Diogo Simões |
Diogo Simões é um jovem escritor português, natural de Leiria. Tem 21
anos, está atualmente no 2º ano de Serviço Social e ambiciosa
seguir Psicologia; a sua grande paixão. No entanto e apesar do tempo
escasso devido aos estudos, é apaixonado pela escrita e foi
precisamente no meio dos estudos que escreveu a sua primeira obra, O Bater do Coração, em 2012,
publicada a 7 de Junho de 2014.
Parte
do seu tempo livre é dedicado a exercitar a imaginação com novas
histórias, e também com outros gostos pessoais, como ler e ver
séries/filmes. No Inverno, fá-lo acompanhado pelo som da chuva (o
Inverno era a sua paixão secreta, porém, não tão secreta agora,
que a partilhou nesta entrevista).
✍ Como
te iniciaste na escrita?
A
escrita apareceu na minha vida bastante cedo… Era eu um mero aluno
do 5º/6º ano quando começava já a imaginar histórias e a
escrevê-las. Lembro que na altura depois não tinha grande paciência
para as continuar, pelo que ficavam sempre nos seus estágios
iniciais, mas foi então em 2009 que tudo começou. Foi um ano depois
de ter saído o famoso jogo de simulação Sims
3. Estava maravilhado com as
histórias que podia criar no jogo, e pensei: e
se eu começar a escrever essas histórias?
E foi assim que fiz. Rapidamente comecei a congeminar com a minha
cabeça o que poderia fazer e, foi então a janeiro de 2010 que
estreei a série Traição,
juntando à escrita, algumas imagens que eram tiradas por mim no
jogo. Como se fosse uma história ilustrada online. Tinha 29º
capítulos e um blogue dedicado a ela, bem como trailers
para os leitores saberem o que esperar. E foi assim que comecei.
Depois nem conseguia parar. Foram histórias atrás de histórias.
Desde o romance, até ao fantástico e policial. Foram mais de 9
séries criadas, 8 blogues projetados, trailers,
capítulos, temporadas e até finais alternativos. Só consegui parar
em 2012 por o tempo que tinha tornar-se cada vez mais curto. Como
devem imaginar, criar tudo isto, era algo bastante trabalhoso, apesar
de ser feito com gosto… Mas foi em 2012 que consegui arranjar
tempo, coragem e inspiração para escrever o meu livro: O
Bater do Coração, que viria
a ser publicado em 2014.
✍ Ficcionas
aquilo que escreves ou os teus escritos tem também conotação
pessoal?
Acho
que é das perguntas que mais encontro. Ainda hoje muita gente pensa
que as personagens d´O Bater do Coração existem, mas não. São
completamente tiradas da minha imaginação, criadas desde raiz. É
quase como se fossem meus filhos. Contudo, isto não quer dizer que
não use parte das minhas experiências pessoais ou algumas
características de pessoas que me rodeiam nas histórias, para dar
algum realismo ou “profundidade” à história, mas é só mesmo
1% dessas vivências pessoais que uso. Acho que a literatura é ótima
para fugirmos à realidade, por isso, porque não criar algo que não
é real?
✍ O
que é que a escrita mudou em ti, enquanto pessoa?
Como a
escrita foi algo que surgiu mesmo no início do meu desenvolvimento,
acho que acabou por ficar tão entranhada em mim que me moldou por
completo. Já li diversos artigos dos diversos benefícios da leitura
e da escrita, e muitos podem achar disparatado o que dizem esses
artigos, mas posso dizer que acabei por me tornar uma pessoa mais
calma, que observa atentamente tudo o que acontece à minha volta.
Acabo por ser extremamente curioso sobre tudo. Noto também que me
ajuda a perceber os pontos de vista das pessoas, a pôr-me melhor no
lugar delas. Claro que são coisas que depois vão “melhorando” à
medida que vou crescendo, mas acho que é das coisas que mais me
“mudou”. Acabo por ser mais tolerante. Algo influenciado pela
criação das minhas personagens, especialmente quando escrevo na
primeira pessoa e em diversos pontos de vista.
✍ A
tua página no Facebook tem sido fundamental na divulgação do teu
trabalho? Que outras plataformas utilizas para que os teus trabalhos
estejam em constante contato com o público?
