Ana, sê bem-vinda a este espaço. É um gosto poder conhecer-te melhor e apresentar-te aos seguidores deste espaço, para começar: Como é que te iniciaste na escrita?
Antes de mais, agradeço imenso a oportunidade e o convite!
A escrita, para mim, surgiu muito cedo e de forma muito natural. Desde pequena que gosto de ler, devoro livros, e creio que tudo começou com as composições das aulas de Língua Portuguesa. Recebia sempre rasgados elogios e pediam-me que as lesse em voz alta para a turma. Isso foi aumentando a minha confiança e o meu gosto, fui escrevendo cada vez mais sobre variados temas, participei em algumas antologias da editora Lua de Marfim, e por fim criei o blogue.

Qual o sentimento que te domina quando escreves?
Quando escrevo sinto-me livre e leve. Livre porque com as minhas palavras tenho o poder de fazer o que quiser, e leve porque sinto-me fora do espaço em que me encontro, fora de mim até, e foco-me apenas naquilo, sem dar pelo tempo passar. 
A escrita não é para mim uma terapia, como é para muitas pessoas, mas sim um grito e uma chamada de atenção. Escrever para mim é despertar, agir, mudar.

O que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
Quando escrevo torno-me mais atenta, mais observadora, e consequentemente uma pessoa melhor. A escrita levou-me a olhar mais para dentro do outro, a tentar perceber as suas motivações e reações para lá do supérfluo. Levou-me a tentar entender primeiro. Tornou-me melhor ouvinte. E faz-me, todos os dias, feliz.

E enquanto escritora, o que tens aprendido?
A escrita ensina-nos muito, de facto. A mim ensinou-me que uma simples palavra tem o poder de fazer bem e/ou mal, dependendo da forma como a empregamos. Aprendi que através da escrita podemos realmente fazer a diferença, mas também podemos magoar seriamente alguém. Aprendi que numa época em que toda a gente esconde a cara nos seus smartphones, a escrita é uma arte que resiste e que nos mostra que há mais para além do visível aos olhos. A escrita pode e muda tudo.

Como definirias a escrita na tua vida: um passatempo, uma necessidade ou um acaso?
A escrita na minha vida é um acaso. Se eu não tivesse uma paixão enorme pelos livros e não fosse uma leitora tão ávida, provavelmente não seria escritora hoje. Se os meus professores, amigos e familiares não me tivessem encorajado, não teria sequer escrito nada para além das composições escolares obrigatórias. E se a vida e o amor não me inspirassem tanto, não seria certamente capaz de escrever como escrevo.
Por isso, a escrita é sem dúvida dos acasos mais bonitos da minha vida.

Licenciaste-te em Línguas Aplicadas e estás agora a fazer um Mestrado em Tradução Especializada. Esta formação tem algum impacto na tua escrita?
Não necessariamente. As áreas académicas nas quais ingressei trouxeram-me outros conhecimentos e permitiram-me adquirir e desenvolver novas capacidades. Tive de ser uma leitora ainda mais ávida e consequentemente uma escritora melhor e mais ‘gramaticalmente correta’. No entanto, pouco ou nada influenciaram o meu estilo de escrita ou os conteúdos sobre os quais escrevo. No mínimo, tornaram-me numa escritora mais informada.

Qual o género literário que eleges para a tua escrita?
Gosto de escrever como sinto. Tanto escrevo textos bem estruturados e que seguem todas as regras sintáticas e gramaticais, como noutro dia escrevo textos totalmente em minúscula, sem vírgulas e com frases que terminam abruptamente. A escrita para mim é uma questão de sentimento e inspiração, por isso tudo depende do meu ‘estado de sentir’ no momento em que escrevo.

Fonte: Ana Isabel Fonseca - Escritora / COMPRAR LIVRO
Publicaste o teu primeiro livro em outubro de 2019, “Balanço Instável do Coração”. Podes falar-nos um pouco sobre este livro?
O “Balanço Instável do Coração” é um livro de crónicas, que curiosamente não é um género literário que eu aprecie enquanto leitora. No entanto, pensei ser uma excelente forma de começar e de me dar a conhecer aos leitores!
O livro é composto por vários textos sobre temas diferentes, sem ligação entre eles. O fio condutor é, sem dúvida, o amor, mas também abordo temas menos felizes como a violência doméstica e a morte. 
São textos de reflexão, sendo alguns autobiográficos e outros inspirados em terceiros. Saber qual é qual é que é o verdadeiro mistério…

O que te motivou a escrevê-lo?
Foi outro acaso!
Eu já tinha o blogue há algum tempo, e certa vez encontrei no Facebook um anúncio da editora Cordel D’ Prata que dizia “Envie-nos o seu livro!”. 
Não perdi tempo: compilei todos os textos que tinha, enviei, e dois dias depois tinha uma resposta positiva! 
Não comecei o blogue e não escrevi nenhum dos textos com o objetivo de os transformar num livro, mas escrever um livro sempre foi o meu maior sonho, e finalmente concretizei-o!

Como foi a reação dos leitores face a esse projeto?
O feedback tem sido muito positivo. Escrevo de uma forma demasiado realista, o que permite que as pessoas se identifiquem com as minhas palavras. É um livro que faz pensar, e é isso que faz falta às pessoas nos dias de hoje: parar, pensar, sentir. Creio que por isso tem tocado tantos corações, cada um no seu balanço!

Já participaste em algumas antologias, incluindo na antologia “Somos mais do que histórias II”, da editora Cordel D’ Prata. Como correu a experiência?
Foi uma experiência fantástica, e uma vez mais um acaso! 
Vi o anúncio, já tinha um texto mais ou menos redigido que só tive de adaptar e enviar, e consegui! O meu percurso na escrita tem sido pautado por muitos acasos felizes, e sem dúvida por alguma sorte!

Se só pudesses ler apenas um único livro para o resto da tua vida, qual seria o privilegiado?
É uma pergunta difícil…mas creio que o escolhido seria “O Conde de Monte Cristo”, de Alexandre Dumas. É o meu livro favorito, uma história fantástica sobre traição, vingança e perdão, e das escritas mais bonitas que tive o privilégio de ler.

Se tivesses de escrever num género diferente do teu registo atual, a qual desafio te proporias?
Sem dúvida, thriller policial! Sempre fui apaixonada por esse género e durante vários anos era o meu favorito enquanto leitora, e sempre pensei que seria um desafio enorme e dificílimo para mim, que tenho tendência para o romance!
Mas quem sabe? Não tenho medo de abraçar novos desafios, pois é isso que nos faz crescer e evoluir enquanto seres humanos e, no meu caso, enquanto escritora.

O que é que os leitores podem esperar de ti para o futuro?
Os meus queridos leitores podem esperar muitas surpresas e novidades, e um novo livro para breve! Já estou a trabalhar nisso com todo o amor e dedicação.

Descreve-te numa palavra:
Apaixonada.