Carla Ramalho é uma jovem autora portuguesa, cuja primeira obra foi publicada sob a chancela da Coolbooks, da Porto Editora, dedicada aos novos autores nacionais.

Pelas Ruas De Uma Cidade Sem Nome é o título da história que li em apenas algumas horas e que me tocou profundamente.

É um livro de poucas páginas, com uma escrita extremamente acessível e cuidada, lírica até. Que prende o leitor logo no primeiro parágrafo.

Gosto muito de descobrir novas obras, sobretudo de autores nacionais, Eles estão a emergir, ainda que lentamente, isso deixa-me muito satisfeita. Precisamos de apoiá-los, dar-lhes o incentivo de que precisam para continuar. 

Na sua narrativa, ela apresenta-nos dois protagonistas muito díspares, e no entanto, mais semelhantes do que parecem. Por um lado, temos a Madalena. Madalena é prostituta e encontra na escrita uma escapatória da sua dolorosa realidade. Por outro lado, temos João. João é escritor, usa a escrita como catarse, e esconde a sua identidade. Ambos carregam o peso de passados que os marcaram terrivelmente, e moldaram para sempre.

Mas quando descobrem, um no outro, o sentido do amor, será este sentimento forte o suficiente para alterar as suas trajetórias e superar as barreiras, aparentemente intransponíveis?

Fiquei estarrecida com a linguagem da autora, pejada de emoção, que nos mostra realidades que muitas vezes, preferimos não ver, ignorar, desvalorizar. Transporta-nos para o mundo destes protagonistas e faz-nos suspirar, sofrer e amar com eles.

É uma história sobre histórias, que nos relembra o quanto é importante, acreditar no amor.


Sobre a autora
Nasceu em Évora, em 1976. Acredita que foi por ter nascido alentejana que lhe veio o gosto pela escrita – a prosa das gentes e a poesia da planície tinham de extravasar. Licenciou-se em Sociologia e trabalha há vários anos na área social. A investigação, a formação profissional e os projetos de desenvolvimento local já a fizeram viajar um pouco pelo país. Até pela Europa. Mas é sempre à escrita que regressa. Nunca deixou de escrever. Para si, acima de tudo. E para os mais chegados que, simpaticamente e sem pensarem muito nas consequências, lhe elogiaram continuamente o jeito. Surge agora o seu primeiro romance.