Sim, a
página do Facebook é fantástica pois facilita muito mais a
interação com os leitores e saber assim o que eles acham da obra
publicada ou até mesmo contar-lhe as mais recentes novidades.
Mantenho assim duas páginas no Facebook, a de autor, e a do livro,
que me vão ajudando nesta jornada. Costumo claro, utilizar o meu
blogue. Quase tudo o que está na página do Facebook, podem
encontrar no meu blogue, ou até mesmo na rede social Twitter, que
utilizo para partilhar coisas rápidas. Contudo, não me posso
esquecer da rede social dos livrólicos e escritores: a rede
Goodreads. Tenho lá os meus livros registados e tenho acesso à
classificação que os leitores dão, as reviews que fazem, e também
os livros que ando a ler.
✍ O
feedback é positivo? Como encaras as criticas?
Tem
sido bastante positivo e não podia estar mais contente. Eu adoro
críticas, e se forem bem fundamentas, permite-me perceber da melhor
maneira a perspetiva do leitor. Das coisas que os leitores mais me
dizem é que me “odeiam” por os ter feito chorar, ou que adoraram
por a história estar sempre a mudar. Não ser propriamente “fixa”.
E foi até com esse feedback que me apercebi que essa
“característica” era quase como uma marca minha. O facto de
tentar surpreender o leitor. E é também com as críticas que
percebo o que os leitores gostavam de ter lido, ver as ideias que
fomentei aquando da leitura. Lembro-me de particularmente uma, em que
o leitor gostava de ter lido mais sobre uma certa personagem. Foi uma
coisa que me “mordeu” tanto a imaginação que comecei a escrever
sobre essa personagem logo após a publicação da obra. Ou seja, o
que quero dizer é, quaisquer que sejam as críticas, boas ou más,
fundamentas ou não, elas são tudo para o autor, até porque é
também com elas que o autor aprende. Especialmente na escrita, em
que se aprende cada vez que acabamos um projeto. As nossas
experiências irão sempre enriquecer-nos e, com isso, criar
histórias cada vez mais ricas.
✍ Quais
os temas que gostas de abordar quando escreves?
Tendo
em conta que é tudo ficcionado, procuro por abordar um bocadinho de
todos, ou seja, usar a sociedade moderna como meu cenário. Quer
acontecimentos históricos, algumas doenças, as diferentes opções
sexuais, ou até mesmo as diferentes filosofias de vida. É
importante sempre sabermos ver o lugar dos outros, e não podia haver
melhores temáticas que estas.
✍ Tens
hábitos de leitura? Consideras importante ler para escrever bem?
A
leitura é, sem dúvida, algo que nunca iria conseguir abdicar, e
algo que considero da extrema importância para nós escritores.
Resumindo: adoro ler! Já tive alturas em que “devorava” livros,
especialmente nas férias de verão em que em 15 dias eram logo 5
livros que lia, agora procuro ler imenso, claro, mas ao mesmo tempo
apreciar aquilo que estou a ler. A maneira como um diálogo está
elaborado, ou uma descrição. O adjetivo usado para descrever uma
determinada “coisa”. É mesmo importante, e é igualmente
importante não nos fixarmos num só género, mas em diversos.
Ficamos mais “ricos” interiormente.
✍ Que
livros recomendarias?
Uma
pergunta difícil por ser praticamente impossível para mim escolher
os meus livros favoritos, mas vamos a isto… Para aqueles que querem
entrar no mundo da fantasia, é impossível não falar em Harry
Potter. É ótimo, não só
para se perceber melhor da escrita em terceira pessoa, ou da
capacidade em se organizar uma história em diversos volumes, mas
para nos ajudar a estimular a imaginação. Os meus favoritos, apesar
do fanatismo pelo mundo criado pela J.K. Rowling, são os livros da
Cassandra Clare, também de literatura fantástica, e são compostos
pelos seis livros da série Os
Instrumentos Mortais (que
agora foi adaptado para série televisiva) e a trilogia As
Peças Infernais. Outro género
que acho também maravilhoso é o thriller e policial pela mistura do
drama, romance, e suspense que existe. Os últimos que li foram: Um,
Dó, Li, Tá (policial, e este
mês saiu o 4º - são histórias separadas mas com os mesmos
protagonistas), Segunda Vida
(thriller) e Antes de Adormecer
(thriller, e do mesmo autor do livro anterior, tendo sido adaptado no
ano passado para o cinema). Tenho sempre a minha página no
Goodreads, que pode ajudar para quem procura novas leituras.
