Américo, seja bem-vindo à nossa rubrica Veia de Escritor, na qual promovemos entrevistas inéditas com autores nacionais, e cujo propósito primordial é fazer com que as suas palavras alcancem novos leitores.
Para começarmos, eis a pergunta que se impõe, como é que nasceu o gosto pela escrita?
Aprendi a ler muito tarde devido a traumas de infância, e talvez por isso, quando comecei a ler e a ouvir rádio, imaginei as pessoas por trás de um microfone a lerem o que outros escreviam, e daí surgiu também o meu gosto pela escrita, mais ou menos por volta dos meus 15 anos.
Sabemos que foi tripulante e voluntário de um navio. Esta realidade teve algum impacto na sua escrita?
Ser voluntário e tripulante de um navio, que era considerada a maior biblioteca flutuante do mundo, transportando nos seus porões 350 toneladas de livros, foi também uma oportunidade de aprendizagem onde as fotos e as letras me inspiraram, assim como ler testemunhos de pessoas que estavam a bordo que potenciaram o meu gosto pela escrita.
Há a tendência para se acreditar que um escritor escreve sobre si, o que, na maioria das vezes, não é verdade. No entanto, a sua escrita é meramente ficcional ou inspirada nas suas vivências?
Cada um de nós tem episódios vividos que podem ser inspiradores para outros e embora achando que um escritor não escreve apenas sobre si próprio, e o meu segundo livro, é o exemplo de que não escrevo apenas sobre mim, mas o que escrevo é uma forma de dar um pouco de mim a outros, independentemente de ser ou não ficção, sendo que o 1º e 4º livros, foram inspirados na minha vivência.
Publicou em setembro de 2021, o seu livro Solidariedade na Montanha. Pode falar-nos um pouco sobre este título?
Solidariedade na Montanha faz sentido numa altura em que as mudanças sociais tem tornado as pessoas cada vez mais egoístas e por vezes arranjam montanhas de desculpas para não colocarem em prática este gesto tão nobre.
Como surgiu a ideia para a escrita desta obra?
Em 25 de Dezembro de 1979, viajei para a Cidade de Lausanne na Suíça. A residir em Lisboa, eu não consegui a totalidade do dinheiro para suportar o custo da viagem e estadia. Precisamente no dia 25 de dezembro, telefonei para a senhora que era a secretaria em Portugal da organização, dizendo que não tinha a totalidade do valor em causa, ao que a mesma me respondeu: Não te preocupes que uma amiga Suíça colocou o dinheiro por ti.
Pode partilhar connosco um pouco sobre essa experiência?
Viajava entre Portugal e Alemanha para participar como Service Team, num evento com crianças e adolescentes, em França verifiquei a existência de uma seta que dizia Lausanne, e esse foi o motivo de inspiração para escrever o livro Solidariedade na Montanha, tendo com pano de fundo uma família suíça que que vivia em Portugal.
Quais são os seus projetos para o futuro? Os leitores poderão contar com novas obras e dentro do mesmo registo ou prepara algum desafio?
Estou já a escrever o rascunho do meu 5ºtrabalho literário que dá uma ideia das dificuldades da vida no campo e na cidade, na minha visão pessoal
Qual a mensagem que gostaria de partilhar com quem nos está a ler?
Todos nós temos história para contar, umas com mais, outras com menor dificuldade de momentos vividos ao longo das nossas vidas, mas não são os acontecimentos que nos deprimem, mas a forma como reagimos a eles, onde o nosso gasto mais dispendioso é o tempo, por isso não devemos perder tempo a pensar em coisas negativas, mas procurarmos extrair das mesmas, aspetos positivos, porque se a vida é comparada a uma estrada, temos que admitir a existência de subidas e descidas.
0 Comentários