Os Filhos da Droga (COMPRAR) é uma obra que foi editada pela primeira vez em 1978, de Christiane F., na altura, uma adolescente de 15 anos, e publicada em Portugal sob a chancela da Editorial Bizâncio.
Este livro faz parte do Plano Nacional de Leitura e é quase um ultraje da minha parte só o ler agora, porém, acredito que tudo tem uma razão e que alguns livros chegam até nós no momento certo.
Os Filhos da Droga é um relato em primeira pessoa de Christiane F. sobre a sua experiência com a droga desde os doze anos, altura em que fumou o primeiro charro e começou a consumir drogas mais "leves", como haxixe, por exemplo. É um relato de como o mundo das drogas a levou à decadência ao iniciar-se no consumo de LSD, injetando-se, posteriormente, com heroína, e fazendo-a passar inclusive pela prostituição infantil de modo a poder manter o vício.
Se a sua história é surpreendente, mas ainda se torna pelo facto de sabermos que Christiane era apenas uma criança quando foi sugada para este mundo, perdendo a sua identidade.
O relato é impressionante, pejado de emoção, marcado por uma narrativa fluída, por uma linguagem cativante e despojada, sem clichés ou floreados. Através da própria Christiane temos uma clara visão do mundo da droga e das suas consequências, e acredito que seja fundamental que todos os jovens leiam esta obra.
É certo que o meio onde Christiane se inseria contribuiu para que se desviasse do caminho correto, é certo que muitas vezes apenas queremos ser aceites pelos outros, queremos encaixar-nos no ideal dos grupos que nos rodeiam, ser mais como fulano ou sicrano e menos como nós mesmos, mas qual será afinal o caminho correto, quando tudo nos parece desprovido de vida e de certezas?
Este é um livro magnifico, que prende o leitor da primeira à última página, não nos permitindo sequer descansar. É um livro que nos transporta de uma forma crua para uma realidade atroz e cruel, uma realidade que, na maioria das vezes, ignoramos, seja por medo ou por impotência.
Gostei, acima de tudo, da linguagem da autora, com a qual muito me identifiquei, por ser simples, direta, sem filtros, por despir a verdade das suas máscaras, mostrando-a tal como ela é, levando o leitor a refletir sobre ela e a enfrentá-la.
Sem dúvida, um dos melhores livros de sempre e uma das leituras preferidas deste ano!
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