O Bater do Coração |
✍ Já
tens obras publicadas. O que gostarias de partilhar sobre elas?
Que
sou apaixonado pelo meu “filho”. A minha obra. Confesso que se
fosse hoje, mudava uma carrada de coisas, mas ao mesmo tempo acho
importante respeitar o que sentia na altura em que desenvolvia a
obra, e aquilo que, naquela altura, eram as minhas aprendizagens. Mas
adoro e acho que se procuram por um romance/drama que seja leve e
cheio de reviravoltas, escrito em primeira pessoa, O
Bater do Coração é uma
hipótese a ser fortemente considerada…
✍ Estás
a preparar a tua próxima obra. Quais as tuas perspectivas? O que vais
abordar?
Estou
a preparar e estou ansioso em a partilhar. É algo bastante
psicológico e com bastante drama, com as suas pitadas de romance, em
que, tento e espero, que leve o leitor a pensar na importância das
nossas memórias, em como elas nos moldam e “contam” quem nós
somos. Basicamente é um rapaz que perde a memória de um grande
período de tempo da sua vida, e vê-se envolvido em dois grandes
mistérios e bastante complicados, que vão conduzir depois toda a
trama. Quem já teve a oportunidade de ler o manuscrito gostou,
chorou e conseguiu pensar em coisas que julgavam já enterradas.
Estou realmente ansioso.
✍ Achas
que os jovens atribuem o devido valor à escrita e à leitura?
Infelizmente
acho que não. A falta de interesse acaba por ser o que mais vejo,
quer pela falta de motivação no seio familiar, quer mesmo pelos
livros do plano nacional de leitura que, acredito que de alguma
maneira, possam assustar e afastar os jovens da leitura. Contudo,
conheci recentemente uma iniciativa em que a professora de Língua
Portuguesa dá no início da sua aula 10 minutos para que os seus
alunos leiam alguma coisa, quer seja um livro de casa, ou um texto do
próprio manual da disciplina. E o que ela observou? Que eles adoram
e trazem até cada vez mais livros de casa, resultando este tempo
também, num espaço em que eles podem acalmar da algazarra de mais
um dia de escola. Adorei a ideia e penso que seria realmente bom ver
projetos destes a acontecer mais pelas escolas de todo o país. Acho
que todos temos interesse na leitura e escrita, só precisamos de ser
corretamente estimulados.
✍ Além
da escrita, que outras paixões nutres, que te completam enquanto
pessoa?
Sem
dúvida que, para além da escrita e da paixão por ler, não consigo
passar sem ver séries e filmes, que nutrem não só a mim, mas
também a minha imaginação, o que vai resultar em livros mais
ricos. Adoro também a fotografia, a história que ela me dá, e de
ouvir música. O meu dia começa sempre com música. Contudo, não
posso deixar de esquecer os meus amigos e familiares, sem dúvida que
sem eles, nada me completava.
✍ Que
mensagem gostarias de passar aos teus seguidores?
Que
não desistam dos vossos sonhos. Que não deixem que o medo
interfira. Que façam do medo o vosso amigo! E tudo é possível, nem
sempre é fácil, mas se soubermos aliar-nos ao medo, e soubermos
aceitar a ajuda daqueles que nos estendem as mãos, conseguimos tudo!
✍ Quais
os teus objetivos enquanto escritor?
Acho
que é ter mais das experiências que tive na Feira do Livro em
Leiria, em que via as pessoas pegar no meu livro, ler a contracapa, e
rapidamente irem ler mais no interior. Foi fantástico ver as
reações. Ou seja, quero ser capaz de conseguir partilhar o
turbilhão de histórias que tenho, e de o fazer bem, com os leitores
do meu país.
✍ O
que dizem os teus olhos?
Os
meus olhos mostram-se cansados, mas felizes. Desejosos de conhecer
mais deste mundo! E, sobretudo, que estarei sempre a olhar pelos que
me são mais chegados. Adoro-os! E agora, mais
pessoalmente: e a ti também, leitor. Obrigado por ai estares, a
acompanhar esta minha jornada…
Um agradecimento especial ao Diogo, pois foi a partir das conversas que travámos, que surgiu esta rubrica!
Podes conhecer melhor o trabalho do autor:
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