Um Clarão de Luz de Jodi Picoult
Coleção: Grandes Narrativas nº 710
Tema: Ficção e Literatura
Título Original: A Spark of Light
Tradução: Manuela Madureira
ISBN: 978-972-23-6340-2
Páginas: 368
Sinopse
Um dia quente de outono começa como qualquer outro no Centro - uma clínica que presta cuidados de saúde
reprodutiva a mulheres. Como habitualmente, os seus funcionários acolhem as pacientes que ali se encontram
para aconselhamento e tratamentos. De repente, pelo final da manhã, um homem armado entra nas instalações
e começa a disparar, causando feridos e fazendo reféns.
O agente de polícia Hugh McElroy, especialista em negociar a libertação de reféns, estabelece um perímetro de
segurança e traça um plano para comunicar com o atirador. Ao olhar sub -repticiamente para as mensagens
recebidas no seu telemóvel, apercebe-se, horrorizado, de que Wren, a sua filha de apenas quinze anos, se
encontra no interior da clinica.
Wren não está só. Ela vai partilhar as horas seguintes, sob um clima de grande tensão, com outras pessoas :
uma enfermeira em pânico, que tem de se autocontrolar para salvar a vida de uma mulher ferida; um médico
que põe a sua fé à prova como nunca antes acontecera; uma ativista pró -vida, que se tinha feito passar por
paciente e é agora vítima da mesma raiva que ela própria sentia; uma jovem que quer abortar. E o próprio
atirador, completamente transtornado, a querer ser ouvido.
Uma narrativa que equaciona a complexa temática dos direitos das mulheres grávidas e dos direitos dos seres
que elas estão a gerar, além de refletir sobre o significado de ser boa mãe e bom pai. Um romance desafiador , absorvente e apaixonante.
Opinião
A autora Jodi Picoult é, sem sombra de dúvida, mestre na escrita de livros poderosos e marcantes com temáticas atuais e que fazem com que nos questionemos continuamente. Para mim é isso que é um bom livro, um livro capaz de nos fazer pensar, refletir sobre as nossas próprias escolhas e onde o mote é o "e se". E se fossemos nós naquela situação? E se aquela decisão fosse nossa?
A sua escrita é escorreita e muito direta, e as suas histórias - de um valor intrínseco - são mensagens constantes para o leitor.
A autora tem um modo muito particular de construir as suas narrativas. Está em permanente evolução e sempre brinda o leitor com novas formas de narrativa, com personagens irreverentes e inesquecíveis.
O que mais aprecio nesta autora é a sua capacidade de se adaptar às histórias que conta, fazendo com que as sintamos em nós.
Neste novo livro, Um Clarão de Luz (COMPRAR AQUI), publicado no presente ano pela Editorial Presença, que já anteriormente satisfez os leitores portugueses com outros títulos da Jodi, temos uma narrativa coesa e "do avesso".
Achei muito curiosa a forma como a autora criou esta obra, que sim, está do avesso. Ou seja, nas primeiras páginas sabemos à priori o que se está a suceder, começamos pelo fim da história, e nos capítulos seguintes a história vai recuando e vamos percebendo como tudo se passou. As razões que despoletaram o momento chave da obra, o primeiro momento que nos foi dado a conhecer.
Acompanhamos, assim, o agente da polícia Hugh McElroy que está a liderar a negociação de reféns, numa clínica - o Centro - que presta cuidados de saúde reprodutiva a mulheres. Dentro da clínica está Wren, a filha de quinze anos do agente da polícia, uma ativista pró-vida, uma enfermeira que tenta salvar a vida de Bex, a tia de Wren, uma jovem que acabou de fazer um aborto, um médico ciente de que faz o melhor pelas mulheres que chegam ao Centro e o próprio atirador, George Goddard, motivado pela notícia de que a filha fizera um aborto.
Esta narrativa é repleta de emoções e a autora domina bem a arte de nos fazer questionar temas que, na maioria das vezes, preferimos evitar.
O que é ser boa mãe ou bom pai? Será que as mulheres têm direito sobre o seu próprio corpo? Ao darmos às mulheres esses direitos, estaremos a retirar o direito à vida das crianças que elas estão a gerar? Ou será que ao dar direitos às crianças que elas estão a gerar, estamos, na verdade, a retirar o direito à mulher sobre o seu próprio corpo?
Creio que um tema tão pouco abordado como o aborto merece uma grande atenção, no entanto, todos os casos são únicos e eu própria não consigo tomar uma posição. Penso e reflito sobre o aborto. Peso os prós e os contras, mas a verdade, a derradeira verdade, é que até que sejamos nós, no lugar daquelas mulheres, nunca saberemos realmente o que faríamos.
Esta obra, à semelhança das restantes da autora, teve um peso fulcral na minha vida e no meu pensamento. É uma narrativa curta, contrariamente aos outros livros já escritos pela Jodi Picoult, mas é uma narrativa densa no seu conteúdo.
Para, sobretudo, refletirmos sobre as nossas próprias decisões. É sobre isto que a autora escreve. E é por isto que precisa de ser lida.
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