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O Barqueiro de Claire McFall chegou às livrarias portuguesas graças à edição da ASA. A capa é tentadora e a sinopse aguça-nos a curiosidade. Inspirado no mito grego do Barqueiro de Hades, a autora conseguiu com mestria abordar um tema tão profundo e muitas vezes tabu, a morte, e ainda deliciar-nos com uma história de amor, emocionalmente manipuladora – no bom sentido.

Este livro aprofunda um tema com o qual nos deparamos incontáveis vezes, e sendo eu, uma acérrima crente da vida após a morte, garanto-vos que senti este livro de uma forma real e extremamente intensa.

Em O Barqueiro, acompanhamos Dylan, uma adolescente que nunca teve qualquer contacto com a figura paterna, mas após persuadir a mãe, viaja de comboio ao encontro do pai. O primeiro encontro de muitos, ela assim espera. Contudo, um terrível acidente impede Dylan de chegar ao destino final, e quando desperta, embora acredite que é a única sobrevivente, vem a descobrir que a verdade é que já se encontra do outro lado da vida, pronta para percorrer as Terras Perdidas e iniciar a travessia que a levará para o lugar que lhe está destinado. 

Nesta viagem após a morte, Dylan tem um guia, Tristan, um jovem descrito com um olhar triste cuja missão, por anos que já não consegue contar, é encaminhar as almas para a sua morada final. Mas o amor… Oh! O amor! Esse sentimento tão belo e surreal, junta duas personagens improváveis durante uma caminhada difícil através de um amor impossível. 

A química entre Dylan e Tristan é evidente desde que os mesmos se cruzam pela primeira vez, e faz-nos torcer para que se unam, para que ultrapassem barreiras, para que desafiem a vida e a morte. 

Pois afinal, o que pode ser maior do que a vida e a morte, senão o amor?

A autora tem uma escrita escorreita e acessível. Os capítulos são curtos e mostram-nos o essencial, através de descrições bem estruturadas e diálogos fluídos. Lê-se de uma rajada e deixa-nos com uma sensação tão boa no final… Simplesmente indescritível. 

É um livro que recomendo pelo tema que aborda, mas particularmente, pela mestria com que o mesmo é abordado. 

Haverá uma continuação para fazer as delicias dos leitores, esperemos que seja um sucesso e chegue a Portugal. 

Parabéns à ASA pela aposta e à autora por este romance tão singelo, tão maravilhoso.