“Santa Bakhita” (COMPRAR AQUI),
de Véronique Olmi foi, sem dúvida, uma surpresa mais do que agradável. Fiquei rendida
quer à escrita envolvente da autora, quer à história de vida de Bakhita.
Publicado em
Portugal pela Porto Editora, este romance leva-nos numa viagem envolvente,
traumática e comovente pela vida da jovem Bakhita que, raptada aos seis anos,
foi feita escrava e sofreu atrocidades impensáveis às mãos dos seus senhores.
Através da
escrita de Véronique Olim, acompanhamos a jornada desta jovem negra, postumamente
beatificada e canonizada pelo Papa João Paulo II, da escravidão à liberdade, de
África a Itália, onde se tornaria Moretta
e dedicaria a sua vida a Deus e às crianças.
Um ponto
muito positivo desta obra é que nos permite conhecer mais sobre a escravidão e
aquilo a que tantos seres humanos foram sujeitos. E embora Bakhita tenha
conquistado o seu lugar em Itália, ainda assim, toda a sua vida foi marcada
pelo facto de ter sido uma escrava e, somente na fé, conseguiu encontrar a paz
que almejava.
A narrativa
está dividida em duas partes sendo que, na primeira, é descrita a sua infância
e a adolescência e, claro, o primeiro contacto com a escravidão e a sua luta
para partir do Sudão para Itália. É uma leitura pesada, mas muito enriquecedora
pela mensagem que nos transmite. Em Bakhita está patente uma coragem grandiosa
e uma força de viver que a resgata do mundo.
Na segunda
parte temos uma Bakhita mais crescida que prestes a ser levada de novo para África,
defende a sua liberdade e dedica-se à vida de freira, nas irmãs canossianas.
O estilo de
escrita da autora fascinou-me. Uma prosa poética. Que tanto nos causa horror,
como compaixão. Amor. E tristeza. É uma escrita pungente em emoção. A originalidade
da narração da história de Bakhita, definitivamente, conquistou-me.
Foi uma
leitura prazerosa, que me tocou no coração e me emocionou.
De facto, «um dos livros mais belos da rentrée literária», como escreveu Le Figaro.
Sinopse
Quando Bakhita foi raptada da sua aldeia natal, no Sudão, tinha apenas sete anos e estava longe de imaginar a extraordinária odisseia em que ia transformar-se a sua vida.
Feita escrava pelos raptores, vendida, trocada e oferecida várias vezes, conheceu a maldade humana em toda a sua dimensão e sentiu-a na pele ao ser vítima da crueldade dos seus senhores.
Anos mais tarde, um cônsul italiano comprou-a, e foi na Europa, depois de uma batalha judicial, que Bakhita voltou a conhecer a liberdade. Abraçou, então, a vida religiosa junto das Irmãs Canossianas, em Veneza, e atravessou o tumulto das duas guerras mundiais, consagrando a vida às crianças pobres e auxiliando os soldados feridos.
É essa história que Véronique Olmi conta de forma tocante neste seu romance, que em 2017 venceu o Prémio Fnac e foi finalista dos Prémios Femina e Goncourt – a história de uma criança feliz que veio a passar pelos maiores sofrimentos, mas que acabou canonizada por João Paulo II.
(fonte: Porto Editora)
Véronique Olmi nasceu em Nice, França, em 1962, e vive atualmente em Paris.
Tem escrito peças de teatro, romances e novelas. A sua obra encontra-se atualmente traduzida em vinte idiomas, sendo os seus textos dramáticos representados em França e em vários palcos internacionais.
O primeiro romance que publicou, Bord de Mer (2001), recebeu o Prémio Alain-Fournier. Uma década depois, ganhou o Prémio Maison de la Presse com o livro Cet Èté-Là.
Uma leitura:
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