Adoro ler! O livro privilegiado seria "Viver depois de ti" de Jojo Moyes. Li este livro, vi o filme e adorei. Seria bem capaz de lê-lo de novo e, ainda assim, continuaria a gostar. 

Pensas em publicar novamente?
Talvez. O mundo literário é um mundo difícil atualmente, diria mesmo impenetrável. É muito difícil conseguir visibilidade para quem está a começar. Mas não teria problemas em publicar novamente. 

Se tivesses de escrever noutro género literário, a qual desafio te proporias?
Contos infantis. É algo que me motiva e que talvez faça no futuro. 

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro?
No seguimento da questão anterior, talvez a publicação de um livro infantil. Ou outro romance sobre uma temática atual que faça as pessoas refletir. O futuro o dirá... 

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