O único problema do ser humano, é não ser humano. É viver como máquina, isento de sentimentos, vazio de escolhas e deixar que os outros decidam tudo por nós. É cumprimentar fulano para agradar, é sorrir a sicrano por educação, e achar que beltrano vai ficar feliz com a nossa felicidade. É olhar ao nosso redor e não ver as verdades que dançam nuas na nossa frente. É olhar-mo-nos ao espelho e acharmos sempre que: o cabelo não está bem, as olheiras estão demasiado marcadas, aquele dente está mais torto que os outros, os vizinhos são sempre melhores que nós. É «andar por ver os outros». Ver beleza na hipocrisia, deitar na cama com a ignorância e acreditar piamente que somos donos de nós, quando deixamos de ter controlo da nossa própria vida, no primeiro momento em que demos voz a outros sobre nós. Acho que dormi por tempo demais, deixei-me arrastar pelo ego de quem me rodeava, deixei que o mundo me esquecesse, permiti que me fizessem personagem secundária de uma história que sou eu que escrevo. Então, só te quero lembrar, nunca, mas nunca, deixes a caneta da tua vida, nas mãos de quem não aprendeu a escrever.
Letícia Brito