«Escrever(nus)» é a primeira obra literária do autor, Carlos Norte, que se assume um eterno perseguidor de sonhos. Esta é uma obra para ler e saborear, que deve ser degustada lentamente, como todas as boas obras assim o exigem.

Carlos Norte escreve com alma, é possível sentir as suas emoções, lê-lo é ler um coração feroz, corajoso, que ambiciona sempre mais. E, confesso, assim também me senti durante a sua leitura.

O autor tem um registo muito próprio, brinca com as palavras, não se coíbe de fazer pequenos «trocadilhos», que se tornam poderosos para o leitor. «Trocadilhos» com mensagens irreverentes e pejadas de emoção e sentimentos aos quais não conseguimos ficar indiferentes.

Nesta obra são apresentadas duas personagens: Mahina e Odin. Mahina, uma mulher de garra, de vida e de sonhos, mas sofrida [Florbela Espanca]. Odin, um homem simples, com uma personalidade rígida e focada [Fernando Pessoa]. Estas personagens dão voz aos diversos textos que compõem esta obra, de forma intercalada. Assim, vamos conhecendo os sentimentos de Mahina, as suas visões e perspetivas, e claro, também os de Odin.

O modo como o autor usou estas personagens para chegar ao leitor, é o que torna a sua leitura tão interessante e agradável. A sua escrita é simples e fluída, tornando-se acessível a todos os leitores, o que, por si só, é ótimo para a obra. Ao autor, Carlos Norte - que escreve sob pseudónimo - resta-me parabenizar por este desafio, fazendo votos de que prossiga o seu incrível trabalho.