Nunca senti que me encaixasse em grupinhos.
Nunca gostei de forçar simpatia ou de mostrar os dentes em excesso só para agradar.
E acho que num mundo descartável, onde as pessoas se assemelham muito a fotocopiadoras, sempre me senti bem por saber que não era igual. Não que me sinta diferente ou superior aos outros, mas nunca precisei mudar o meu eu para cativar quem quer que fosse.
Nos últimos anos, foram mais as pessoas que foram saindo porta fora da minha vida, do que aquelas que entraram. De certo modo, dei por mim a perguntar-me, mas qual é o meu problema afinal?
Mas nunca existiu um problema, apenas me mantive fiel a mim e aos meus princípios. Continuei a acreditar nos meus sonhos e a investir nos meus projetos, ainda que por inúmeras vezes tenha chorado sozinha, desse choro brotou a pessoa que hoje sou.
Não há nada mais bonito do que o amor por nós mesmos!
É como uma religião e deveria ser praticado por todos, sem excepção.
Respeitares-te a ti, antes de respeitar os outros, torna bem mais fácil o processo de respeitar o próximo.
Não precisas de mudar a cor do cabelo, pensar de forma diferente, vestir roupas de marca, ou ouvir determinada música só porque os teus amigos ouvem e acham porreiro.
Tu precisas de acreditar em ti, de cortares o cabelo ao teu jeito e de pensares como um puto de quinze anos ou como um velhote de setenta, o importante é que penses por ti, que escolhas o teu caminho sem intromissão de terceiros, que estejas ciente de que a estrada é lixada na maioria das vezes, mas vale a pena. Não precisas de seguir por atalhos, ou fazer desvios para chegares mais rápido ao teu destino. Tu precisas de vestir as roupas com que te sentes confortável e ouvir blues ou jazz se for a tua vontade. Não precisas fingir que gostas de rock ou aprender a dançar kizomba para convenceres os outros de que até és interessante. Porque tu és bom assim, exatamente como és, como pensas e como sonhas!
Quase todos crescemos com a ideia de que precisamos falar baixo, comer de boca fechada, sorrir para toda a gente e ter um lado inegavelmente perfeito, mas raios me partam, se crescer assim não é um erro!
Tu podes ser o que quiseres, podes perseguir os teus sonhos, e podes cair se fizer parte da trajectória. Podes e deves cair! E não tens que mudar quem és para agradar aos teus amigos ou à sociedade!
Se há alguém na tua vida que precise do máximo respeito, esse alguém és tu!
Então quem é que quer saber, se tiras nota dez a matemática ou se és o melhor escritor do mundo? O importante é o que sentes, se escrever te dá mais prazer do que uma licenciatura em medicina, então escreve. Se a música te inspira mais do que qualquer ciência, então canta, dança, segue o ritmo do teu sonho!
Molda-te a quem te rodeia, mas não mudes! O mundo precisa de ti espontâneo, genuíno, real. O mundo está farto de cópias e de pessoas que esquecem quem são para poderem fazer parte de grupos.
Eu nunca gostei de grupos. E sempre me entendi bem com a minha própria companhia.
Nunca tive dezenas de amigos. E nunca deixei de escrever ou de lutar apenas porque os meus amigos subestimaram o meu sonho e aquilo que sou.
Sou hoje o fruto de um caminho que não escolhi percorrer, mas que ainda assim me levou ao sítio onde pertenço. O lugar onde as estrelas brilham sempre e os sonhos nunca dormem. Deixei-me morrer tantas vezes por medo de enfrentar a estrada, porém, entre tropeços e soluços, a estrada remota levou-me ao lugar onde finalmente pude nascer.
Letícia Brito