Joana, sê bem-vinda a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como é que te iniciaste na escrita?
Desde a adolescência que tenho mais por hábito escrever do que falar. A palavra escrita sempre me fascinou, porque muito cedo percebi que através de uma caneta e papel podia expressar tudo aquilo que sentia sem perturbação exterior. E desde aí que comunicar por escrito passou a ser uma "arma" comunicacional onde me sinto livre para libertar tudo o que preciso"

São inúmeros os sentimentos que nascem no âmago do escritor. Quais aqueles com que mais te identificas?
Sentimentos sobre o amor, sem dúvida.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
A escrita revelou uma parte de mim que desconhecia. Ao reler aquilo que escrevo espelho a minha nudez interior. E desta forma passei a conhecer-me na totalidade daquilo que sou.

E enquanto escritora, o que tens aprendido?
Não consigo ver-me como escritora porque nunca escrevi com esse intuito. No entanto, percebo que com a partilha daquilo que escrevo ajudo outros a reverem-se nas mesmas formas de estar e sentir que eu e isso é exactamente o que me incentiva a escrever cada vez mais. Ao desmembrar tudo aquilo que sinto dou voz aqueles que de alguma forma têm dificuldade em expressar o que sentem.

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso?
Uma arte de expressão e libertação.

És licenciada em Gestão de Maketing e durante alguns anos trabalhaste em publicidade na imprensa e na rádio. Esta área teve alguma influência na tua escrita?

Esta área não contribuiu directamente para a escrita em si, mas o facto de viver determinadas experiências nas empresas em que estive e com as pessoas com que trabalhei foram mais uma forma de inspiração para escrever. Até porque o meu trabalho era mais relacionado com a área comercial e não com a escrita. 

És mentora do projeto “Escreve Comigo” que trabalha a escrita numa vertente terapêutica. O que te levou a enveredar por este caminho?
Como disse anteriormente a escrita permitiu revelar um lado meu que desconhecia, assim como libertar emoções e sentimentos que se escondiam atrás da minha personalidade. E este facto revelou-se terapêutico para mim, pois ajudou-me a crescer e a amadurecer em determinados pontos. E isso trouxe-me paz e conhecimento de quem sou. A partir daí achei que tinha como "missão" partilhar o método que encontrei para me "curar" a outras pessoas. E assim nasceu o projecto "Escreve Comigo".

Publicaste dois livros “Palco da Vida” e “Crónicas de Uma Alma Despida”. Como correram essas experiências?
São duas obras muito pouco ou nada comerciais. São dirigidas a um leitor muito específico. Quem me lê costuma dizer que faz uma viagem enriquecedora por um mundo de sentimentos muito nobres e pouco usuais nos dias de hoje. E como somos um nicho muito "pequenino" posso dizer que estas duas experiências contribuíram para nos alimentar a alma daquilo que é escasso.

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Tens participado em antologias de poesia e já participaste inclusive na terceira edição da obra “Somos Mais do Que Histórias”. Acreditas que este género de projeto é bom para estimular a criatividade dos novos autores?
Sim, são projetos de louvar que dão voz a novos autores que tanto têm para nos mostrar.

És cronista em alguns jornais e revistas. É fácil conciliar este trabalho com a escrita dos teus livros ou requer algum esforço e empenho?
A escrita não é um esforço para mim, mas sim uma lufada de ar fresco e permite-me que esteja no meu verdadeiro Mundo. Por isso não tenho que fazer um esforço extra. Até porque tenho um trabalho convencional que me ocupa a grande parte do tempo, assim como a minha família e estes projectos que me chamam para escrever são o meu oásis. Os livros foram escritos durante anos, nunca com o intuito de serem livros. Vou escrevendo no dia a dia e chega a uma altura que faz sentido compilar e partilhar nesse formato.

Preparas agora o lançamento do terceiro livro “Romeu e Julieta é Queijo com Marmelada”. Podes falar-nos um pouco deste novo trabalho e sobre o que te motivou a escrevê-lo?
Este novo projecto foi o mais difícil de decidir se deveria partilhar ou não. É uma encenação real de uma mulher pelo mundo dos relacionamentos, pelas alegrias e dores destes encontros. Nunca me ocorreu tornar pública a minha intimidade, até ao momento que percebi que as cartas que escrevi durante as minhas relações me ajudaram a perceber a forma como Amo. E que o sofrimento que muitos de nós passamos pelo fim das relações, não pode ser visto como uma fatalidade, mas sim como uma experiência que serviu para nos conhecermos ainda melhor e que serve para nos incentivar a querermos viver mais aquilo que merecemos. Porque quanto mais nos amarmos, quanto mais nos conhecermos, mais preparados ficamos para um dia vivermos uma relação madura e equilibrada. O fim das relações levam muitas vezes ao suicídio, homicídio, depressão ou doença e por esta razão ganhei coragem e expus o que de mais privado tenho em mim em prol de ajudar aqueles que Amam com a mesma sensibilidade e dedicação que eu.

Como têm reagido os leitores face ao teu trabalho?
Reagem com bastante curiosidade e depois de me lerem transmitem-me que se encontraram através das minhas experiências.

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?
Os Filhos da Droga de Christiane F., um livro que marcou a minha adolescência de tal forma que pintei um quadro da imagem da capa. Fez-me sentir o desespero e as emoções mais nuas que podemos ter derivadas de um vício. Neste caso é a droga, mas o tipo de sensações que temos em relação ao apego a relações emocionais por exemplo, pode trazer o mesmo tipo de tortura e dor.

Se tivesses de escrever num género diferente, a qual desafio te proporias?
Uma autobiografia. Tenho experiências de vida muito cinematográficas e gostava muito de um dia elevar a minha escrita ao ponto de as conseguir transmitir com a mesma intensidade com que as partilho com as minhas amizades mais íntimas. Será um livro que promete que fiquemos colados ao papel (riso).

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro?
Enquanto por aqui estiver terei sempre uma voz activa por todos aqueles com que se identificam com a minha forma de ver a vida. E juntos podemos encontrar sempre o lado positivo. Assim é a minha escrita, desenhar paisagens através das palavras e partilhá-las com o Mundo.

Descreve-te numa palavra:
Sonhadora (suspiro).