Pedro, sê bem-vindo à nossa rubrica Veia de Escritor, na qual promovemos entrevistas inéditas com autores nacionais, e cujo propósito primordial é fazer com que as suas palavras alcancem novos leitores.

Para começarmos, eis a pergunta que se impõe, como é que nasceu o gosto pela escrita?

Uma notícia insólita no jornal despertou-me para história do meu primeiro romance, Tudo Acontece Por Uma Razão. Inicialmente, escrevi sem ter a intenção de concretizar aquela narrativa num livro. Mas as críticas positivas e entusiasmadas que fui recebendo ao longo do processo deram-me a confiança de avançar para a edição. Foi um sucesso, esgotou a primeira edição. 

Hoje em dia a escrita faz parte de mim. Acabei de lançar o meu quarto romance, Sem Nada A Perder, e sei que independentemente de editar ou não vou continuar a escrever… 


A sua atividade profissional exerce alguma influência sobre o seu trabalho literário?

Não, nenhuma influência. Julgo que a inspiração de qualquer escritor é a vida em si. Uma vez que sou professor, obviamente tenho vivências que me permitem estar mais à vontade para criar enredos à volta do mundo juvenil mas na verdade raramente aproveito essa facilidade. A minha narrativa viaja livre por qualquer parte deste mundo, presente ou passado.


Há a tendência para se acreditar que um escritor escreve sobre si, o que, na maioria das vezes, não é verdade, portanto, eis a questão: a sua escrita é meramente ficcional ou de algum modo inspirada nas suas vivências, ou naqueles que a rodeiam?

Como respondi na questão anterior a vida inspira-me. Os bons e maus momentos, as boas e as más pessoas, aquilo que observo e avalio no comportamento dos outros. São os momentos que vivo e as pessoas que se cruza comigo que moldam a realidade alternativa que crio. 

Julgo que a minha imaginação é a minha maior arma, enquanto autor. Por isso não a acorrento ou crio limitações. Deixo que ela vaguei livremente por todos os caminhos que ela desejar ir. Se ela me levar a uma mina clandestina no Alentejo profundo, onde as pessoas são tratadas desumanamente e aí nasce uma bela história de amor, então vamos a isso!


Sem Nada a Perder é o seu quarto livro. Como surgiu o ímpeto de escrever este livro e de o partilhar com o público?

Sem Nada A Perder é, provavelmente, a minha maior aposta no mundo literário, até à presente data. Trata-se de um thriller romântico, com doses generosas de acção e suspense. A narrativa flui entre a vida de três personagens principais. 

Que ligação poderá existir entre o maior goleador português de futebol da actualidade, um padre polémico e desacreditado por ceder publicamente e sem pudores aos prazeres terrenos e uma sem abrigo, arrastada para uma vida de escravidão numa mina ilegal no Alentejo? Este é o mote do livro.


E o processo de escrita desta obra, como correu? Pode partilhar connosco um pouco sobre essa experiência?

Há sempre uma ideia base que me ocorre e me conduz ao desenvolvimento da narrativa. Neste caso foram três ideias de raiz que me levaram a escrever este romance, interceptando a história de três personagens que aparentemente nada têm a ver uns com os outros. Não tenho um processo de escrita pré-concebido. Tenho uma ideia, imagino as personagens e depois dou-lhes vida. No papel, claro!


Quais são os seus projetos para o futuro? Os leitores poderão contar com novas obras e dentro do mesmo registo ou prepara algum desafio?

Espero continuar a escrever e a criar estas histórias mirabolantes, que me assombram a alma. Quanto a projectos futuros tenho apenas um: ser feliz. Neste mundo insano em que habitamos, penso que a decisão mais sensata que podemos tomar é fazer sempre o nosso melhor por nós e por quem amamos mas sem levar isto demasiado a sério…


Qual a mensagem que gostaria de partilhar com quem nos está a ler?

Só se vive o tempo em que se ama…