Alison, sê bem-vinda a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como é que te iniciaste na escrita? Desde a escola que tenho um gosto especial pela escrita, talvez isso explica um pouco o porquê de gostar muito das aulas de Português e de Filosofia. Foi no final de 2016 que comecei a escrever o meu primeiro conto infantil, Mara, a menina de boca doce cujo objetivo é trabalhar a educação alimentar nos mais pequeninos. Foi a oportunidade de eu misturar as minhas duas paixões: escrita e nutrição.

São inúmeros os sentimentos que nascem no âmago do escritor. Quais aqueles com que mais te identificas? Se tivesse que escolher dois sentimentos quando penso na escrita seriam: diversão e paixão. Sou uma fã incurável do sentido de humor pelo que procuro incluí-lo na minha escrita, das diversas formas.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa? Acredito que a escrita para mim é também um «refúgio». A escrita e a leitura são para mim «terapias naturais para alma». A escrita claramente me tornou uma pessoa mais criativa e comunicativa.

E enquanto escritora, o que tens aprendido? Que cada história nos transmite mensagens, viagens, sonhos, curiosidades, descobertas… Que acabam por ser ferramentas fundamentais para a nossa aprendizagem e evolução como pessoas. E isso é incrível!

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso? Hum… Talvez um passatempo necessário? :p 

És licenciada em Ciências da Nutrição, pela Universidade do Porto. Esta área teve alguma influência na tua escrita? Sim. Atualmente sou Nutricionista e a nutrição permite-me conciliar as várias áreas pelas quais sou apaixonada: escrita, comunicação [através da rádio, de palestras], investigação [todos os dias surgem novas evidências científicas sobre a alimentação] e a educação, principalmente dirigida ao público infantil. Desde que sou nutricionista que estou muito mais envolvida na escrita, principalmente de artigos de nutrição.

Apesar da formação na área da nutrição, dedicas-te a trabalhar com comunicação. Os projetos em que estás envolvida unem estas duas áreas. Podes falar-nos sobre eles? Atualmente participo na rubrica semanal “Somos o que comemos” da Antena 1 Madeira em que abordamos os vários temas do mundo da alimentação. Todos os programas estão disponíveis no RTP Play: https://www.rtp.pt/play/p5678/somos-o-que-comemos. O programa de televisão Madeira Viva, da RTP Madeira tem uma rubrica de nutrição que passa todas as semanas, à sexta-feira da qual costumo participar juntamente com outros colegas nutricionistas. Sou colaboradora mensal na revista Saber Madeira, com artigos de nutrição. Para além disso, exerço funções no Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM, E.P.E) em que não só estou envolvida na nutrição clínica, através da consulta de nutrição nos cuidados primários (centros de saúde) como também na nutrição comunitária, através de ações de formação e de sensibilização para a comunidade (desde escolas, centros comunitários entre outros).

Escreves para alguns jornais e revistas. É fácil conciliar este trabalho com a escrita dos teus livros ou requer algum esforço e empenho? Eu acredito que organizamos a nossa vida tendo como base as nossas prioridades. A escrita está no meu «top 5» das prioridades pelo que tenho conseguido conciliar as minhas paixões.

Publicaste recentemente, «Mara, a Menina de Boca Doce», um livro para o público mais pequeno. De que nos fala este título? Fala-nos de uma personagem, a menina Mara, que adorava tudo o que era doce: bolos, chocolates, gomas, sumos e refrigerantes (daí o nome boca doce), que descobre com a Nutricionista do avô Zé o maravilhoso mundo da alimentação saudável, ficando a conhecer os grandes amigos da nossa alimentação: os amigos hortícolas, a fruta e as leguminosas. Para além disso, esta menina de boca doce aprende 5 formas para praticar atividade física no seu dia-a-dia pois sabemos que o sedentarismo é uma realidade nas nossas crianças.

O que te motivou a escrever esta nova obra? A dificuldade que temos de transmitir os conceitos de uma alimentação saudável aos mais pequeninos. Esta dificuldade faz com que os pais e encarregados de educação optem por produtos alimentares que são ricos em açúcar, gordura e sal, os conhecidos “grandes vilões” da nossa saúde. Falamos dos cereais de pequeno-almoço, bolachas, barritas, sumos… Que fazem parte da alimentação das nossas crianças e que muitas vezes são “camuflados” como sendo fontes de minerais e vitaminas fundamentais para o seu desenvolvimento mas que em boa verdade, o seu elevado teor em açúcar acaba por não compensar. A verdade é que, existem inúmeras famílias que quer pela sua capacidade financeira quer pela falta de conhecimentos suficientes não conseguem oferecer uma alimentação mais equilibrada aos seus filhos. Ciente de que é mais fácil aprender os conceitos de uma alimentação saudável através de uma história do que simplesmente ouvir: “tens que comer fruta porque faz bem à saúde!”, é que surgiu a ideia de escrever um conto infantil com o intuito de abordar a educação alimentar nos mais novos de uma forma apelativa. Na minha perspetiva, é muito importante investirmos na educação alimentar dos mais pequenos por dois principais motivos: é mais fácil educar uma criança do que “consertar” um adulto e ao trabalharmos com as crianças de certo modo acabamos por intervir também nos adultos, pois envolvemos indiretamente todo o agregado familiar.

Como têm reagido os leitores face ao teu trabalho? O feedback tem sido muito positivo! Tenho recebido vários convites para sessões de apresentação da Mara mas infelizmente têm estado em stand by dada a situação atual da pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado? O principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry por todas as aprendizagens que nos transmite de forma tão emotiva. Todos deviam ler, principalmente os adultos 

Se tivesses de escrever num género diferente, a qual desafio te proporias? Um thriller!

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro? Podem esperar uma Alison determinada em conciliar a nutrição com a escrita seja através de artigos seja através de histórias.

Descreve-te numa palavra: Surpresa! 

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