Gosto muito do Mário Zambujal, este senhor está, aliás, entre os meus autores lusófonos preferidos! E gosto ainda mais de escrever críticas sobre obras que me apaixonam e divertem. 

Há algumas semanas escrevi aqui sobre outro título do Mário Zambujal, Já Não Se Escrevem Cartas de Amor, e durante muito tempo adiei a leitura das Crónicas dos Bons Malandros, no entanto, a editora Clube do Autor lançou recentemente a edição definitiva desta obra, que me suscitou ainda mais curiosidade.

O senhor Álvaro - diretor da Gazeta - com quem troco muitas ideias, já me falara a respeito deste título, então, sem dúvida que chegara o momento de me aventurar nesta leitura (obrigatória). 

Estamos a falar de um livro que tem quase 40 anos de vida e tem feito as delícias de diversas gerações.

Nesta sua icónica obra, acompanhamos a história de uma quadrilha (de bons malandros) muito à moda portuguesa, personagens caricatas e cheias de personalidade, com passados conturbados e uma grande missão em mãos: assaltar a Gulbenkian! 

Num momento em que está em alta a série espanhola La Casa De Papel que retrata um assalto à Casa da Moeda de Espanha, achei interessantíssimo, que há cerca de 40 anos, o Mário já tivesse abordado um tema tão peculiar. No entanto, num registo muito divertido. 

Os capítulos não são longos e tornam a leitura fluída, ao longos destes vamos conhecendo a quadrilha, no geral. Depois, o autor apresenta-nos a história de cada personagem em particular e como é que cada uma delas acabou por integrar o grupo de Renato, o Pacifico. Há aqui uma ironia evidente entre os nomes que o autor deu a cada uma das personagens, de acordo com as suas características físicas e psicológicas. 

A narrativa está bem estruturada e a ação é rápida, todos estes fatores conferem muito dinamismo à leitura, conduzindo-nos até ao final de forma surpreendente. Sempre atentos, sempre ansiosos. 

A história apresentada é recheada de humor, escrita de forma clara, simples e inteligente. Com personagens divertidos, marcantes e despretensiosos. É fácil criar empatia com estes bons malandros, chegamos, inclusive, a torcer para que a sua louca missão obtenha o resultado que ambicionam.

Mário Zambujal apresenta-nos uma obra descontraída, hilariante e maravilhosa na sua simplicidade. Lê-se num par de horas e fica-se com um gosto de "quero mais". Foi uma excelente surpresa. 

Recomendo a leitura! Para além de proporcionar momentos divertidos, a escrita do autor é escorreita e agradável, e este livro ficará, sem dúvida, entre os meus prediletos.